Falando de Bola
Dizem que a medida em que vamos envelhecendo, tudo vai perdendo um pouco da sua graça.
Não sei se esta frase faz sentido, até porque existem coisas que o passar do tempo faz com que possamos aproveitar melhor alguns momentos.
Talvez isso seja "culpa" do amadurecimento, que nos faz enxergar tudo com olhar mais crítico, menos paciente.
Quem nunca olhou para trás com saudosismo, recordando de algumas coisas e deixando-as totalmente sem comparação com coisas vividas no momento atual.
Eu mesmo, ainda escuto os Beatles, aliás nunca deixarei de escutá-los, e tenho cada vez mais a certeza de que a música ruma para um caminho tão sem volta, que os "Garotos de Liverpool" vão sendo cada vez mais eternizados.
O mesmo pode ser dito em relação aos filmes. A tecnologia anda tão presente nas super-produções atuais, que daqui a pouco utilizarão os próprios atores apenas em reproduções computadorizadas, pois o próprio cenário em algumas situações não passa de um fundo azul modificado por programas de computador.
E o saudosismo anda cada vez mais freqüente na vida do torcedor Coxa-Branca.
O ano de 1985, apesar de já estar há longínquos trinta anos, vive cada vez mais presente na mente de cada torcedor do Coritiba. A maior glória Alviverde, com o cenário atual, dificilmente será repetida tão cedo, então cabe ao Coxa-Branca ficar recordando insistentemente das defesas de Rafael, da raça de André, da categoria de Dida, das jogadas do saudoso Toby, das caretas de Lela, do gol de falta de Indio e do pênalti cobrado por Gomes.
Aí o torcedor abre os olhos, e vê o seu time lutando pelo terceiro ano seguido para escapar do rebaixamento no campeonato brasileiro, bem diferente do time que um dia fez a festa no palco sagrado do futebol mundial.
Recentemente nos empolgamos com duas finais de Copa do Brasil, onde o título não foi conquistado, mas sim perdido. O time de 2011 e 2012 não tinha grandes craques, mas tinha um conjunto, tinha fome de gols, tinha jogadores que encaixaram em um esquema ofensivo, que o torcedor ia a campo fazendo apostas de quanto o Coritiba venceria a partida.
Mas este momento também passou, o futebol atual não permite que se mantenha jogadores que se destacam por muito tempo em seu elenco. É só o jogador fazer alguns gols ou dar assistências, que logo vem o futebol árabe, japonês, russo, chinês, mexicano, ou então, Cruzeiro e Palmeiras, buscá-lo.
Assim como também passou a época de Evangelino da Costa Neves, de Zé Roberto, Hidalgo e Krueger, Paquito e Tião Abatiá, de Manga e Freitas, dos campeões de 1985, de Osvaldo, Serginho, Carlos Alberto Dias, Tostão, Chicão e Kazu, de Abel Braga, Sinval e Cleber, das grandes revelações Rafinha, Miranda, Henrique, Adriano, Marlos e Keirrison, de Leandro Donizete, Davi, Marcos Aurélio, Rafinha e Bill, e dos golaços de Pachequinho e Alex.
Como não ter saudades também das festas da torcida, dos papéis picados, dos rolos de papel higiênico jogados em forma de cascata, do espetacular "Green Hell".
Hoje, infelizmente, o torcedor Alviverde tem que se contentar apenas em escapar do rebaixamento e ver as defesas do goleiraço Wilson, os gols de Henrique Almeida, que nem bem vestiu a camisa do Coritiba e já irá embora, e as raras jogadas de efeito de Negueba.
A esperança é que um dia alguém possa criar uma máquina do tempo, no estilo do DeLorean DMC-12, de Martin McFly, para que a torcida Alviverde possa voltar alguns anos e ter novamente o prazer de ver seu time disputando e vencendo títulos relevantes.
Enquanto o DeLorean não é criado, a alternativa é torcer para o Coritiba vencer o Palmeiras, torcer por empates de Avaí e Vasco, mandando assim para longe mais um fantasma do rebaixamento.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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