Falando de Bola
Ao vender Junior Urso e William, o Coritiba jogou praticamente o Campeonato Paranaense sem um primeiro volante.
Germano e Gil atuaram por ali sem sucesso, e o resultado ficou visível, a defesa Alviverde ficava sempre exposta.
A chegada de Baraka parece ter suprido a carência da posição, mas ainda é pouco, pois esta posição concentra um alto número de punição por cartões e a única certeza é que este atleta desfalcará o Coritiba em algumas rodadas.
Chico, que até então vinha atuando como quarto zagueiro, seria a primeira opção para o lugar de Baraka, porém Celso Roth o tem utilizado como titular. Dois volantes sem saída de bola e que se limitam a marcar. Apenas um dos dois deveria ser escalado como titular atualmente, mas a opção tática de Roth e a carência visível do elenco trouxeram a possibilidade destes dois atletas atuarem juntos.
Alex não estreou contra a Chapecoense e não enfrentará o Santos pela segunda rodada. Já tinha ficado ausente do jogo contra o Cene pela Copa do Brasil.
Na vitória contra o Cene, Roth optou pelo jovem Dudu, que fez uma boa partida na primeira etapa, caindo de produção no segundo tempo. No jogo contra a Chapecoense optou por colocar um time mais forte defensivamente, deixando apenas Robinho na armação (há pouco tempo Robinho era o segundo volante ideal de um meio-campo idealizado com Junior Urso, Robinho, Botinelli e Alex), montando uma trinca de volantes com Baraka, Gil e Chico.
O Coritiba, com esta opção tática, se defendeu muito bem, porém praticamente não ameaçou o gol adversário.
A escalação de Robinho como único armador poderia ser justificada apenas pelo fato da ausência de Alex e a necessidade de montar um time mais forte na meia-cancha para o jogo fora de casa.
Porém, o técnico Alviverde já ensaia a mesma meia-cancha para o jogo contra o Santos, dentro do Couto Pereira. Portanto a opção tática, não se justifica mais apenas pelo fato da necessidade de se fortalecer defensivamente atuando fora de Curitiba, e sim pela carência de bons jogadores para o setor da meia-cancha.
Mesmo com Alex sendo um jogador tecnicamente impossível de substituir com a mesma eficiência, o Coritiba não possui hoje em seu elenco um meia capaz de trazer a confiança a Roth em escalar um meio mais criativo.
Como Jajá ainda não se encontra em condições ideais para começar uma partida, penso que Denner poderia ser testado. Talvez, seja hoje, depois de Alex, o jogador mais bem dotado tecnicamente do elenco.
Com esta evidente carência na meia-cancha, a possível vinda de Carlos Eduardo, e gostaria que se concretizasse realmente, poderia trazer uma ilha de criatividade em um Coritiba que quando não tem Alex vira um oceano se improdutividade técnica.
Desde a saída de Deivid, os jogadores Julio Cesar, Keirrison e Zé Love são os três atacantes que podem atuar como referência no ataque Alviverde.
Keirrison, ainda parece muito distante de assumir a responsabilidade. Zé Love voltou na última partida, mas ainda não emplacou uma seqüência de jogos e rende mais quando joga vindo de trás e pelos lados. Julio Cesar vem apresentando uma sensível evolução, mostrando principalmente muita disposição e luta na frente, porém precisa ter mais consciência de suas limitações, e isso passa pelos seus improdutivos chutes com violência, que tem passado distantes do gol adversário.
Isso mostra a extrema carência que o Coritiba tem em seu ataque. André Lima chegou a ser anunciado, mas a sua condição física e o imbróglio contratual com o seu time de origem o deixam com pouca possibilidade de vestir a camisa Alviverde.
A carência continuará. Será que o Coritiba poderá apostar suas fichas na luta e disposição de Julio Cesar? Será que Keirrison voltará a ser o K9 que foi artilheiro do Brasileiro em 2008? Será que Zé Eduardo emplacará uma sequência de jogos e fará os gols que a torcida espera?
São perguntas difíceis de serem respondidas, mas com certeza grande parte da torcida Alviverde não enxerga nestes atletas, pelo menos neste momento, jogadores capazes de levar o Coritiba a conseguir uma grande colocação no brasileiro ou mesmo na Copa do Brasil.
A torcida quer reforços, o treinador quer reforços, a diretoria quer reforçar o elenco.
Mas onde estão estes jogadores?
As notícias de todos os clubes mostram a dificuldades em se contratar. Os bons jogadores dentro do futebol brasileiro estão se tornando artigo em extinção. E os poucos que ainda existem são disputados “no tapa” pelos grandes clubes e que recebem milionárias verbas de televisão e patrocínios.
A escassez de bons jogadores se comprova quando lemos a notícia de que Flamengo e Palmeiras disputam a contratação do centroavante Henrique da Portuguesa, aquele mesmo revelado pelo Cianorte e que teve uma passagem apagada pelo Santos.
E o mesmo vale para várias posições, como volantes, meias armadores, laterais, posições cada vez mais carentes de bons jogadores, e que os poucos destaques que aparecem viram disputas entre os clubes e objeto de leilão de seus empresários.
Esse é o futebol moderno, onde a qualidade técnica é cada vez mais rara, os “espetáculos” são praticamente uma lástima, os ingressos cada vez mais caros, os estádios “as moscas”, os clubes cada vez mais falidos, os empresários cada vez mais ricos, os dirigentes de clubes cada vez mais perdidos, e a CBF...bem a CBF cada vez mais interessada somente em enriquecer as custas da imagem da seleção brasileira.
Enquanto isso, você torcedor que separa uma parte do seu salário para se associar ao seu clube do coração continuará sendo enganado e obrigado a ver jogos cada vez mais duros de assistir.
Por isso amigo, a hora de apoiar o movimento Bom Senso é agora. Pois se o marasmo continuar, o futebol moderno continuará cada vez mais em franca “evolução”!
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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