Fala, Dr. X!
É... O coração véio de guerra já está saindo pela boca.
Hoje é um daqueles dias em que o relógio parece ter acabado a pilha. O tempo não passa, a hora não chega. Você já olhou 38 vezes para o relógio, mas o fim do expediente ou da aula, nunca chega. Isso dá até nome de filme: 21h50 - A Hora que Nunca Chega.
Você já está se imaginando chegando no Couto Pereira. Aquela garoinha fina e você pensando: "Dane-se a garoinha. Hoje pode chover canivete que eu vou entrar neste estádio e gritar COXA com a minha alma!".
Já dentro do estádio, você escolhe o seu lugar, e fica sentado esperando a massa alviverde chegar. Chega um, dois, vinte, trezentos torcedores. A arquibancada começa a ficar cheia e o burburinho começa a aumentar. Você começa a ficar inquieto e já começa a balançar uma perna e bater o pé no chão. Uma mistura de nervosismo com frio, você começa a cantarolar internamente o "vamos, vamos meu verdão" e vai batendo os pés no chão e esfregando uma mão contra a outra. Olha de novo no relógio e novamente a sensação dele ter quebrado ou a pilha ter ido pro espaço.
Muito sofrimento. Agora você já está de pé. Olhando ao redor, procurando os amigos que ainda não chegaram, procurando algo para se distrair enquanto o jogo não começa. Mesmo com o frio, você começa a suar, a mão fica molhada, a garganta seca e nem o rádio pode te distrair, pois está passando a Voz do Brasil. Refri! É isso! Você vai comprar um refri e uma pipoca. Assim, talvez você contando as pipocas dentro do pacote, o tempo passe mais rápido.
A torcida continua chegando. O Couto vai ficando cada vez mais cheio. A faixa da torcida já está lá e o espaço da bateria já está delimitado. O Camisão já está no terceiro anel e todos ao seu redor estão tão nervosos quanto você. Chega a bateria. O coração dispara. Vocês sabe que a hora está chegando e que o seu relógio continua mentindo para você. A torcida adversária, que acaba de chegar se agita e você, assim como todo mundo ao seu lado, fica indignado e os xinga com tanta força que chega a lhe faltar o ar. "Onde já se viu, chegar na minha casa fazendo bagunça?". Muito indignado, você puxa o primeiro coro: "Cooooooxaaaaa! Cooooooxaaaaa!". As pessoas ao seu lado, contagiam-se e todo o Couto Pereira canta junto, calando a pequena bagunça dos adversários. Você sorri aliviado. E logo pensa: "Daqui a pouco, quando o time entrar, quero vê-los calando o adversário como nós fizemos agora".
Neste momento, o coração só não pulou pela boca, porque vocês estava com ela fechada: a bateria começa a tocar. Aquele arrepio que começa lá no dedão do pé sobe por todo o corpo e você sente um fio de cabelo ficar em pé. A emoção toma conta do seu corpo, mente e alma. Alma Guerreira. A torcida do Coritiba. Estádio todo sentado, cantando que "o show está começando". Em seguida, o estádio todo em pé, cantando como loucos. Loucos pelo Coxa. Doidos pelo Coxa. "Coxa! Coxa doido!"
O Coxa entra em campo. A torcida canta como nunca. Grita, incentiva e aplaude. O adversário entra e é vaiado também com toda força. As duas equipes estão perfiladas para a execução dos hinos. Cantamos o hino do Paraná, o hino Nacional e em coro novamente, cantamos o Hino do Coritiba. Emoção à flor da pele. Uma lágrima começa a escorrer do olho com toda aquela beleza.
Bola no meio de campo. É dado o toque inicial... "VAMOS, VAMOS MEU VERDÃO! VAMOS NÃO PARE DE LUTAR! VAMOS EM BUSCA DA VITÓRIA, EM BUSCA DA VITÓRIA EU VIM PRA TE APOIAR! VAMOS EM BUSCA DA VITÓRIA, EM BUSCA DA VITÓRIA EU VIM PRA TE APOIAR! MEU CORITIBA!"
É meus amigos. A bola está rolando. O final dessa história, cada um pode contar a sua. Porque o enrendo, é o mesmo para muitos torcedores. Eu sou assim. Eu sou Coxa-Branca até a última batida do meu coração. E hoje, meu dia começa na primeira linha deste post.
É hoje moçada. Chegou a hora.
FORÇA!
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