Falando de Bola
A leitura da última coluna do meu amigo Alex me trouxe belas recordações.
A principal delas foi à referência ao grande time de 1989 que até hoje tenho esta lembrança viva em minha memória, recordando a magia que aquele time possuía.
O goleiro era o prata-da-casa Gerson, que conseguiu colocar o selecionável Paulo Victor, ex-Fluminense no banco. Gerson não era unanimidade perante o torcedor, porém tinha carisma e era dono de reflexos apurados.
As laterais eram formadas por Polaco e Pecos, dois grandes jogadores, que atacavam e defendiam com a mesma eficiência, com destaque para o lateral-esquerdo Pecos, campeão paulista de 1986 pela modesta Inter de Limeira, dono de uma potente canhota.
Na zaga o xerifão Vica, campeão brasileiro de 1984 pelo Fluminense, e o mineiro João Pedro, que costumava enfeitar as jogadas ao fazer seus lançamentos de três dedos. Dizia à lenda que tinha apenas três dedos em seu pé esquerdo, por isso os lançamentos de “fianco”.
A meia-cancha era o ponto alto deste timaço. Teoricamente o time não contava com nenhum volante, já que Osvaldo o jogador mais recuado, foi campeão mundial em 1983 jogando como armador pelo Grêmio. Osvaldo era o dono da meia-cancha, e graças ao seu completo domínio do setor, os outros meias podiam desfilar livremente seu talento.
Completavam a meia-cancha os jovens Serginho, revelado pelo Pinheiros e Carlos Alberto Dias, talentoso meia-direita, revelado pelo Matsubara, além do craque Tostão, maior jogador que vi jogar com a camisa Coxa.
Sobre Carlos Alberto Dias, o interessante é que este atleta fazia o papel de falso ponta direita, confundindo a marcação adversário, fazendo com que o Coritiba atuasse com três atacantes, mas voltando para fechar o meio quando o time era atacado.
Serginho, além de muito talentoso, tinha muita raça, e com isso ajudava Osvaldo a marcar na meia.
Já Tostão era o craque do time, aquele jogador imprevisível, capaz de fazer jogadas plásticas, sempre com suas largas passadas e a cabeça erguida.
Mas os talentosos meias Alviverdes só jogavam com liberdade graças a Osvaldo, que tinha o completo domínio da meia-cancha.
O ataque ainda tinha o japonês Kazu, xodó da galera, uma espécie de Ariel dos dias atuais, com a diferença que além de fazer seus gols, era também muito talentoso, um espanto para o futebol japonês daquela época que ainda estava dando os primeiros passos no mundo do futebol.
O goleador era Chicão, um experiente centroavante, que fez uma das melhores duplas do Coritiba juntamente com Tostão.
Lembro-me que pegávamos no pé de Chicão pelo fato dele mostrar displicência na marcação da saída de bola adversária. Mas este "defeito" era sempre compensado com gols de cabeça, pé direita, pé esquerdo, enfim de todas as maneiras.
O banco de reservas ainda era composto por jogadores como Marcio Batatinha, Marildo, Marco Aurélio, Sérgio Luiz, Roberto Gaúcho, entre outros.
Mas voltando ao título desta coluna, a comparação com o time de 89, serve para homenagear hoje o verdadeiro dono da meia-cancha Alviverde.
Temos em Marcelinho Paraíba o dono do time, porém o jogador que permite a Marcelinho atuar com extrema liberdade chama-se Leandro Donizete, ou seja, LEÃOdro Donizete, o dono da meia-cancha.
Hoje, Leandro é um dos principais, senão o principal volante atuando no futebol brasileiro. Dono de um pulmão invejável, o “Leão Alviverde”, está em todos os lugares do gramado, não tendo medo de dividir as jogadas, mesmo quando encontra pelo frente os brucutus adversários.
Além do seu alto poder de marcação, Leandro tem mostrado qualidade com a bola nos pés, provada na jogada que originou o pênalti contra o Náutico.
Não resta dúvida que se este volante começar a arriscar mais este tipo de jogada, logo se transformará em um dos grandes meia-canchas do futebol brasileiro.
São jogadores como LEÃOdro Donizete e Osvaldo que permitem a Marcelinho Paraíba e Tostão desfilarem seu talento pelos gramados do futebol brasileiro.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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