Falando de Bola
Confesso que não esperava por este trágico desfecho. Confesso que tinha a esperança de ver o Marcelinho Paraíba arrebentando hoje e o Coritiba detonando o Fluminense e o enviando para a segunda divisão, lugar que lhe era merecido pela virada de mesa anos atrás.
Doce ilusão meus amigos, assim não poderia deixar de ser, pois o Coritiba não passa apenas de uma ilusão para todos nós.
O Coritiba foi grande, se é que foi mesmo, mas com certeza não é mais. O Coritiba caminha a passos largos para ser um Bahia, Náutico ou Santa Cruz da vida, um time que vive apenas de um passado não tão glorioso assim, como pregamos.
O Glorioso, cantado em prosa e verso pela torcida, não passa de uma mentira ou até mesmo uma doce ilusão.
O Coritiba, de verdade, morreu em 1985, logo após ser campeão nacional.
Vamos parar e refletir e ver tudo o que o Coritiba não só representa como também faz nas nossas vidas.
Quantas vezes deixamos nossas esposas, filhos, compromissos, para ver o Coritiba?
Quantas vezes colocamos o Coritiba como prioridade em nossas vidas, mas o que ganhamos em troca?
Amigos, não podemos ser hipócritas, mas qual de nós hoje, pais de família, não teve vontade de invadir o campo hoje e surrar os “jogadores” do time?
Realmente esta não foi uma atitude correta por parte da torcida, mas queriam o quê? Que a torcida chorasse e cantasse: Sou Coxa-Branca com muito orgulho e muito amor!
A torcida cansou, estava uma pilha de nervos, tanto que praticamente não cantou no segundo tempo.
Também pudera, viu em campo, na segunda etapa, um time frouxo, um time de mentirosos, um time de mercenários, um time de vendidos, a cara da diretoria que os contratou.
Realmente estou destruído, com a sensação de que perdi algo, um ente querido talvez.
Nem tanto pelo rebaixamento do time, pois isso pode ser concertado com o tempo, mas sim por tudo o que perdi na minha vida por este amor pelo Coritiba.
E isso valeu à pena?
Hoje eu digo que não, pois enquanto eu tento passar a você leitor todas as minhas angústias e o meu sofrimento, do outro lado vemos diretores e seus “amigos” mamando nas tetas do clube, vemos jogadores mercenários sem nenhum compromisso, sendo comandados dentro de campo, pelo mercenário mor, aquele que um dia nos iludimos, mas que amanhã estará vestindo a camisa do São Paulo.
Não adianta hoje dizermos que a contratação do Ivo e a volta do Renè foram grandes equívocos, que manter Homero Halila como diretor foi uma grande piada, que trazer Jamelli e Ximenes, pessoas com nenhum vínculo com o clube, foi um grande erro.
Não adianta dizermos que Vialle é ultrapassado, e que se não tiver uma pessoa ao seu lado que realmente entenda de futebol, o seu trabalho é totalmente inútil.
Não adianta dizermos que o Cirino é o pior presidente da história, que o Tico Fontoura não tem condições alguma de ser presidente de nada, que os Hauer foram patéticos, principalmente na condução dos festejos e na promessa do novo estádio.
Não adianta dizermos que o conselho, formado em grande parte por mauricinhos aproveitadores, foi omisso, que o conselheiro do “Projeto Vencer” recebia um polpudo salário para trabalhar meio período, por conta de um Projeto fajuto.
Não adianta dizermos que estes mesmos, que tanto prometeram, afundaram o clube em dívidas, grande parte dela em razão de recursos pagos aos colaboradores da época das eleições.
Não adianta dizermos que um dia, nós sócios, pagamos do nosso bolso um grande salário para um “gerenciador de crises”.
Nada mais adianta, pois isso não apagará tudo o que vimos no Alto que um dia foi da Glória nesta tarde triste de 06 de dezembro de 2009, o dia em que o Coritiba assinou sua sentença de morte no futebol brasileiro.
Ricardo Honório
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