Falando de Bola
Mais uma vez o Coritiba fica pelo meio do caminho na Sulamericana. A derrota para o limitado time colombiano frustra a tentativa de conseguir uma vaga na Libertadores pelo caminho teoricamente mais fácil.
Do jogo pouco a comentar. Se faltou qualidade técnica para a grande maioria dos jogadores, observou-se pelo menos vontade de vencer. E mais, do time que se mostrava um amontoado dentro de campo, já se viu uma organização tática.
A classificação seria perfeitamente natural se o time Alviverde tivesse conseguido a vitória dentro do Couto Pereira. Mas o que aconteceu naquela noite de 24 de setembro, que culminou com as demissões de Marquinhos Santos e Felipe Ximenes, é para ser esquecido.
Na Colômbia, os “15 do Alto da Glória” foram como franco-atiradores, sem muita responsabilidade em trazer a classificação, mas com muita responsabilidade em relação a camisa que vestem.
Mas como no futebol apenas vontade não ganha jogo, o time Alviverde não conseguiu voltar classificado da Colômbia.
Além da falta de qualidade técnica, que talvez não tenha sido o fator mais importante para a derrota, até porque o time colombiano também não era um primor de categoria, o time Alviverde mostrou um cansaço fora do comum, a partir do primeiro gol do Itagui.
Os jogadores do Coritiba, que se lançaram a frente para tentar o segundo gol, não conseguiam acompanhar os adversários quando o time perdia a posse de bola, principalmente quando o time colombiano impunha uma correria pelo lado esquerdo, com o veloz Quiñones.
E na velocidade, o Itagui chegou ao segundo gol, sepultando todas as chances do Coritiba em chegar a uma vaga na Libertadores em 2014. Mesmo que ainda exista uma possibilidade matemática de se atingir este objetivo no Campeonato Brasileiro, a lógica mostra que isso dificilmente acontecerá.
A eliminação na noite de ontem traz uma importante reflexão, analisando de forma conjunta os dois principais campeonatos que o Coritiba está disputando no segundo semestre:
A tão comemorada vaga na Sulamericana de nada adiantará enquanto o time Alviverde continuar penando em campeonatos brasileiros, tendo que priorizar o nacional para fugir do rebaixamento, fazendo do torneio internacional um martírio sem sentido.
Tanto se pede jogadores da base no time de cima, mas quando eles entram mostram o porquê de não serem aproveitados.
Dudu e Zé Rafael, ontem, foram os exemplos crassos do baixo aproveitando de jovens atletas no time de cima.
O primeiro enquanto este em campo não mostrou o porquê de sua escalação como titular, já o segundo entrou “morto” em campo, e nos mais de vinte e cinco minutos que teve para mostrar alguma coisa, nem ao menos demonstrou um espírito de luta.
É inadmissível que jovens que ganham oportunidades de ouro para mostrar seu valor, não demonstrem o mínimo de vontade dentro de campo.
Um bom jogador não vingará apenas por ter boa técnica, mas também por mostrar que a habilidade pode ser aliada a vontade de vencer na profissão. E pelo que demonstraram na partida de ontem, podem ser mais duas boas revelações que ficarão pelo meio do caminho, como tantas outras.
Geralmente as broncas sempre são em cima de pessoas em que se acredita que podem fazer a diferença pela sua qualidade técnica. Pois de nada adianta exigir vontade de jogadores como Ibérbia e Bill, por exemplo, pois isso eles demonstram. Ali falta qualidade técnica mesmo. E isso Dudu e Zé Rafael possuem.
É muita mais fácil exigir vontade de um jogador talentoso do que exigir categoria de um atleta apenas voluntarioso.
A atuação do colombiano Quiñones na noite de ontem provou o quanto um jogador veloz faz a diferença no futebol atual.
Mesmo sendo apenas um jogador comum, sem muita qualidade técnica, o jogador do Itagui deixou a defesa Alviverde em polvorosa com a sua rapidez e deslocamentos pelos lados do gramado.
Após a saída de Rafinha, e a frustrada tentativa com Vitor Junior, o Coritiba ficou sem um atleta de velocidade e perdeu uma grande arma que tinha nos anos anteriores, os contra-ataques.
Não obstante a isso, o Coritiba é hoje um dos times mais lentos do futebol brasileiro na transição meio-campo ataque, justamente por não possuir um atleta com estas características.
Como exemplo, o angolano Geraldo, talvez hoje o atleta mais veloz do elenco, não pode ser considerado um atacante de velocidade, mas sim de drible. E isso pode ser comprovado com as inúmeras vezes que o bom jogador Alviverde se “enrolou” com a bola ao tentar partir em velocidade. Já quando partiu para o drible sem a velocidade, conseguiu, várias vezes “entortar” seus marcadores.
Agora as atenções definitivamente voltam ao Campeonato Brasileiro.
A situação do Coritiba, em que se pese não ser desesperadora, ainda é muito complicada.
Uma vitória sobre a boa equipe do Grêmio, combinada com resultados negativos de Vasco, Bahia e Portuguesa, poderá fazer o Coritiba respirar de forma mais aliviada.
A torcida Alviverde precisará, mais uma vez, jogar com o time e ter toda paciência durante os noventa minutos para que a pressão não se volte contra os jogadores do Coritiba.
Juntos, time e torcida, fazem toda a diferença dentro do Alto da Glória.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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