Falando de Bola
Ontem a seleção brasileira (confesso que não tive vontade de ver o jogo) venceu com extremas dificuldades um “catado” argentino por 2x1, com um gol impedido e um gol de pênalti nos acréscimos.
Ao não ver a partida e só soube do resultado hoje pela manhã, procurei ler algum relato sobre a vitória brasileira.
E em todos, a opinião era unânime: Brasil jogou mal, foi vaiado, não tem padrão de jogo, não tem nenhuma jogada ensaiada e sobrevive do talento individual de Neymar.
Apesar de ter perdido a empolgação pela seleção brasileira há muito tempo (talvez a ultima vez que vibrei de verdade com o Brasil foi com o pênalti perdido por Roberto Baggio em 1994), a má apresentação da seleção que contou com seu principal jogador e com alguns, como Lucas, Dedé, Leandro Damião que são esperanças para a próxima copa, mostra que o Brasil está muito longe de ser favorito para a Copa de 2014 e as chances de acontecer um novo Maracanazzo é muito grande, isto se a eliminação não ocorrer antes.
Mas será que a troca do técnico Mano Menezes seria a solução para a melhoria do futebol brasileiro, ou a culpa estaria no calendário do futebol nacional?
O curto texto acima foi apenas para ilustrar o momento que vive o Coritiba e as constantes reclamações que vemos sobre o calendário do futebol brasileiro.
Muitos torcedores e o pessoal da crônica reclamam, às vezes, sobre a ausência de jogadas ensaiadas ( o que está cada vez mais raro no futebol moderno)no time do Coritiba, mas poucos param para analisar qual seria o fator principal para que isso ocorresse.
O técnico Marcelo Oliveira, muitas vezes, era relutante em mudar o esquema tático do time. Insistia no esquema 4-2-3-1, mesmo quando ele não trazia resultados efetivos.
Mas qual seria o principal motivo disso, a ausência de opções táticas e técnicas para alterar a forma do time jogar ou a falta de tempo para treinar um novo esquema?
Mesmo que o elenco apresente algumas deficiências em sua formação, principalmente pelo lado esquerdo defensivo, aponto a falta de tempo hábil para treinamentos como o fator principal para a inconstância do Coritiba no Campeonato Brasileiro.
Mas que fique claro que isso não serve de desculpas para a má campanha do time, pois todos os clubes do futebol brasileiro padecem deste mesmo problema.
Tratemos então como um problema nacional, que interfere diretamente no nível técnico dos campeonatos, no grande número de lesões, no número cada vez menor de craques, e principalmente na Seleção Brasileira, que tem apresentado um futebol cada vez mais pobre e que não empolga o torcedor.
O pequeno número de treinos técnicos e táticos faz com que os atletas treinem cada vez menos os fundamentos, e isso resulta em cruzamentos errados, péssimas finalizações, erros constantes de passes, goleiros que não sabem sair do gol, atributos que deveriam ser básicos, mas que a cada dia tornam-se mais raros.
Hoje, um atleta que acerte um cruzamento, finalize um pouco melhor ou saiba fazer um lançamento já é tratado como craque, e logo se torna objeto de desejo de clubes europeus.
Quando um clube consegue uma semana de treinamentos, o fato é motivo de comemoração, porém este fator deveria ser mais constante e não um fato isolado.
É triste, mas é a realidade. Um clube que joga duas vezes por semana, sendo que um dos jogos é fora de casa, tem apenas um dia, no máximo dois, para poder treinar taticamente, uma vez que o restante do tempo é ocupado com a recuperação dos atletas e deslocamentos.
O futebol brasileiro só voltará a se tornar forte quando os dirigentes abrirem os olhos, tomarem alguma atitude e mudarem o calendário do futebol.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)