Falando de Bola
Antes de qualquer coisa quero deixar claro que não acompanhei a estréia do Coritiba no Campeonato Brasileiro.
Troquei a estréia por um programa com minhas filhas. Isso até é um fato surpreendente para quem nunca trocava um jogo do Coritiba por um compromisso, qualquer que fosse ele.
Mas a vida nos prega várias peças e nos faz entender que não há programa no mundo que me faça hoje dispensar a companhia das minhas filhas.
E antes que perguntem se este programa não poderia ser no Couto na companhia delas, infelizmente a pequena, de oito anos, ainda não tem o mesmo gosto que a maior, de quinze anos, por futebol e pelo Coxa.
Mas voltando ao que interessa a derrota do Coritiba para o Internacional poderia ser considerada normal se não fosse à má apresentação de alguns jogadores e a ineficiência do ataque Alviverde.
O jogo por si só já seria muito difícil para o Coritiba. O Inter tem um grande time, tem o melhor atacante do Brasil, tem um meia de seleção brasileira e que deverá ser titular nas Olimpíadas, e jogava em casa, onde é considerado muito forte.
Além disso, soma-se o fato do time ter sido eliminado recentemente da Libertadores, apostando todas as suas fichas no Campeonato Brasileiro para voltar a disputar o maior torneiro de clubes das Américas.
Analisarei pelo que li e ouvi de amigos em que tenho confiança total em se tratando de futebol.
O time foi totalmente dominado pelo Internacional, e mesmo tendo um gol injustamente anulado, não foi páreo em nenhum momento para o time gaúcho.
Mas antes de achar que a derrota foi o início do fim, é preciso compreender o fato de que o time estava desfalcado de jogadores importantes.
Dentre eles destaco o lateral–direito Jonas, que dá uma grande consistência defensiva a equipe pelo seu lado. O próprio Demerson, que ontem foi muito mal, atua com mais segurança quando Jonas está em campo.
O próprio desfalque do zagueiro Pereira, para alguns um jogador lento, os quais eu não me incluo por gostar do seu futebol, tem atrapalhado o jogador Emerson em sua principal qualidade, o cabeceio ofensivo. Com Pereira em campo, os adversários preocupam-se muito com o experiente jogador, principalmente por sua estatura, o que faz com que as atenções não estejam totalmente voltadas para Emerson.
Além deles, o volante William que estava totalmente fora de ritmo, e talvez a sua escalação tenha sido o principal erro de Marcelo Oliveira na partida de ontem, é um jogador que dá a consistência defensiva que o time precisa, mas que para isso aconteça é preciso que esteja com ritmo e plenas condições físicas.
Isso sem falar na ausência de Rafinha, que taticamente é o jogador mais importante da equipe, e em um jogo, fora de casa, contra o Internacional, a sua presença seria tanto importante ofensivamente para puxar os contra-ataques, como defensivamente, para segurar as subidas do lateral Fabrício.
Porém a má atuação do Coritiba não pode ser totalmente justificada com os desfalques defensivos que fizeram tanta falta na partida de ontem.
A inoperância do ataque e a lentidão da meia-cancha mostram que para enfrentar equipes do calibre de um internacional é preciso muito mais do que qualidade técnica, qualidade existente em jogadores como Lincoln e Renan Oliveira.
É preciso garra, disposição, entrega, exatamente o “algo mais” que faltou na derrota de ontem.
Mas talvez o principal fator que esteja faltando para que o Coritiba possa dar esperança de boa campanha no Brasileirão é a contratação de um camisa 9 , um jogador que traduza em gols as oportunidades criadas e que estão sendo desperdiçadas.
A análise do matador é parecida com a falta que Pereira está fazendo ao aproveitamento ofensivo de Emerson.
Hoje, o ataque do Coritiba é composto por atletas que, de origem, são mais um segundo atacante do que propriamente o atacante número um, ou seja, o homem de finalização ou o pivô.
Com a presença de um atacante principal, jogadores como Anderson Aquino, Roberto, Everton Costa e Geraldo irão render muito mais do que estão rendendo, pois atuariam praticamente vindos de trás com mais espaço, e sem precisar atuar de costas.
Anderson Aquino, principalmente, rende muito quando atua como segundo atacante.
Por outro lado, contratar um homem gol hoje, é uma tarefa dificílima, pois poucos clubes brasileiros possuem jogadores com estas características, caso de Inter com Leandro Damião, São Paulo com Luiz Fabiano, entre outros.
O mercado anda escasso nesta posição e será preciso muito trabalho da diretoria para encontrar o jogador que o Coritiba está precisando.
Normal para alguns, anormal para outros, o fato é que a derrota para o Inter não pode ser considerada o “início do fim”, mas sim a continuidade de um trabalho que vem sendo muito bem executado, e que não pode ser desconsiderado com um tropeço diante de um dos times favoritos ao título.
Quarta-feira é dia de decisão na Copa do Brasil, e a torcida tem que apoiar e continuar acreditando no time e na comissão técnica.
A impressão de “início do fim” precisa passar longe do Alto da Glória, deixando no ar a sensação de mais uma semi-final da Copa do Brasil, que pode ser o “início de uma inédita conquista” para o Coritiba.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)