Falando de Bola
Ao ler a excelente coluna do jornalista Mauro Cezar Pereira, os times do exterior, o twitter e a falta que uma arquibancada faz na vida de tanta gente, publicada no site da ESPN, e observar a atuação de Dado Cavalcanti na partida contra o Cene, pela Copa do Brasil, cheguei à conclusão de quão bom seria o futebol se todos fizessem o simples.
O citado jornalista fala em sua coluna sobre os torcedores de sofá, os “entendidos” de futebol, que ao se aprofundarem em táticas, estatísticas e histórias de jogadores e equipes, não sabem da verdadeira “essência” que envolve um jogo de futebol.
E essa brilhante coluna poderia perfeitamente caber aos treinadores da nova geração, em especial a Dado Cavalcanti.
Quando comecei a freqüentar as arquibancadas do Couto Pereira, muita raramente se via treinadores inventando em suas escalações. O máximo que acontecia era esconder a escalação da imprensa e do adversário, para não municiá-lo antes da bola rolar. Em outras vezes, vi jogador machucado se concentrar para confundir a cabeça do treinador do outro time. Mas não víamos invenções mirabolantes na formação das equipes, com exceção é claro da escalação de Jorjão como centroavante em um Atletiba, por Paulo Cesar Carpegiani.
O futebol moderno e seus “Professores Pardais” têm conseguido acabar com o brilho do futebol brasileiro. É um tal de 4-2-3-1 para lá, 4-4-1-1 para cá. O lateral virou ala, o armador, peça cada vez mais rara, virou meia atacante, o ponta virou meia-ponta, se preocupando mais em voltar para marcar e fechar seu espaço do que propriamente “agredir” o time adversário, além do centroavante que virou homem de referência. Aliás, referência não sei para quem, pois nos modernos esquemas táticos de Dado Cavalcanti e seus colegas treinadores, o “nove” tem atuado cada vez mais isolado.
E o Coritiba de hoje é um reflexo da “modernidade” que assola o futebol brasileiro e que tem tornado os jogos cada vez mais chatos e difíceis de assistir.
Dado Cavalcanti já teve mais de sessenta dias para dar padrão de jogo para o time, dos quais praticamente trinta foram da pré-temporada, e até o momento o que se vê em campo é um amontoado de jogadores, que mais parecem peladeiros, tentando fazer várias funções ao mesmo tempo, do que jogadores profissionais que sabem de cor as funções que devem fazer dentro de campo.
E com isso, o principal jogador da equipe, Alex, tem seu rendimento prejudicado, já que além de armar as jogadas, precisa aparecer para concluir, já que falta qualidade aos seus companheiros de frente.
As saídas de William, Urso, Lincoln e Deivid não podem servir como desculpas para falta de organização da equipe, pois dos volantes apenas um deveria ser o titular, e o meia Lincoln era apenas a opção para o lugar de Alex, ou seja, na realidade com estas quatro saídas o Coritiba perdeu dois jogadores titulares, Deivid e Junior Urso.
O jogo contra o fraco Cene, cujo principal jogador é um veterano zagueiro com um corpanzil não condizente com um jogador profissional, retratou bem a confusão que Dado Cavalcanti tem mostrado em suas “convicções” táticas e técnicas.
A insistência com Germano e Gil ao mesmo tempo, mesmo com o garoto Ícaro se mostrando uma opção mais sensata no momento, é apenas uma das peripécias do treinador Alviverde.
Hoje, teve a proeza de terminar o jogo com quatro atacantes, isso mesmo, se considerarmos o meia Norberto como um atacante, já que entrou no lugar de Roni, e nenhum meia para armar as jogadas para os quatro homens de frente.
O time ficou com Gil e Germano, um buraco enorme no meio, e Norberto, Anderson Aquino, Keirrison e Julio Cesar na frente sem receber uma bola sequer em boas condições.
Outro equívoco de Dado foi a entrada de Anderson Aquino em detrimento de Keirrison, que só foi entrar aos 40 minutos do segundo tempo para jogar em um time onde não existia nem um meia para lhe servir a bola. Keirrison, natural de MS e revelado pelo Cene, deveria estar completamente motivado para jogar perante os torcedores de sua terra, mas foi preterido. Atitudes como essa do treinador, que só a sua cabeça entendem, podem fazer-lhe perder um jogador por desmotivação.
Assim, como vem sendo constante em suas substituições, Dado se equivocou e conseguiu fazer com que o time perdesse completamente a força ofensiva, que já se mostra frágil antes mesmo das modificações.
Não sei o que pretendia o treinador Alviverde com as suas alterações, mas ter quatro jogadores no ataque ao mesmo tempo não significa que o time chegará ao gol adversário, principalmente se não tiver ninguém para armar as jogadas.
Aliás, a maneira de atuar do Coritiba tem prejudicado sensivelmente o rendimento dos meias Alex e Robinho que ainda não encaixaram neste estilo de jogo do treinador Alviverde.
A diretoria precisa agir com urgência. A chegada do meia Jajá ajudará a equipe, mas não é suficiente. O time precisa de mais jogadores, principalmente para a posição de volante e para o comando de ataque. O miolo de zaga, devido às más atuações de Luccas Claro e Chico também precisa ser reforçada.
Com o que temos visto até o momento, o Coritiba deverá, em pouco tempo, não somente ir atrás de jogadores para reforçar a sua equipe, mas provavelmente também atrás de um novo treinador.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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