Falando de Bola
Após um péssimo final de primeiro turno, quando perdeu jogos importantes para adversários teoricamente menos desprovidos tecnicamente (Duque de Caxias, Ipatinga e Guaratinguetá), o Coritiba começa bem o segundo turno emplacando dez pontos em doze disputados.
Destes dez pontos conquistados, sete foram em cima de adversários diretos na luta pela classificação a Série A (Náutico, Portuguesa e América/MG).
Em comparação ao início do primeiro turno, quando conquistou cinco pontos nas primeiras quatro rodadas, o Coritiba dá mostras que caminho a passos largos para voltar à primeira divisão.
A evolução nítida apresentada pela equipe, principalmente na parte defensiva, deve-se principalmente ao esquema de jogo 3-5-2, que trouxe o regular zagueiro Cleiton ao time titular, dando muita segurança ao setor defensivo, pois Jeci não está jogando sobrecarregado e Pereira tem atuado na sobra, onde se sai muito bem.
Soma-se ainda a participação do jovem Lucas Mendes pelo lado esquerdo do trio de zagueiros e não como lateral esquerda na linha de quatro.
Na partida de ontem contra o Brasiliense, Lucas teve uma grande atuação, ganhando todas as jogadas que disputou e mostrando uma boa saída de bola pelo lado esquerdo do gramado.
Isso prova que o Coritiba está muito bem servido de zagueiros, pois Ney ainda terá como opção o bom Demérson, que está se recuperando de contusão, e Dirceu, mais um que pode atuar na sobra e que fez bons jogos no ano passado.
Na maioria das vezes o esquema de jogo é o principal responsável pelo nível de atuação de um jogador.
Podemos separar em duas situações, o craque e o jogador tático:
O craque pode atuar em qualquer função que será muito útil ao time, mas desde que tenha liberdade para trabalhar em campo. O maior exemplo no Coritiba atual é o jogador Rafinha.
Rafinha não é exatamente um craque na verdadeira concepção da palavra, mas pela liberdade que tem em campo, e pela sua qualidade técnica, disposição e luta vem se tornando desde o campeonato paranaense no principal jogador do time.
Hoje, Rafinha é o “dono” do time, e qualquer alteração tática e de sistema de jogo não pode mexer em sua forma de jogar.
Mesmo atuando, como no segundo tempo dos jogos contra a Portuguesa e Brasiliense, aberto pelo lado direito do gramado, é fundamental que Rafinha tenha total liberdade para flutuar por todos os lados do gramado, tornando ainda mais fundamental a sua participação.
Já o jogador tático depende exclusivamente da formação da equipe para apresentar um melhor futebol.
Temos vários jogadores táticos no Coritiba, como Lucas Mendes, Leandro Donizete, Marcos Paulo, Tiago Real, o próprio Rafinha, mas o exemplo a ser citado é o tão criticado lateral-esquerdo Triguinho.
Em seus clubes anteriores, como Figueirense e São Caetano, Triguinho sempre foi conhecido por sua vocação ofensiva, chegando a marcar vários gols por estas equipes.
Porém, nas suas passagens por Santos, Botafogo e Coritiba, o jogador foi escalado para atuar mais na parte defensiva, o que ocasionou passagens apagadas por Botafogo e Santos e o banco de reservas no Coritiba, após fracas atuações.
Após a mudança de esquema de jogo, passando o Coritiba a atuar no 3-5-2, com total liberdade aos alas, Triguinho entrou na segunda etapa dos jogos contra Portuguesa e Brasiliense e mostrou um futebol muito superior ao que vinha demonstrando até então.
Contra a Portuguesa, quando todos achavam que Ney Franco tinha feito mais uma substituição “seis por meia dúzia” quando o colocou no lugar do também criticado Angelo, o lateral esquerdo fez uma excelente partida, conseguindo anular o lateral direito Paulo Sérgio e ainda se aventurar no ataque.
São jogadores como ele que comprovam a tese da importância que as formações táticas mais corretas para cada estilo de jogo trazem ao futebol brasileiro.
Com o 3-5-2, com a boa fase de vários jogadores, uma boa comissão técnica, o respaldo da diretoria fora de campo e com o apoio maciço da “torcida que nunca abandona” nas arquibancadas que o Coritiba voltará a primeira divisão já no próximo ano.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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