Falando de Bola
Fui para o jogo de ontem com a certeza de que o Coritiba conquistaria sua primeira vitória no Campeonato Brasileiro.
Mesmo com a falta de um ataque mais qualificado, os três pontos frente ao Sport eram praticamente uma certeza para este “escriba, principalmente contando com a volta de Alex, que estrearia sob o comando de Celso Roth.
Mas o que se viu em campo não foi só um Coritiba ansioso, desesperado para marcar o seu gol, mas principalmente um time sem nenhuma qualidade técnica na frente para furar a retranca adversária.
Atualmente o estilo de jogo de muitos times no futebol brasileiro é de muita marcação quando atua fora de casa, jogando praticamente com dez jogadores atrás da linha de bola, deixando apenas o homem de referência atuando de maneira mais avançada. O próprio Coritiba tem atuado assim, com o atacante mais adiantado, Zé Love, dando o primeiro combate na frente.
E isso traz muitas dificuldades para os times mandantes, principalmente quando atuam dentro de casa, sem a possibilidade de usar o contra-ataque, justamente o que aconteceu na noite de ontem no Alto da Glória.
O Coritiba teve o domínio de jogo, mais posse de bola, mas a inabilidade de seus atacantes em chegar ao gol adversário tornou infrutífero o domínio territorial.
Como o tempo passava, o gol não saía, a torcida ficando impaciente, o time Alviverde se desestruturou taticamente proporcionando a possibilidade de contra-ataques ao time pernambucano, principalmente pelas laterais, o que não foi mais bem aproveitado também pela falta de qualidade do time adversário.
Aliás, a falta de qualidade nos times que disputam o Campeonato Brasileiro reflete de maneira “assombrosa” a crise técnica que assola o futebol do país.
O gol da vitória do adversário saiu após uma falha coletiva, começando com o goleiro Vanderlei que espalmou para frente um chute que estava indo para fora, terminando com o sistema defensivo que “dormiu” na jogada, deixando o jogador do Sport livre para fazer o gol.
O técnico Celso Roth deu identidade e um jeito de jogar ao time Coxa-Branca. Até então o time Alviverde se mostrava um time difícil de ser batido, mostrando um sistema defensivo muito bem sintonizado.
E este fato não foi muito diferente no jogo de ontem, apesar de algumas falhas de cobertura, principalmente pelo lado esquerdo da defesa.
As oportunidades de contra-ataques destinadas ao Sport se deram mais pela ansiedade e desespero em conseguir a vitória. Com estes dois “adjetivos” tornam-se mais naturais, o que não quer dizer aceitáveis, os erros de passes e as precipitações nas conclusões.
O jogo de ontem eu colocaria como a primeira partida em que o treinador Alviverde não trabalhou de maneira satisfatória.
A saída de Carlinhos, que foi uma das boas armas ofensivas da equipe na primeira etapa, por mais que tenha sido justificada com o temor de receber o cartão vermelha, talvez tenha sido o grande equívoco do treinador, pois um time que precisa ganhar não pode ter trocada uma peça que funciona bem ofensivamente por outra que atua mais como marcador. Ali deveria ter sido criada outra alternativa pelo treinador.
A opção pela saída de Alex, justificada pela falta de ritmo do craque, para dar maior velocidade ao time, vejo também como um equívoco, pois mesmo atuando longe das condições físicas ideais foi o responsável pelo momento maior de perigo do time. Talvez a saída de Moacir, com a passagem de Norberto para a lateral, o que aconteceu mais tarde, teria sido a melhor opção naquele momento.
Ainda sou da opinião de que o craque precisa ser mantido em campo até o final quando o resultado positivo ainda não foi sacramentado.
Celso Roth vem desempenhando um bom trabalho a frente do Coritiba, acertou a forma do time jogar, ajeitou o time defensivamente, mas chegou a hora de fazer a equipe vencer no Campeonato Brasileiro. E não pode esperar a chegada de reforços, principalmente para o ataque, para isso acontecer, pois o tempo urge e a situação do Coritiba já se torna de extrema preocupação.
É óbvio que é muito mais fácil analisar apenas sob o prisma de um torcedor e após o final da partida. Mas ainda continuo com a opinião de que um jogador como Alex precisa ser mantido até o final da partida, mesmo que não esteja com sua condição física ideal.
Dos jogadores em campo pouco a se falar, pois não teve um grande destaque individual.
Luccas Claro, para mim, foi o que desempenhou o melhor rendimento individual apesar de vários erros de passes, causados talvez pela ansiedade em fazer o time chegar ao gol adversário.
Por outro lado, o atacante Zé Love foi o de pior desempenho. Atuação tecnicamente sofrível, mostrando total falta de intimidade com a bola. Não deixou em nenhum momento de lutar, mas em algumas vezes a sua ansiedade tenha sido o principal motivo para justificar a sua má jornada. O lance em que tentou dominar uma bola que chegaria livre para Roni “carimbou” a sua atuação.
Mas o posicionamento que Zé Love vem atuando pode estar atrapalhando o seu rendimento, pois o ideal seria atuar carregando a bola vinda de trás para tabelar com o pivô e não fazendo o homem de referência, pois não tem a característica de domínio para fazer a “parede”.
Se mesmo com a má atuação de Zé Love, o atacante Keirrison não foi utilizado, aliás, não jogou um minuto sequer com Celso Roth no Campeonato Brasileiro, é preciso que a diretoria Alviverde haja com urgência na busca de um atacante, pois ficou claro, que no momento, o Coritiba não pode depender dos homens de frente que possui em seu elenco.
Para fundamentar isso basta que os números do Coritiba até o momento sejam vistos. Quatro jogos, apenas dois gols marcados, nenhum deles pelos atacantes.
O mercado está difícil, escasso de bons atacantes, homem de referência então, praticamente não existe, e os que podem estar disponíveis pedem valores exorbitantes para acertar principalmente com times que demonstram a necessidade, além do que vários clubes também estão buscando este tipo de jogador, cada vez mais raro no futebol brasileiro.
Além disso, os já endividados clubes brasileiros sofrem com a desleal concorrência monetária do grande eixo (Itália, Espanha, França, Inglaterra, Portugal) que leva os grandes craques, além do futebol árabe, leste europeu e ultimamente o chinês que tem
contratado jogadores de médio porte que poderiam servir para os clubes que enfrentam uma grande deficiência técnica.
Dificuldades a parte, a diretoria precisa agir, ser rápida e contratar, para que o Coritiba possa reiniciar o Campeonato, após a parada para a Copa, com uma melhor perspectiva na competição.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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