Falando de Bola
” Cometemos um erro e sentimos. O que não é de hoje. Temos que continuar trabalhando".
A frase acima dita pelo técnico Celso Roth na coletiva após a derrota para o Flamengo retrata apenas um fato que todos estão vendo, mas que as pessoas que estão dentro do clube parecem não enxergar.
Um time erra às vezes por desatenção, mas o time que persiste no erro é por falta de qualidade, e hoje a qualidade, ou melhor, falta dela, no time do Coritiba é sofrível.
A “entregada” que o volante Baraka deu no jogo de ontem foi apenas mais uma entre tanto erros que vem acontecendo.
A bola nos pés dos jogadores do Coritiba parece “queimar”. Os volantes não sabem sair jogando, se batem com a bola. Para dominar uma bola precisam tocar de duas a três vezes na mesma.
A jogada nunca sai no sentido vertical, mas sempre para o lado, em uma lentidão enorme que faz com que a defesa adversária consiga se recompor de maneira tranqüila.
Nos dois últimos jogos que assisti no Couto Pereira, contra Corinthians e Flamengo, o time Alviverde praticamente não chutou no gol. Não consegue armar uma jogada de perigo.
É comum ver o Coritiba alçar bolas, sejam dos zagueiros para os atacantes, dos laterais para os atacantes, e até dos meias para os atacantes. E detalhe, o Coritiba não tem um homem de referência para fazer o pivô, o que faz com que a bola sempre bata no paredão adversário, sem render nenhum tipo de perigo.
Na derrota para o Flamengo foi emblemática a atuação do time, o goleiro Paulo Victor fez apenas uma defesa em um chute do meia Norberto, quando o jogador Alviverde pegou na "orelha da bola". No mais suas únicas intervenções foram em bolas alçadas na área.
Seria “piegas” escrever aqui que o time do Coritiba é ruim. Isso todo mundo sabe, a própria posição na tabela deixa isso evidente.
A diretoria precisa pensar e agir para tirar o time desta situação, pois foi ela própria que colocou.
A primeira medida deve ser a troca do treinador. Um técnico, que a frente do time, tem a pior campanha do Coritiba na era dos pontos corridos não pode continuar.
Não culpo Celso Roth sozinho, pois seu elenco é fraquíssimo, mas ele não consegue fazer o time ganhar em casa. E não podemos esquecer que nos últimos dois anos o Coritiba só escapou do rebaixamento justamente pelos jogos vencidos dentro do Couto Pereira.
Como isso não tem acontecido este ano, o rebaixamento para a segunda divisão fica cada vez mais próximo.
Quando precisa vencer e sair para o jogo, o Coritiba mostra enormes dificuldades. Os pontos fora de casa foram conquistados na melhor “maneira Celso Roth”, ou seja, um time fechado, buscando apenas o contra-ataque.
Além do mais, a insistência com alguns jogadores e deixar no banco jogadores como Leandro Almeida e Carlinhos, tecnicamente muito superiores aos titulares, mostra que o técnico que chegou como uma “grande contratação”, já não é mais unanimidade assim.
Até mesmo o contestado Gil não pode ser reserva neste time.
Um fato novo, como a troca de treinador, pode dar uma chacoalhada no time.
Contratar jogadores é extremamente necessário, e todo mundo sabe disso. Lateral direito, um volante, meia e atacantes são posições que precisam de reforços.
Até porque os reforços (Helder, Elber e Martinuccio) que vieram na parada da Copa se mostraram mais um grande “mico” da gestão Anderson Barros.
Mas além da contratação de reforços, é preciso separar o “joio do trigo”. Colocar para jogar apenas jogadores que realmente tenham vontade de vestir esta camisa. E afastar que não colabora, que não quer mais nada com nada.
Ontem algumas situações ficaram evidentes no jogo. No primeiro tempo em duas jogadas na defesa, Leandro Almeida deu chutões para a lateral, quando poderia tentar sair jogando, mostrando o quanto estava de “saco cheio”, naquele momento do jogo, com a falta de qualidade do time.
Norberto e Zé Love principalmente tentavam a todo o momento carregar a bola e resolver as jogadas sozinhos, pois não tinham com quem tocar a bola e receber ela de maneira “redonda”. Na maioria das vezes a tentativa resultou apenas em desarmes do adversário.
Zé Love aliás, tem lutado muito e mostrando muita garra com a camisa do Coritiba. Mas faltam jogadores de maior qualidade para jogar ao seu lado. O único de qualidade hoje é Alex.
E para finalizar o “destempero, inocência e burrice” do meia Robinho no lance de sua expulsão mostrou o que acontece quando o time depende, para controlar a meia-cancha, de um jogador de sua “inteligência”.
Robinho é um jogador regular quando atua como coadjuvante, porém quando precisa ser o protagonista, as coisas não acontecem como todos esperam.
Ontem, durante o jogo, fiquei pensando no quanto eu já vi times ruins do Coritiba nos meus 32 anos de Couto Pereira, mas igual a esse está sendo difícil puxar pela memória.
E pensar que já peguei no pé de jogadores como Marcio Batatinha e João Pedro. Para quem vê Reginaldo e Luccas Claro em campo, os antigos jogadores seriam titulares com um “pé nas costas”.
Mas enfim, isso não é de hoje. A posição que o Coritiba ocupa na tabela não é por acaso.
E tirar o time Alviverde desta situação não mais bastará apenas trabalho. O trabalho está acontecendo, mas a qualidade inexiste. E sem ela, o caminho, sem volta, é cada vez mais curto para a segunda divisão.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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