Falando de Bola
Vivemos em um país onde atualmente se discute a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Uma discussão, onde alguns são contra e outros a favor em punir jovens abaixo de 18 anos pelos seus crimes cometidos.
Não vou entrar no mérito desta discussão, mas para mim não será reduzindo a maioridade penal que os problemas de violência neste país serão resolvidos. O problema é muito mais amplo do que apenas trancafiar um jovem de 16 anos, e o estado brasileiro deveria dar melhores condições de educação e trabalho para que este jovem tivesse a oportunidade de crescer na vida sem cometer atos criminosos.
Por outro lado, atualmente um jovem de 16 anos sabe muito bem o que está fazendo e qual a responsabilidade de seus atos, por isso temos cada vez mais crimes cometidos por menores, pois eles sabem que não serão responsabilizados por isso.
E é justamente na responsabilidade dos jovens de hoje que quero tentar chegar nesta coluna.
Escutei a entrevista do dirigente do Coritiba, Maurício Andrade, onde o mesmo pede mais paciência da torcida Alviverde com os jovens revelados dentro de casa, como se a paciência não fosse uma das virtudes mais exercitadas pelo Coxa-Branca nos últimos anos.
Para o diretor, um "jovem" de 20 anos pode sentir muito a pressão quando entra em campo, e a falta de apoio do torcedor pode levar a intranqüilidade do atleta e conseqüentemente atuações ruins, como temos visto ultimamente.
Concordo quando ele diz que a falta de apoio intranqüiliza o atleta, mas aí acho que vaias vindo da arquibancada durante as partidas não afetam somente o jovem jogador, mas sim a todos que estão dentro de campo, desde os mais novos até alguns experientes.
E discordo quando ele diz que jogadores de 20 anos ainda são muito jovens e tem maior propensão a sentir a pressão que vem das arquibancadas.
E ele cita especificamente três jogadores que mais estariam sentindo, como os laterais Rodrigo Ramos e Henrique, ambos com 20 anos, além do atacante Rafhael Lucas que já possui 22 anos.
Vejam se um jogador de 22 anos ainda não atingiu a maturidade suficiente para saber lidar com as críticas e pressões, quando será então que ele estará apto para lidar com isso? Será que com 30 anos ele será maduro o suficiente?
O interessante é que temos jovens se formando em diversas áreas com 21, 22 anos e tendo que "suar" muito para entrar no concorrido mercado de trabalho, mostrando uma maturidade, as vezes até precoce, que não é vista em jogadores de futebol, assim como jovens de 18 anos que ingressam nas Forças Armadas, e as vezes com 20 anos já são Oficiais.
Para mim o problema atualmente com os jovens jogadores está na maneira com que eles são tratados por quem os rodeia, principalmente os empresários e diretores.
O jogador é mimado o tempo todo, com presentes caros, tapinhas nas costas, elogios, "puxações de saco" de todos os tipos e lindas mulheres os rodeando o tempo todo.
Desta maneira quando é cobrado, se acha no direito de fazer "beicinho", ficar de mal, ou colocar a mão na orelha cobrando elogios, como fez Rafhael Lucas quando marcou o gol da vitória contra o Cruzeiro.
Assim, não atingirá a maturidade nunca, pois sabe que sempre terá o "colo" de um empresário, um diretor ou então de uma "maria chuteira", podendo errar a vontade que sempre terá quem irá apoiá-lo.
Afinal pode falhar na defesa ou perder gols no ataque que ninguém irá responsabilizá-lo, e se a torcida vaiá-lo, sempre terá um diretor saindo em sua defesa, dizendo que o atleta ainda é jovens demais, e a torcida tem o dever de apoiá-lo, ajudando assim em seu processo de transição para o profissional.
Sou da época em que vi o meu time ser campeão brasileiro no Maracanã lotado, competindo em um campeonato muito difícil contra times como o Atlético Mineiro de Reinaldo e Nelinho, o Bangu de Marinho, o Corinthians de Casagrande, o São Paulo de Pita e Careca, o Vasco de Roberto Dinamite, o Flamengo de Zico e Bebeto, o Guarani de Neto, o Fluminense de Assis e Washington, entre outras grandes equipes daquele campeonato.
E neste Coritiba, jovens jogadores como Dida, André, Gil, Hélcio, Lela, Marildo, Vavá e Toby, todos abaixo dos 23 anos, arrebentaram e em nenhum momento sentiram a pressão por serem jovens demais, conquistando o único título nacional da história do clube.
Por isso fico na dúvida, estariam os jovens de hoje sentindo tanto a pressão vindo das arquibancadas por serem ainda imaturos ou por não possuírem a mínima qualidade técnica para virem a ser bons jogadores?
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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