Falando de Bola
O raio não cairia duas vezes no mesmo lugar, ou seja, o Flamengo não conseguiria sair vencedor novamente no Couto Pereira.
Acostumado, nos últimos anos, a voltar para o Rio levando uma “sacola” de gols sofridos, o time carioca não foi páreo para o Coritiba, que na estréia de Marquinhos Santos voltou a apresentar um bom futebol e trouxe a torcida para jogar junto com o time.
A volta de Carlinhos e a entrada de Martinuccio desde o início da partida mostravam que o Coritiba de Marquinhos priorizaria um jogo mais ofensivo, de compactação, posse e toque de bola.
O time jogou sem um centroavante de oficio, pois Zé Eduardo atuou aberto pelo lado esquerdo ( méritos para o treinador que manteve o atleta onde ele gosta de atuar), Dudu pelo lado direito, e Martinuccio centralizado.
Apesar de estar sem ritmo de jogo, o argentino foi importante em sua função tática, pois abriu espaços para os companheiros. Ainda longe de estar na forma física e até técnica ideal, mostrou qualidades e deverá ser um importante aliado na seqüência da temporada.
Apesar de começar muito bem na partida, o time Alviverde mostrava deficiências para chegar ao gol adversário, principalmente porque o Flamengo fechou muito bem a entrada da área na primeira etapa.
Algumas chances apareceram e na melhor delas o chute de Zé Love explodiu no travessão de Paulo Vitor em uma “blitz” do Coritiba
O time carioca mostrava muitas dificuldades para sair do campo defensivo e apelava para as ligações diretas (qualquer semelhança com o Coritiba de Roth não é mera coincidência), todas interceptadas pela zaga do Coritiba, principalmente por Luccas Claro que fez uma grande partida mostrando muita disposição.
O segundo tempo veio e o Coritiba começou em ritmo morno. A entrada de Elber pelo lado direito e a colocação de Dudu para atuar de forma centralizada deu um novo gás ao time Alviverde, que passou a atuar com maior rapidez na troca de passes.
O gol de Leandro Almeida de cabeça (impressionante como o capitão se deslocou para chegar na bola e para cabecear para o gol) incendiou o Couto Pereira. A torcida passou a cantar mais alto, o Flamengo continuava perdido e o Coritiba foi para cima.
Diferentemente de outros jogos, o Coxa não recuou após marcar o seu gol e continuou sufocando o Flamengo, principalmente com Zé Love que deve ter causados pesadelos no sono do improvisado Luiz Antonio.
O segundo gol veio após uma boa troca de passes e um cruzamento de Robinho que foi desviado para as redes pelo flamenguista Luiz Antonio, que estava pressionado mais uma vez por Zé Love.
A torcida incendiou de vez, o Coritiba continuou em cima e o “possuído” Zé Love, com muita personalidade, marcou o seu de pênalti, após o atacante Elber ser derrubado na área pelo zagueiro Marcelo.
O resultado de 3x0 trouxe a confiança de volta ao Couto Pereira, recuperou a auto-estima dos jogadores, mas principalmente trouxe ao torcedor Alviverde a certeza de que jogando com muita raça o Coritiba é um time difícil de ser batido.
Algumas colunas atrás escrevi que a cigana enganou o atacante Zé Love ao dizer que ele era jogador de futebol.
Pois venho aqui com a “mea culpa”, admitir que o atacante tem sido um dos, se não o principal, jogador do time atualmente.
Tecnicamente não é um jogador brilhante, porém a raça e a dedicação que mostra em campo, fazem com que até as jogadas mais difíceis de serem executadas comecem a dar certo. Os dribles agudos em jogadas verticais na segunda etapa que quase resultaram em gol mostraram um atacante em plena forma física e técnica.
A forma com que disputa as jogadas dificilmente cai no contato físico com o adversário) faz com que consiga prender a bola no ataque esperando a aproximação de seus companheiros.
Além disso, o fato de não desistir das jogadas, inclusive as praticamente perdidas, incendeiam não só os seus próprios companheiros, mas principalmente o torcedor.
O que faltava era cair definitivamente nas graças da torcida, e isso aconteceu na noite de ontem ao ser ovacionado após marcar o seu gol.
Assim como já vi técnicos ganharem jogos com substituições, vi também perderem jogos com escalações equivocadas.
E o “professor” se perdeu completamente na noite de ontem, ao escalar o meia Luiz Antonio como lateral direito e deixar o zagueiro Samir como lateral esquerdo.
Com isso o Flamengo não tinha a “válvula de escape” pelas laterais e com isso não conseguia chegar ao ataque nas jogadas centralizadas, pois o Coritiba mantinha a compactação na meia-cancha.
E a péssima escalação de Luxemburgo ficou evidente após o Coritiba marcar o segundo gol, quando ele deu um recado ao jogador Luiz Antonio pedindo que o zagueiro Samir se mandasse ao ataque pelo lado esquerdo. Como o jogador não possui nenhum cacoete de lateral, muito menos de ofensividade, o Coritiba não teve nenhum problema por aquele setor.
Nem a escalação de um time misto serve com desculpa para a derrota, pois o Coritiba tinha também o desfalque de Alex, que comparações a parte, talvez represente para o time do Coritiba o mesmo que os vários desfalques do Flamengo.
A vitória de ontem não transformou o Coritiba no melhor time do mundo ou trouxe a ilusão de que o time escapará no rebaixamento no Campeonato Brasileiro, porém trouxe a certeza de que se jogar como ontem, com raça, determinação e compactação, as chances de escapar estão mais vivas do que nunca.
Além disso, o time contará para as próximas rodadas com dois jogadores importantes como os meias Alex e Rosinei. Este último, aliás, deverá trazer uma interessante movimentação pelo lado direito do gramado, função hoje ocupada pelo volante Gil.
Mas é preciso que a diretoria não pense que tudo está resolvido após a vitória de ontem. Um ou dois reforços, de preferência um meia de aproximação e um atacante de área, são fundamentais para ajudar o Coritiba nesta difícil batalha.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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