Falando de Bola
O gol do São Paulo, marcado aos 46 minutos da primeira etapa, jogou um balde de água fria nos jogadores e na torcida Alviverde, que mais uma vez desconfiava que o seu time fosse sucumbir dentro de casa.
Apesar do Coritiba ter tido uma boa atuação do time no primeiro tempo, dominando a partida, principalmente no setor de meia-cancha, porém concluindo raramente a gol, o gol marcado por Michel Bastos trazia de volta ao Alto da Glória os velhos fantasmas criados por Dado Cavalcanti e Celso Roth que tinham como característica marcante a dificuldade em vencer dentro do Couto Pereira.
E a situação ficaria ainda mais complicada quando do outro lado estava um time que nos últimos nove jogos tinha conquistado oito vitórias e um empate.
Porém, o time Alviverde estava em uma noite inspirada e jogando pelos lados do gramado, (Elber entrou muito bem e deu outra cara ao time e a velocidade que faltava) , conseguiu superar a confusa defesa paulista.
Os três pontos conquistados finalmente tiraram o Coritiba da zona do rebaixamento após dezoito rodadas e mandarem para longe mais este fantasma.
Mas a confiança para se jogar em casa, a volta das vitórias dentro do Couto Pereira e a saída da zona do rebaixamento não foram os únicos fantasmas exorcizados na noite de ontem.
A maldição da camisa 9 que vinha assombrando o Couto Pereira desde a saída de Deivid, ou melhor, desde a grande fase de Deivid em 2012, também começou a ser expurgada das bandas do Alto da Glória com a excelente apresentação e os dois gols do camaronês Joel.
O “negrão”, com todo respeito ao homem Joel, mostrou muitas qualidades, podendo atuar tanto como homem de referência quanto pelos lados.
Não é um primor tecnicamente, mas ontem mostrou uma frieza impressionante ao marcar o terceiro gol.
Quantas vezes vimos um atleta em jogada semelhante, optar por arrematar da entrada da área, e mandar a bola para fora ou nas mãos do goleiro adversário.
Além disso, se movimenta muito, abre espaços para os companheiros, ajuda na marcação, tem bom domínio de bola e sabe protegê-la muito bem.
Em alguns momentos se mostrou um jogador “enjoado”, daquele que irrita o zagueiro adversário.
As instruções do “exorcista” Marquinhos Santos, com a benção da torcida Alviverde, pelo menos na noite de ontem, mandaram para longe mais este fantasma.
Do craque se espera tudo dentro de campo.
Jogadas improvisadas, lances geniais, chutes certeiros, assistências milimétricas.
Mas e quando o craque é o líder do time e um torcedor que tem o privilégio de atuar com a camisa do seu clube do coração?
Ontem ficou evidente a liderança que Alex exerce sobre o time.
Vendo o jogo da social inferior pude ver claramente esta liderança do menino de ouro.
Após o segundo gol Alviverde, Alex, ainda nas comemorações, foi até Elber, Joel e Zé Love.
Além de parabenizar o menino Elber pela excelente jogada do gol, e o camaronês pela conclusão, o capitão Alviverde pediu para que eles continuassem a manter a pressão na saída de bola adversária.
Mas a instrução mais visível foi quando chegou a Zé Love pedindo para que o raçudo atacante não “largasse” o lado esquerdo e continuasse acompanhando o lateral e ajudando na marcação.
Além da jogadas “tiradas da cartola”, como no passe magistral para o terceiro gol, a liderança que Alex exerce sobre o time é faz uma grande diferença.
Marquinhos Santos conseguiu dar nova cara ao time. Dentro de casa o Coritiba voltou a mostrar um bom futebol. Precisa agora achar a maneira do time atuar nos jogos longe do Couto Pereira.
E um bom começo será fazer o time jogar para frente, esquecendo a escalação de três volantes mais o meia Robinho, como no último jogo contra o Santos.
Como não terá Alex e Zé Eduardo, que coloque Martinuccio, se tiver condições físicas, e Elber para fazer as funções dos titulares.
Pois ontem o Coritiba provou que na raça e superação não precisa entrar em campo para se comportar de maneira defensiva, apenas esperando por uma bola.
Quem procura a bola tem muito mais chances de sair vencedor do que ficar esperando a bola do jogo aparecer.
A boa vitória contra o São Paulo não pode iludir o torcedor, muito menos o próprio time.
É preciso que os jogadores continuem extremamente concentrados e cientes de que o Coritiba continua uma situação muito complicada.
A água já está abaixo do nariz, porém ainda acima do pescoço.
O jogo contra o Sport será difícil, mas o Coritiba se entrar em campo com a mesma determinação de ontem, poderá trazer os três pontos de Recife, mesmo que não possa contar com o craque Alex e o dedicado Zé Love.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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