Falando de Bola
Lembro no início dos anos 90. Ganhar do Paraná de Carlinhos, Adoilson, João Antonio, Maurílio era uma tarefa praticamente impossível. Apesar da grande rivalidade da dupla Atletiba, o fato é que o time paranista era quem “metia” mais medo na equipe do Coritiba.
Poucas foram as vitórias (talvez possam ser contadas nos dedos de uma mão) do Coritiba sobre o Paraná naquela época. Mas aquele poderoso esquadrão paranista foi se perdendo pelo caminho, fruto principalmente de más administrações. (qualquer semelhança com o Coritiba dos anos 90 não é mera coincidência)
Da segunda parte dos anos 2000 até os dias de hoje, o quadro se inverteu, e o Coritiba se impôs de tal maneira, que o Paraná dificilmente consegue ganhar da equipe Coxa-Branca.
E ontem não foi diferente, mesmo com o Coritiba jogando com a sua equipe alternativa, que, aliás, começa a mostrar alguns bons valores.
A ilusória posse de bola paranista assustou muito pouco a meta defendida pelo excelente goleiro William (ponto para quem decidiu trazer este jogador), provando que quando o ataque é de baixa qualidade técnica e a defesa adversária está bem postada, dificilmente a posse de bola resultará em gols.
Por outro lado, o Coritiba que pouco manteve a bola em seus pés, foi extremamente eficiente na primeira chance que teve, e matou o jogo quando pouco risco corria.
A vitória serviu para dar muita moral para a garotada, fazer o time Coxa subir na tabela de classificação e confirmar a doce rotina de vitórias sobre o Paraná nos últimos anos.
Alguns jogadores começam a aparecer, mostrando que serão muito úteis para a equipe principal, comandada por Dado Cavalcanti.
A defesa hoje vem sendo o principal setor do time.
O goleiro William mostra mais qualidades a cada jogo e será uma excelente sombra para o goleiro Vanderlei.
A dupla de zaga, composta por Wallysson e Bonfim, tem atuado de forma segura, mostrando a mesma eficiência tanto nas bolas rasteiras, quanto nas bolas aéreas.
Os laterais ainda se apresentam de forma discreta, mas Rhuan, principalmente, já mostrou evolução, participando dos dois gols. No primeiro foi seu o lançamento para Djair e no segundo o pênalti se originou de um cruzamento do lateral Alviverde.
A meia cancha ainda precisa demonstrar mais desenvoltura e controle do setor.
O garoto Ícaro disputou a sua primeira partida pelo profissional e já mostrou mais qualidades que Arthur. Jogador de bom passe e cabeça erguida poderá ser uma boa opção futuramente. Precisa apenas ser mais eficiente na marcação.
Djair apresentou uma sensível melhora, mas ainda está longe da expectativa que todos depositam em seu futebol. Às vezes parece um pouco disperso, mas quando está ligado no jogo proporciona boas alternativas, como no deslocamento pela direita que resultou no primeiro gol.
O trio de meias, Denner, Dudu e Zé Rafael ainda não se acertou coletivamente.
Individualmente o garoto Denner, mais jovem deles, dá mostras que é o de maior qualidade, principalmente no passe e visão de jogo. Parece ser a principal opção para o lugar de Robinho.
Só não gostei da opção tática de Zé Carlos, que o colocou para atuar aberto pelo lado direito, para fechar o corredor do lateral adversário. Quando atuou mais centralizado teve um melhor desempenho.
Thiago Primão que foi coroado com um gol, também mostrou uma leve evolução, mas assim como Djair está longe de deixar de ser apenas uma promessa.
O ataque mostrou luta, mas carece de maior aproximação dos meias.
Keirrison lutou, fez o pivô, deu bons passes, brigou na área, mas fez tudo isso sozinho. A falta de aproximação dos meias, impediu que o atacante Alviverde tivesse alguém para tabelar.
Não sou partidário deste esquema 4-2-3-1, tática da moda no futebol mundial. Se os meias, que deveriam fazer a função de pontas, não se aproximam do ataque, o centroavante joga totalmente isolado, tendo que brigar com dois, as vezes três zagueiros. Este esquema baseia-se na movimentação, principalmente da meia-cancha, mas nem sempre é isso que se vê, e os meias acabam cumprindo apenas a função de fechar os corredores laterais.
Estas partidas estão servindo para o atacante pegar ritmo de jogo e mesmo ainda estando longe da forma ideal, deverá ser mais uma boa opção para a equipe principal.
A equipe jovem do Coritiba está longe de empolgar seu torcedor, mas mostra que alguns bons jovens valores podem ser ótimas opções.
É muito difícil para um jovem entrar no meio de dez companheiros, que assim como ele também estão praticamente “prestando um vestibular” para poder entrar na equipe principal. E Keirrison também pode ser colocado na mesma condição de seus colegas de time, já que precisa mostrar que está recuperado das graves cirurgias no joelho.
Seria muito mais tranqüilo para um Denner, entrar para atuar ao lado de Robinho e Alex, na meia-cancha. Ou para Wallysson, tendo a experiência e categoria de Leandro Almeida ao seu lado. Até mesmo Keirrison jogando ao lado de Deivid, e tendo Robinho e Alex para municiá-lo.
Isso mostra que não se dá para exigir muito coletivamente desta equipe do Coritiba, mas sim que os jovens de mais qualidade se destaquem, mostrem o seu futebol e passem no “vestibular Alviverde”.
Não que isso faça com que alguns atletas de mais qualidade técnica pensem mais de forma individual, mas sim que dificilmente esta equipe mostrará qualidade coletiva, já que a inexperiência de alguns ainda pesa muito.
De todos eles, William, Wallysson, Bonfim, Denner, Maykon e o próprio Keirrison parecem os mais “estudiosos” e com maiores chances de passar neste "vestibular".
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)