Falando de Bola
A minha primeira lembrança de um jogo no Couto Pereira foi em 1981. Sentado no terceiro anel do gol dos fundos, vi uma derrota para o Atlético por 3x1, com o prata da casa Reinaldo Xavier descontando para o Coritiba.
De lá para cá o grande amor pelo Coritiba me fez freqüentar cada vez mais o Alto da Glória, sempre acompanhado do meu fiel amigo Dimas, o grande responsável pelo meu amor ao Coritiba.
Foi no Couto Pereira que vivi grandes momentos, grandes emoções, mas também grandes decepções.
A mais triste de todas, além do rebaixamento em 2005, foi o gol contra de Berg em 1990, que acabou dando o título ao Atlético, que tinha um time infinitamente inferior ao Coritiba do craque Tostão.
Logo ele, Berg, um zagueiro vindo do interior do Paraná, e que eu tanto gostava, e que achava que se tornaria um zagueiro de seleção brasileiro. Mas quis o cruel destino da bola, que o humilde zagueiro ficasse marcado pela perda de um título importante dentro do Monumental Couto Pereira.
Alegrias, dentro do Alto da Glória, foram várias, não tanto como gostaria, mas tive o prazer de ver o grande jogo da semi-final de 1985, contra o Atlético/MG, o gol de Lela no último minuto contra o Santos, que garantiu a classificação do Coritiba, o título de 1986 contra o Pinheiros, o grande time de 1989 que venceu o saudoso e aguerrido União Bandeirantes na final, a vitória por 2x1 no primeiro Atletiba da final de 2004, com direito a gol de placa de Luiz Mário, a vitória por 2x0, no primeiro Atletiba da final de 2008, com direito a gol de placa de Carlinhos Paraíba, enfim se fosse contar todos os meus jogos memoráveis aqui, faltaria espaço para terminar esta coluna.
Mas esta introdução serve também para falar dos grandes camisas 10 que tive o prazer de ver jogar com a camisa do Coritiba.
Vi o garoto Alex surgir, vi o aguerrido Cléber honrar a camisa Alviverde, vi por pouco tempo o raçudo Luiz Mário, mas de todos eles nenhum me encheu tantos os olhos como o meu principal ídolo Alviverde, o craque Tostão, esse para mim o maior camisa 10 da história do Coritiba.
Tostão protege a bola do caído Cambé, com Wilson Prudêncio vindo atrás tentando, em vão, roubar a bola.
Dono de uma técnica refinada, uma visão de jogo apurada, um drible curto de futebol de salão, e um mortal poder de conclusão a gol, Tostão foi maior carrasco dos Atletibas dos anos 80, fazendo a galera Alviverde delirar com os golaços marcados em cima de Marolla nos Atletibas.
Depois de Tostão, os mencionados acima, foram o que mais me encantaram mesmo que por pouco tempo, mas também tive o desprazer de ver aberrações como Paulo César Cruvinel vestindo a camisa 10 de Tostão.
Não tinha mais a esperança de ver grandes camisas 10 vestindo o manto Alviverde, pois em casa não se fabricou até o momento, e com desleal concorrência do futebol internacional, e até mesmo para o eixo SP/RJ/MG/RS, a dificuldade de se contratar craques hoje em dia é extrema.
Mas eis que os “Deuses da Bola” resolveram dar uma mãozinha para os torcedores Alviverdes e colocaram no Alto da Glória um legítimo camisa 10, daqueles que nos fazem encher os olhos, e me faz ter cada vez mais a certeza que estou vendo um novo Tostão com a camisa do Coritiba.
Este novo camisa 10, joga com a 9, que era do menino prodígio Keirrison, mas com a qualidade que possui, e do jeito que carrega o time nas costas, Marcelinho Paraíba poderia jogar com a 3, 5, 6, 8, 7 ou 11, que não faria a menor diferença.
Autor de três dos mais belíssimos gols do campeonato, contra Grêmio, Cruzeiro e Fluminense, Marcelinho prova cada vez mais que ainda existe espaço para o romantismo no futebol.
Que o espaço para o craque jogar sempre existirá, mesmo com o futebol atual sendo dominado pelos brucutus, que fazem uso do físico em detrimento da parte técnica.
Que os “Coxas” que o vaiaram no jogo contra o Cruzeiro, se envergonhem desta intempestiva atitude, reconhecendo o seu erro, e gritando bem alto o seu nome nesta partida contra o Palmeiras.
Mais do que nunca Marcelinho e seus companheiros precisarão do apoio do seu torcedor não só na partida de hoje, como em todo o campeonato.
O Coritiba corre sim risco de rebaixamento, mas possuindo em seu elenco um craque como Marcelinho, melhor jogador em atividade no futebol brasileiro, as chances de alcançar o sucesso são muito maiores do que sem ele.
Vamos em busca da vitória!!
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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