Falando de Bola
Qual de nós já não foi treinador por um dia?
Quem nunca deu pitacos na escalação do seu time do coração, mesmo sendo em uma roda de conversa com amigos, ou mesmo escrevendo textos para jornais ou blogs, ou então se manifestando atrás do banco de reservas no Couto Pereira, pedindo este ou aquele jogador ou mesmo deferindo impropérios contra o treinador?
O tema que deu origem a este coluna foi o empate do Coritiba contra o Paranavaí.
Após a expulsão, injusta, diga-se de passagem, mesmo que tenha sido uma entrada imprudente do volante William, o técnico Alviverde voltou para a segunda etapa com o lateral Fabinho, que foi jogar na meia-cancha, no lugar do atacante Ramon.
A provável intenção de Ney Franco seria ganhar o meio-campo e com isso evitar as jogadas de ataque do adversário.
A tática vinha dando resultado, mesmo que o Coritiba tenha abdicado do ataque e estivesse sofrendo uma pressão terrível do Paranavaí, que só não tinha chegado ao gol de empate devido à falta de qualidade técnica de seus jogadores, que perderam gols incríveis.
Porém, a irresponsável expulsão do “experiente” zagueiro Jeci, fez com que Ney Franco tirasse seu único atacante, para recompor sua zaga.
Sem ninguém na frente para segurar os zagueiros adversários, a tática acabou sendo desastrosa, uma vez que trouxe de uma vez por todas o limitado, mas esforçado, Paranavaí para cima do Coritiba, e como conseqüência o gol de empate, e a perda dos 100% de aproveitamento no campeonato regional.
Ney Franco ainda tentou algo com Geraldo, que deu novo gás à equipe, e conseguiu segurar a bola na frente, porém além de ser tarde demais, não tinha nenhum atleta ao seu lado no ataque Alviverde, fazendo com que tivesse que se virar sozinho contra quatro defensores adversários.
Esta “medrosa” tática me fez lembrar de duas situações dentro do futebol. Uma delas eu presenciei pessoalmente e outra me foi contada pelo meu amigo Alvyr.
A contada pelo Alvyr refere-se ao jogo contra o Bahia pelo Torneio do Povo em 1973.
O Coritiba do Mestre Tim enfrentava o Bahia em uma Fonte Nova lotada, com uma arbitragem totalmente parcial para o time da casa.
O jogo estava empatado em 1x1 e o Coritiba teve dois jogadores expulsos, o zagueiro Cláudio Marques e o volante “Capitão” Hidalgo, logo após a marcação do segundo gol baiano, originado de um pênalti polêmico.
Tim resolveu não recompor a defesa, confiando na qualidade técnica de seus homens de meio e ataque, resultando no gol de empate marcado pelo atacante Hélio Pires empatou a partida, dando início a história do famoso gol do apito e que deu o título do Torneio do Povo ao Coxa.
Já a segunda história refere-se ao confronto entre Coritiba e Santos, no Couto Pereira, pelo Campeonato Brasileiro de 2005.
O Coritiba vencia o Santos de Robinho por 1x0, quando o “Peixe” teve o volante Bóvio expulso logo no início da partida.
Gallo, o técnico Santista, resolveu ousar e tirou o meia Luciano Henrique para a entrada do atacante Fabiano, abdicando totalmente da retranca, para tentar jogar em cima do Coritiba.
A tática deu resultado e o Santos, de virada, venceu o Coritiba por 3x2, dentro do Couto Pereira, com dois gols do atacante Fabiano.
Como curiosidade, Antonio Lopes, técnico do Coritiba, fez exatamente o oposto de Gallo, pois com a expulsão de Miranda, resolveu recompor sua zaga colocando o zagueiro Flávio no lugar do volante Marcio Egídio. Não satisfeito colocou ainda o zagueiro Alexandre Luz no lugar do meia Souza.
Nem mesmo abarrotando a defesa conseguiu segurar a maior qualidade técnica do time santista.
Será que se Tim e Gallo tivessem atitudes contrárias do que fizeram os resultados das partidas não teriam sido totalmente diferentes do que foram?
Para mim o treinador Alviverde errou muito ao recuar em demasia o time, mas e se Nei Franco tivesse feito diferente e após a expulsão de William tivesse colocado mais um atacante, e o Coritiba acabasse perdendo a partida.
Será que a torcida e a crônica em geral não teria criticado o treinador, dizendo que ele fez a substituição errada e que deveria ter segurado o time em vez de mandá-lo para cima do adversário?
É realmente difícil essa vida de treinador.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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