Falando de Bola
Saí envergonhado do Couto Pereira na tarde de ontem. Nem tanto pelo título do Operário, o primeiro de sua história. Aliás, este é o lado bom do futebol, que mostrou que ainda tem espaço para times de menor orçamento aprontarem das suas, desde que trabalhando sério e com humildade.
Mas saí envergonhado por ver o Coritiba levar um show de bola do time de Ponta Grossa. Envergonhado por ver o treinador do meu time sofrer um banho tático do adversário. Envergonhado por ver jogadores como Wellington Paulista, medíocre com a bola nos pés, apelar para a violência e tentativa de intimidação após ver a partida perdida, confundindo destempero com raça. E envergonhado pela soberba de alguns dirigentes do Coritiba que andam falando mais do que fazendo, e que no fundo não entendem nada de bola.
Para quem, como eu, achava que o Coritiba reverteria o revés da primeira partida com certa facilidade, o jogo se mostrou totalmente contrário as minhas expectativas.
O técnico Itamar Schulle armou sua equipe sem mistérios, sem fechar o treinamento para a imprensa, jogando de maneira tradicional, armando um losango na meia cancha, com um armador clássico, e na frente um atacante de velocidade e um homem de referência. Foi bonito ver o Operário jogar, tocando a bola, saindo em velocidade, sem dar uma pancada nos jogadores Alviverdes.
Enquanto seu colega de profissão fez mistérios, fechou o treinamento para a imprensa, e no final não aprontou nenhuma surpresa para vencer o jogo. Pelo contrário, o seu time mostrou uma falta de criatividade imensa, que trará muitas dificuldades para o time Coxa no Campeonato Brasileiro.
O Coritiba jogou tão mal que em nenhum momento a torcida fez o tradicional "uhhhhhhh" quando o seu time chega próximo de marcar um gol.
Recompor, ajudar na marcação, fechar os espaços, pegar, chegar junto. Esses devem ser os gritos mais constantes do técnico Marquinhos Santos para os seus atacantes.
Esse é o problema do futebol atual. Os atacantes mais marcam do que atacam. E isso tem sido visto com frequência no Coritiba.
A atuação de Negueba hoje reflete bem o momento tático do time. Nas jogadas de bola parada lá estava ele como o último defensor. E nas jogadas de ataque, na maioria das vezes, ele estava longe da área adversária.
Wellington Paulista e toda a sua limitação técnica estavam o tempo todo pelos lados do gramado, bem distante da função de um homem gol.
E Rafhael Lucas, o artilheiro do time, voltava várias vezes para buscar as jogadas, pois a bola não chegava para ele.
Quando um time tenta sobreviver de chuveirinhos e lançamentos, é sinal de que alguma coisa está errada. E o técnico Alviverde teve um campeonato inteiro para tentar consertar isso, mas em nenhum momento chegou próximo de dar criatividade ao time.
Mesmo que não tenha meias confiáveis com características de armação em seu elenco, Marquinhos mostrou também que precisa aprender muito ainda para vir a ser um grande técnico de futebol.
Qualquer leigo sabia que ao colocar cinco atacantes (Negueba, Wellington Paulista, Rafhael Lucas, Wallyson e Keirrison) de uma vez e deixar apenas um jogador (Helder) na meia-cancha, o Coritiba seria uma presa fácil para o “Fantasma”.
E de que adianta colocar cinco atacantes se a bola continuava não chegando?
E por que faz uma alteração com cinco minutos do segundo tempo se poderia ter alterado o time no vestiário?
Deveria estar esperando que o Coritiba fizesse dois gols em três minutos como fez contra o Londrina para que não precisasse alterar a equipe.
Se fizesse o simples talvez o time Alviverde tivesse melhor sorte contra o Operário.
Tudo fica no campo da suposição, mas a goleada sofrida pelo Coritiba teve influência direta do seu treinador. É preciso que Marquinhos tome com urgência uma dose de humildade.
Se alguém procurar defendê-lo com a desculpa de que o elenco é fraco e que ele não tem culpa, eu discordo, pois o Operário tem um elenco infinitamente inferior ao Coritiba e mesmo assim deu um banho de bola nos dois jogos das finais.
O time Alviverde não vem evoluindo taticamente.
Parece um bando de jogadores. O time não se aproxima dentro de campo, não ocupa os espaços. Os meias, se é que existem, não se aproximam dos atacantes. Os homens de defesa não avançam compactamente, assim como os atacantes não voltam de maneira compacta.
Várias vezes o time chegou pelas laterais, mas não tinha ninguém para concluir as jogadas.
É necessário que o treinador Alviverde reveja alguns conceitos antes que seja tarde.
A vitória do Operário, no fundo, fez bem ao futebol e principalmente ao Coritiba.
Se o time Alviverde não conseguiu marcar um mísero gol em dois jogos das finais do Campeonato Paranaense, o que irá fazer então no Campeonato Brasileiro.
Se não tem competência nem para ser campeão paranaense, o que diria então ser campeão brasileiro. Acho que o senhor andou falando demais, não é senhor Ernesto Pedroso?
Quem sabe agora, o senhor abra os olhos e comece a enxergar que falta muito para o Coritiba voltar a disputar um título nacional.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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