Falando de Bola
Há muito tempo, o futebol brasileiro, mais especificamente os campeonatos disputados no Brasil, carecem de bons armadores, o verdadeiro camisa 10.
Por aqui já foram vistos jogadores como Pelé, Zico, Rivelino, Ademir da Guia, Pita, entre outros, e mais recentemente Alex e Ronaldinho Gaúcho.
A torcida Coxa teve no maestro Tostão o último camisa 10 de verdade, aquele armador com as características clássicas de um craque, ou seja, lançamentos, categoria para conduzir a bola, precisão nos arremates a gol e ainda a condução do time, aquele jogador que dita o ritmo do time dentro de uma partida.
Alex até poderia ter sido o último grande camisa 10 do Coritiba, porém seus maiores feitos foram realizados com as camisas de Palmeiras, Cruzeiro e Fenerbahçe.
Na própria seleção brasileira que disputou a Copa do Mundo da África ficou evidenciada a escassez de armadores. O principal deles era Kaká, que não tem as características clássicas de um armador, mas sim de um meia-atacante. Seu principal reserva era Julio Batista, também um meia-atacante, que já foi utilizado como centroavante no Sevillha, Real Madrid e por último na Roma.
A tendência atual do futebol brasileiro, quando se fala em meia cancha, é a escalação de volantes que sabem sair para o jogo e chegar à frente, e de meias-atacantes que jogam em velocidade pelos lados do gramado.
Alguns treinadores chegam a escalar três volantes na meia-cancha, além de um meia-atacante jogando como segundo homem de frente, deixando apenas um atacante de referência como o principal homem de ataque.
Na maioria destes casos, os treinadores usam uma linha de quatro na meia-cancha, com dois volantes centralizados e dois meias-atacantes atuando pelos lados do gramado.
Com isso percebe-se a ausência de um armador centralizado. Os maiores prejudicados por esta nova tendência e postura tática são os atacantes, pois os lançamentos e “enfiadas de bola” estão cada vez mais raros ultimamente.
Vemos, portanto que o armador, a cabeça pensante de uma equipe, aquele jogador que segura a bola, faz os lançamentos e assistências e arremata com eficiência, está em extinção no futebol brasileiro.
No futebol brasileiro, poucos fazem com eficiência esta função. Três deles são estrangeiros, o sérvio Petkovic do Flamengo, os argentinos Montillo do Cruzeiro e Dario Conca do Fluminense. Já em relação a jogadores brasileiros, os principais são Paulo Henrique Ganso do Santos, futuro camisa 10 da Seleção Brasileira, Bruno Cezar do Corinthians e Douglas do Grêmio.
Muito pouco para um país conhecido em outrora pela grande quantidade e qualidade de seus camisas 10.
Um fato que pode estar contribuindo para a extinção dos armadores pode estar relacionado com os treinadores das categorias de base dos clubes brasileiros ou mesmo aos treinadores das equipes profissionais.
Um exemplo disso é o meia Marlos, ex-Coritiba e atualmente no São Paulo. Para Marlos tornar-se um armador completo só lhe falta uma precisão maior nos arremates a gol, e nos lançamentos.
Porém, mesmo com características de armador, o meia Marlos tornou-se um meia-atacante, que as vezes tem sido escalado como segundo atacante da equipe paulista.
Quem seria o responsável pela mudança de postura tática dos jogadores:
Os treinadores da base que ensinam seus atletas a jogarem desta maneira ou os técnicos das equipes profissionais que por necessidades táticas escalam seus jogadores em diferentes posições?
Na montagem tática do Coritiba, o técnico Ney Franco sempre priorizou um time veloz, que jogasse com meias-atacantes (Rafinha e Dudu) pelos lados do gramado, em uma linha de quatro.
Na frente, além do homem de referência, um meia-atacante (Marcos Aurélio) jogava solto, sem a obrigação de guardar posição.
Esta postura tática vinha dando resultado, porém os adversários estudaram a foram do Coritiba jogar e com isso, somados a má fase de Marcos Aurélio, conseguiram anular a equipe Coxa-Branca.
Ney Franco então mudou a forma do time jogar, partindo para o 3-5-2. Com isso a participação dos alas é importantíssima, mas este é o ponto fraco do time Coxa atualmente.
Neste esquema ainda a participação de um armador é fundamental, principalmente para que os alas e homens de frente possam receber passes e lançamentos em boas condições.
Mas o Coritiba não tinha, até a contratação do meia Tcheco, um jogador que fizesse com eficiência esta função.
Com a contratação de Tcheco o Coritiba ganhará muita qualidade na meia-cancha, principalmente nas bolas paradas, características principais deste jogador.
Esta poderá ser uma excelente arma do Coritiba para o restante da competição, principalmente para aproveitar a boa estatura dos zagueiros Jeci, Pereira e Cleiton e do centroavante Leonardo.
O ideal era que Ney Franco utilizasse Tcheco como segundo-volante, mesmo sabendo que este atleta já não tem mais o vigor físico de antes, pois com isso os jogadores Rafinha e Marcos Aurélio, Dudu ou Enrico poderia atuar abertos pelos lados do gramado e com um jogador como Tcheco na meia-cancha, poderiam receber bolas em boas condições de chegar ao gol adversário.
A mudança tática, técnica e de postura do Coritiba já poderá ser vista no jogo contra a Portuguesa, se o meia Tcheco for escalado desde o início da partida.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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