Falando de Bola
...arrepia zagueiro, zagueiro. Limpa a área zagueiro, zagueiro. Ele é um bom zagueiro, é o anjo da guarda da defesa, mas para ser um bom zagueiro, não pode ser muito sentimental. Tem que sutil e elegante, ter sangue frio, acreditar em si e ser leal...
Trecho da música “Zagueiro” de Jorge Benjor.
Em tudo somos exigentes, às vezes até demais. Não nos contentamos enquanto não beiramos a perfeição.
Quantas vezes estragamos tudo por querer acertar aquele detalhe que estava faltando, por mais mínimo que fosse, mas que nos incomodava sempre que observávamos.
E como diz aquele famoso ditado, ninguém é perfeito.
Dificilmente vemos algo totalmente perfeito no futebol falando propriamente do coletivo.
Às vezes o time tem uma excelente defesa, mas um ataque inoperante. Às vezes o time tem um meio-campo sensacional, mas uma defesa “peneira”.
E situações assim a própria torcida Coxa enxerga no seu time.
O torcedor do Coritiba está super satisfeito com seu meio-campo e ataque, hoje o melhor do Brasil, em número de gols marcados.
Mas e a defesa, será que a torcida Alviverde está totalmente convencida de que com estes jogadores, o Coritiba poderá ir muito longe no campeonato nacional?
Quantas vezes não só os torcedores, como também os analistas da bola, dizem aos quatro cantos que o Pereira é lento, e que terá sérios problemas quando enfrentar um atacante de velocidade.
Pois no Atletiba ele enfrentou o Guerrón, um jogador rápido e não deixou o equatoriano jogar.
Quem nunca falou que o Jonas não serve para ser titular, pois não sabe apoiar?
Jonas, não precisa apoiar o tempo inteiro, pois sua principal função é defender na linha de quatro zagueiros, deixando que Rafinha faça o papel de ponta-direita. E Jonas tem feito muito bem sua função defensiva. No Atletiba não saiu nenhuma jogada de perigo pelo seu lado.
E Lucas Mendes, um zagueiro improvisado pela lateral-esquerda?
Aplica-se o mesmo caso de Jonas. Além disso, Lucas tem mostrado grande evolução pelo setor, e sendo muito jovem, tem muito a evoluir, pois é um zagueiro que sabe sair jogando.
A única unanimidade na defesa do Coritiba, sob o ponto de vista do torcedor, é o zagueiro Emerson. Com o futebol que vem jogando, tem condições de ser convocado para a Seleção Brasileira.
Nem o goleiro Edson Bastos é unanimidade, pois alguns, como eu, preferiam Vanderlei como titular da meta Alviverde. Mas pelo que o vem jogando nesta temporada, Edson merece envergar a camisa 1. E não só pelo seu desempenho debaixo das traves, mas também pela liderança positiva no grupo de jogadores.
Sinceramente não me recordo, nos últimos anos, de um Atletiba na Baixada em que o Coritiba tenha saído sem levar gols.
Antes de a bola rolar, a grande preocupação era como se comportaria a defesa Alviverde com a pressão que certamente sofreria do adversário.
O Atlético, pelo menos em tempos passados, costumava jogar com muita velocidade para cima do Coritiba, sempre complicando a vida dos zagueiros Alviverdes.
E era justamente nesta velocidade, principalmente de Branquinho e Guerrón, pelos lados do gramado, que estava a principio, o calcanhar de Aquiles da equipe de Marcelo Oliveira.
Mas, o que era para ser a principal preocupação acabou sendo a principal virtude da equipe, responsável pelo caminho que levou o time a vitória.
No primeiro gol, Emerson fez a parede, Pereira cabeceou com precisão, e o atacante Bill, com oportunismo, aproveitou o rebote do goleiro e abriu o marcador.
No segundo, após um passe errado de Paulo Baier, novamente o xerifão Pereira, participou da jogada, fazendo um lançamento, a La Gerson, para Bill, que em um chute milimétrico, para não dizer despretensioso, ampliou o placar.
O terceiro gol foi ainda mais lindo. Dois minutos de troca de passe, bola passando por quase todos os jogadores, com exceção de Bill. O juiz Evandro Roman, vê a bola vindo em sua direção e dá um lindo corta-luz, como não querendo estragar aquele momento mágico. A bola é recuada para o goleiro Edson Bastos, a torcida delira em gritos de olé, que ecoam cada vez mais fortes.
O goleiro Alviverde observa a movimentação do time, os adversários param, como se estivessem maravilhados com aquela troca de passes, o lançamento de Bastos encontra Leonardo, que ganha na corrida, e com um sutil toque encobre o goleiro Renan, que nada pode fazer para evitar o lindo gol, que coroou aquela linda troca de passes, ao som de olé, como nas touradas de Madri.
O Atletiba de 24/04/2011 ficará marcado não só pela conquista do título e pelo recorde de vitórias consecutivas, mas também pelo dia em que a defesa comandou.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
twitter.com/rhonorio
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