Falando de Bola
Qual torcedor não gostaria de ver seu time sendo escalado de maneira ultra-ofensiva, com dois meias ofensivos, três atacantes, laterais que apóiem o tempo inteiro e um volante que além de desarmar com eficiência, ainda arme as jogadas , fazendo com que a bola saia com qualidade do campo de defesa?
Com certeza, todo torcedor apaixonado pelo seu time gostaria de ver sua equipe escalada desta maneira, partindo para cima do adversário, jogando de forma bonita, com jogadas plásticas e enchendo de gols a rede adversária.
Mas será que o futebol pode ser jogado sempre desta forma ou isso é um sonho que se passa na cabeça do torcedor?
E do outro lado, se o adversário também pensasse desta forma, teríamos jogos lindos, cheios de gols, com os ataques sempre se sobressaindo sobre as defesas, placares elásticos, torcedores satisfeitos.
Mas no futebol atual começo cada vez mais a acreditar que ou isso é um sonho que se passa na cabeça do torcedor, ou então é algo que ficou no passado, mais precisamente na época de Pelé, Coutinho, Garrincha, Rivelino, Gérson, Tostão, entre outros “monstros” que davam verdadeira aula dentro de campo.
Mas e o que virou o futebol atual, aquele que enxergamos cada vez mais volantes dentro de campo, que observamos que as partes táticas e físicas são mais importantes que a parte técnica, que antes de procurar atacar, os treinadores pensam em não levar gols?
Será que o futebol perdeu a graça, será que o futebol ficará cada vez mais parecido com um jogo de futebol americano onde a parte tática e física faz enorme diferença neste jogo?
O leitor deste Blog deve estar se perguntando o porquê de tantas indagações.
Será que o colunista está querendo enrolar para no final defender o time, com três volantes, que Marcelo Oliveira escalou no primeiro Atletiba da final do Campeonato Paranaense?
Talvez seja isso, apesar de eu também querer ver meu time sendo escalado de forma ofensiva, que primeiro se preocupasse em atacar o adversário, do que se defender.
Mas será que nós torcedores comuns, que acompanhamos apenas os noventa minutos de cada partida entendemos mais do que os profissionais que passam várias horas por dia com seus atletas?
Vamos falar especificamente deste Atletiba ou da semana que antecedeu o clássico.
Enquanto o adversário enfrentou o Cruzeiro, na quarta-feira em Curitiba, o Coritiba viajou na terça-feira pela manhã para Belém, enfrentando praticamente nove horas entre vôos e conexões, para enfrentar o Paysandu na quinta-feira, voltando para Curitiba na sexta-feira às nove horas da noite.
Enquanto os jogadores adversários estavam descansando em suas casas, os atletas do Coritiba chegavam na sexta a noite em suas casas para logo concentrar, sem tempo de uma recuperação adequada, e até sem tempo mesmo para curtir suas famílias, o que faria um bem enorme a parte emocional.
Os dois times apresentaram importantes desfalques para o clássico. Enquanto o Atlético não dispunha de dois bons atacantes como Guerron e Edgar Junior, o Coritiba tinha vários titulares de fora, dentre eles Jonas e Rafinha, importantes armas táticas e o segundo sendo ainda a referência técnica do time.
E foi justamente a ausência de Rafinha que levou Marcelo Oliveira a fazer a opção pela entrada do volante Djair.
Com o time cansado e o adversário motivado por jogar em casa e mais descansado, o treinador Alviverde optou por reforçar a meia-cancha, liberando o meia Tcheco para armar as jogadas ao lado do craque Everton Ribeiro e de Lincoln, mais uma surpresa na escalação inicial.
Com isso a tática utilizada previa, no mínimo, que o Coritiba não fosse derrotado neste primeiro jogo e que pudesse, de fato, levar a decisão para o Couto Pereira, onde o time praticamente é imbatível e local onde o adversário não vence o Alviverde há quatro anos.
A tática vinha dando resultados, o Coritiba teve mais posse de bola na partida, e controlava o jogo no meio-campo, mas a falha coletiva da defesa no primeiro gol e do goleiro Vanderlei no segundo gol, obrigaram Marcelo Oliveira a tornar o Coritiba ultra-ofensivo, como todos queriam ver.
Tcheco e Everton Ribeiro de volantes, Renan Oliveira na armação e três atacantes.
Vejam, essa seria parte da escalação dos sonhos, comentada no início deste post.
Será que se o Coritiba entrasse para jogar desta forma, o resultado do clássico seria favorável ao time Alviverde ou então o time adversário comandaria o jogo pela falta de marcadores na meia cancha?
Indagações a parte, e sendo um torcedor analista dos noventa minutos jogados, prefiro sempre acreditar que toda decisão tomada pelo treinador é a melhor em prol do time.
Em tempo: Não gosto quando o Coritiba atua com apenas um jogador no ataque. No Atletiba, Roberto ficou completamente isolado, sendo presa fácil para os zagueiros atleticanos. Com Roberto e Aquino juntos, os dois jogadores rendem muito mais, do que quando atuam sozinhos no comando do ataque.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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