Falando de Bola
Se um Coxa-Branca acordasse hoje depois de uma hibernação de quase dois meses e olhasse a tabela do campeonato brasileiro, certamente iria achar que estava sonhando.
Em 08 de agosto de 2015, pela décima sétima rodada do Campeonato Brasileiro, o Coritiba sofria uma dura derrota, 3x0 para o Santos, que mostrou um time apático, sem alma, sem vibração, sem nada.
Esse jogo marcou a estréia de Henrique Almeida, o atacante que estava encostado no Botafogo e tinha sido indicado pelo técnico Ney Franco. Pela apresentação em sua estréia, ficava claro que o Coritiba tinha contratado mais um jogador que não iria resolver o problema do pior ataque do campeonato.
Lembro que após aquele jogo cheguei a sugerir a saída do técnico Ney Franco, pois não via mais nele a motivação necessária para livrar o time de um eminente rebaixamento.
A situação era desesperadora e dificilmente o clube conseguiria escapar da segunda divisão, principalmente porque estava tendo dificuldades em vencer em casa, chegando a perder para o Avaí e empatar com Joinville, Ponte Preta e Goiás, clubes candidatos ao descenso para a Série B, assim como o próprio Coritiba. E além de não vencer no Couto Pereira, o time Alviverde não tinha vencido nenhuma partida fora de casa.
Mas aí veio a partida contra o Palmeiras em casa. Estádio lotado, torcida apoiando e a estrela de Henrique Almeida começava a brilhar. Com dois gols, o atacante conseguiu dar a terceira vitória do Coritiba na competição.
Mas ainda faltava a vitória fora de casa para confirmar a recuperação no campeonato, e o talismã Evandro conseguiu no final da partida contra o Vasco fazer o Coritiba vencer a primeira partida longe de seus domínios.
De lá para cá, o time conseguiu mais quatro vitórias (Chapecoense, Avaí, Flamengo e Atlético/PR).
A fase que era ruim começou a mudar. E até mesmo nos empates, dos quais dois deles dentro de casa, já se percebia que o que era ruim tinha começado a melhorar.
Nos dois empates dentro de casa (Sport e Fluminense), o Coritiba jogou muito menos do que os adversários, e os dois pontos conquistados não podiam ser lamentados, afinal o time esteve muito perto da derrota.
E na única derrota nos últimos dez jogos (Internacional), o time não fez uma má partida, porém perdeu após uma falha individual e foi prejudicado pela arbitragem que deixou de marcar duas penalidades, uma delas clara.
Mas o que teria feito um time praticamente fadado ao rebaixamento ter mudado da água para o vinho em tão pouco tempo?
O treinador Ney Franco tem grande mérito na recuperação do time, afinal indicou Wilson e Henrique Almeida, as duas melhores contratações da temporada. Indicou ainda o zagueiro Rafael Marques e o lateral/meia Juan, que sempre dão um retorno positivo quando entram em campo.
Elevou os jovens Walisson Maia e Juninho a dupla titular de zaga, colocou o zagueiro Leandro Silva pelo lado direito, dando uma consistência muito forte a defesa. E até Carlinhos que nunca foi tão eficiente defensivamente, tem mostrado grande evolução neste quesito.
E deu confiança a Negueba, que voltou a apresentar um grande futebol, sendo extremamente importante no aspecto técnico e tático, se mostrando um jogador muito voluntarioso.
E com os resultados começando a aparecer, o Coritiba se apresenta de maneira muito confiante, dando pouquíssimas chances do adversário levar perigo ao gol de Wilson, como foi visto principalmente nas partidas contra Flamengo e Atlético/PR.
Hoje, o time Alviverde apresenta uma maneira consistente de atuar, principalmente defensiva, bem diferente do que era visto pouco mais de um mês atrás. Se observarmos os números, o Coritiba sofreu apenas três gols nas últimas partidas, mesmo enfrentando adversários com boa média de gols, como Palmeiras, Grêmio e Flamengo.
E com a boa fase, a sorte começou a virar para o lado Coxa-Branca. As bolas que não entravam começaram a virar gols, ou alguém acha que os "chutaços" de Henrique Almeida e Negueba contra o Atlético entrariam na fase ruim?
E os gols que o time costumava levar começaram a ficar escassos. Quer um exemplo? As bolas de Walter e Ewandro no mesmo Atletiba.
Um grande goleiro, assim como um matador precisam ter sorte, além de competência. E até isso o Coritiba parece ter neste momento. Um goleiro que passa grande tranqüilidade ao time e ao torcedor, e um atacante que parece estar no momento certo o tempo todo.
Mas enfim, seja pelos gols de Henrique Almeida, pela firmeza da jovem dupla de zaga, pela segurança do goleiro Wilson, pelo técnico ter achado o time ideal, o afastamento de alguns jogadores, ou até mesmo a saída dos "Indomáveis", o fato é que o futebol que o Coritiba de hoje vem apresentando não se trata de um sonho, mas sim da mais pura realidade.
E essa realidade levará o time para bem longe do rebaixamento.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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