Falando de Bola
O título da coluna nos leva a uma profunda reflexão sobre alguns acontecimentos atuais do futebol brasileiro.
Posso até estar sendo dramático demais, mas o fato é que sou um apaixonado pelo futebol, mas pelo verdadeiro futebol, aquele que nos encanta com a bola que é jogada dentro dos gramados, mas também com a festa que é realizada nas arquibancadas.
Sou um romântico por natureza e também um saudosista. Confesso que a modernidade não me agrada totalmente.
Prefiro escutar um vinil dos Beatles em minha “radiola” do que baixar uma discografia inteira em um Ipod. O som chiado do vinil me agrada muito mais.
Adoro ver e rever clássicos do cinema, onde percebemos a atuação de verdade de atores, sem truques mágicos computadorizados. Sou muito mais “E o Vento Levou” do que Avatar.
Isso sem falar nos desenhos, onde víamos malandragens, apenas um tentando passar a perna no outro, mas não víamos tanta violência como vemos atualmente.
Tudo era mais bacana, podíamos brincar nas ruas até a noite, sem se preocupar em levar geral da polícia por ser confundido com usuários de drogas, ou até mesmo ser assaltado.
Brincávamos em árvores, matos, rios, mas hoje dificilmente quem mora na “cidade grande” consegue fazer isso, a não ser que more em condomínios fechados longe da área central da cidade que vive.
Hoje nossas crianças brincam praticamente trancadas dentro de casa, passando horas e horas na frente da TV jogando vídeo-game ou na frente do computador, vivendo uma vida mais virtual do que real.
Chegamos à conclusão que o mundo mudou, e que o nosso mundo de fantasia ficou para trás e não existe mais.
Mas e o que isso tem a ver com o futebol?
Tudo eu diria...
Não vi Pelé, Garrincha, nem Zé Roberto jogarem. Mas vi Zico, Maradona e vi o maior camisa 10 do Coxa da minha geração, Tostão.
Sinto saudade dos grandes craques que vi, pois desde Tostão nenhum jogador conseguiu substituir minha lacuna de ídolo máximo no futebol.
Será que todos que viveram a época do romantismo no futebol têm a mesma sensação que tudo mudou, inclusive o futebol?
Vendo alguns fatos recentes não tenho mais nenhuma dúvida que tudo mudou, principalmente o futebol.
Há tempos o futebol deixou de ser apaixonante para virar um negócio lucrativo, que movimenta quantias astronômicas de dinheiro. E quem é o maior prejudicado com isso?
O torcedor, justamente ele, que deveria ser a mola propulsora desta “diversão” chamada futebol.
Dois fatos me levaram a refletir sobre a modernidade.
O primeiro fato a ser mencionado é a fórmula dos pontos corridos no campeonato nacional.
Para quem não sabe esta a “bandeira dos pontos corridos” sempre foi capitaneada pelo jornalista Juca Kfouri, sobre o pretexto de premiar o time mais regular da competição.
Mas o que era para trazer justiça ao campeonato, vem justamente fazendo o contrário.
Este ano a injustiça vem se tornando mais visível.
Não tiro os méritos do Fluminense, porém sua tarefa foi extremamente facilitada, pois seus jogos contra São Paulo e Palmeiras (dois times sem nenhuma ambição nesta altura do campeonato) que são rivais do seu principal concorrente (Corinthians) não fizeram questão nenhuma de dificultar as coisas para o time carioca.
Na partida Fluminense x Palmeiras, o excelente goleiro Deola, do time paulista, fazia defesas espetaculares, tentando evitar a todo custo à derrota do seu time.
Mas o que era para ser comemorado por sua torcida, teve o efeito contrário, pois Deola foi xingado e vaiado pelos seus próprios torcedores.
Para finalizar a aberração, a torcida Palmeirense comemorou efusivamente o segundo gol do time carioca, que praticamente lhe dá o título da competição, deixando o time corintiano praticamente sem chance.
Sem falar nos estádios praticamente vazios, justamente na fase final da competição.
Onde está a graça disso, se antigamente tínhamos finais, estádios lotados, nervos a flor da pele e jogadores lutando como se estivessem atrás de um prato de comida?
Já o segundo fato é sobre o “velório” que foi visto na última partida do Coritiba na Série B em 2010.
Não vou me aprofundar no tema, mas não posso deixar de lamentar a ausência de faixas, bandeiras, bateria, “trapos”, camisão, sinalizadores, extintores coloridos e gritos de incentivo ao time.
No dia em que poderíamos ter um lindo Green Hell para comemorarmos o título tivemos que engolir uma “festa” totalmente sem graça, decepcionando a todos que estiveram lá.
Não irei apontar culpados, pois todos têm sua parcela de culpa, egoísmo e mesquinharia no que aconteceu, mas uma coisa é certa:
Sem a união de todos o Coritiba não tem a mesma força, e para que não fiquemos em uma eterna gangorra, a união será fundamental em 2011.
Que fique a lição, e que todos os envolvidos pensem mais racionalmente no sentido de que mesmo com a modernidade chegando ao futebol, o espetáculo não pode parar.
Hora de dormir, mas antes colocar um disco do Paul McCartney na “radiola”e adormecer escutado Band On The Run...
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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