Falando de Bola
Na maioria das vezes se analisa futebol pelo o que é visto durante as partidas.
Críticas se o jogador vai mal, críticas se o técnico muda o esquema e perde o jogo, enfim é só o time ter um resultado negativo que chovem críticas em cima de críticas.
Por outro lado, uma vitória com boa margem de gols, tem tudo para transformar a equipe no melhor time do mundo, em uma equipe imbatível.
E essas análises não são feitas apenas por leigos torcedores, aqueles que só acompanham a equipe durante os jogos, mas sim também por “profissionais” que fazem das análises de jogos, equipes, enfim do futebol, a sua profissão.
Mas até que ponto este tipo de análise é justa para com os jogadores, treinadores e profissionais que trabalham no dia a dia do clube?i
Vejamos o Coritiba, mais precisamente Marcelo Oliveira, como exemplo.
Logo que foi anunciado como o treinador que substituiria Ney Franco, a contratação de Marcelo foi massacrada com uma saraivada de críticas à diretoria Coxa, não só pelos torcedores Alviverdes, como também por alguns profissionais da crônica, que enxergavam nele um técnico fraco para conduzir o Coritiba, após um ano espetacular com Ney Franco.
A diretoria, por seu lado, não apostava no nome do treinador, mas sim em relação ao seu currículo no mundo da bola, mesmo que, com exceção do Atlético Mineiro, só tenha treinado times pequenos. E foi justamente a boa campanha que fez no Galo Mineiro, livrando o time do rebaixamento, que o credenciou.
Não podemos esquecer ainda da boa campanha com o limitado time paranista, que sofria com os constantes atrasos de salários, o que atrapalhava o rendimento de alguns jogadores dentro de campo, mas mesmo assim o time chegou a liderar o campeonato paranaense.
E com Marcelo no comando, o time Coxa-Branca iniciou com uma vitória fora de casa, em cima do Operário, atualmente, o terceiro melhor time da competição. Mas foi só empatar contra o fraco time paranista, que a saraivada de críticas recomeçou fazendo com que Marcelo Oliveira não servisse mais para treinar o Coritiba, na opinião de torcedores e "profissionais", que o achavam fraco para treinar o Coxa.
Mas será que o adjetivo “fraco” seria em função apenas por não ser um nome badalado no mercado de treinadores do Brasil?
E é justamente aí que as análises tornam-se totalmente passionais. Será que se a diretoria trocasse o treinador após aquele empate, o Coritiba ainda estaria invicto, mesmo depois de disputar vinte jogos, obtendo 18 vitórias e apenas 2 empates?
Dos dois empates que o Coritiba conquistou, em um deles foi terrivelmente prejudicado por Heber Roberto Lopes, e no outro sofreu no ridículo gramado do estádio do Arapongas, com o time da casa empatando o jogo no último minuto.
Com Marcelo Oliveira na frente da equipe, optou-se pela continuidade do que foi realizado no ano anterior, pois o Superintendente de Futebol, Felipe Ximenes, procurou um técnico que aceitasse a filosofia de trabalho implantada e desse seqüência ao que Ney Franco vinha realizando com sucesso. Ressalto isso, como o principal fator do sucesso do Coritiba nesta temporada.
Por outro lado, o que seria do Coritiba caso a diretoria investido em um treinador de renome no futebol brasileiro, como Emerson Leão ou Vanderley Luxemburgo?
Dentro de campo é impossível saber, mas o que podemos supor é que o trabalho anterior não teria continuidade, pois esses treinadores gostam de impor a sua filosofia de trabalho, inclusive mandando em todos os setores do clube que envolve o futebol.
Este trabalho no Coritiba, hoje é coordenado pelo Superintendente de futebol, o que deixa o treinador tranqüilo para cuidar do seu grupo de jogadores, e da parte tática e técnica do time, pois fora de campo o trabalho é feito por pessoas que são competentes e remuneradas para esta função.
Será que os verdadeiros conhecedores do futebol são aqueles que analisam apenas em cima de jogos, ou então aqueles que trabalham diuturnamente e exaustivamente com o grupo de jogadores e comissão técnica?
O mesmo pensamento aplica-se ao grupo de jogadores. Quantas vezes critica-se um jogador por uma determinada atuação, sem ao menos procurar saber o que se passou na cabeça do atleta nos dias que antecederam a partida.
O jogador, apesar de muito bem remunerado, é um ser humano como outro qualquer, e assim como qualquer outro vive seus dilemas pessoais, que às vezes costumam influenciar diretamente no seu rendimento.
Quantas vezes um jogador viveu do céu ao inferno, por estar em má fase.
No Coritiba, o craque Marcos Aurélio recebia algumas vaias. Alguns torcedores esbravejavam para que ele fosse sacado do time titular.
A nova "bola da vez" é o meia Everton Ribeiro, que já está sendo criticado. Porém, não podemos esquecer que ele fez apenas três ou quatro jogos, e apenas no último jogou mais tempo. Se não foi bem tecnicamente, foi muito importante na marcação, mostrando muita disposição. Não podemos esquecer ainda, que chegou há pouco tempo, não estando no mesm ritmo dos demais jogadores.
Será que o Coritiba estaria voando como está hoje, se o treinador, aquele que acompanha o dia a dia do atleta, fosse passional como o torcedor e o tirasse da equipe titular?
Existe comentarista que ainda acha que o Coritiba deve jogar com três zagueiros, mesmo com o time atropelando e demolindo todos os adversários. Neste caso, ainda bem que o time Alviverde possui um técnico competente que sabe o que é melhor para o seu time, pois o sistema com três zagueiros já está totalmente ultrapassado.
Os torcedores e cronistas têm total liberdade para emitir sua opinião, porém ela apenas deve ser levada como opiniões pessoais e não como cobranças infundadas, pois as situações diárias são muito diferentes do que analisar apenas em cima dos jogos.
E o grande problema é que geralmente o cronista é formador de opiniões, o que leva muitos leigos a embarcarem na onda.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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