Falando de Bola
Sete jogos, nenhuma vitória. Apenas quatro pontos somados, dos quais dois foram conquistados dentro de casa. Aliás, apenas dois pontos ganhos no Couto Pereira em nove disputados. Dos doze que disputou longe de Coritiba, o time Alviverde também ganhou apenas dois, nos empates contra a Chapecoense e São Paulo.
Um desempenho pífio, ridículo até, que somente não “elevou” o Coritiba a lanterna do campeonato em razão de que existe um time pior que ele, o Figueirense, que conquistou uma vitória e marcou apenas um gol, perdendo os seis jogos restantes.
Mas mesmo o pior time do campeonato já conseguiu vencer, quando bateu o Corinthians fora de casa, na inauguração da Arena Corintiana, enquanto o Coritiba não consegue atingir a primeira vitória na competição.
O Atletiba foi marcado pela mudança de esquema de Celso Roth, que mostrou não estar ainda com total certeza da maneira que deva armar a equipe.
Quando as coisas não funcionam, os jogadores não correspondem, a solução é tentar mudar o esquema tático para ver se alguma novidade acontece.
Mas o que esperar de uma equipe com três zagueiros, dois volantes que não dão qualidade na saída de bola e dois laterais que deveriam atuar como alas, mas que passaram “dormindo” a partida inteira.
Um time sem nenhuma criatividade, que até manteve a posse de bola na primeira etapa, mas que em momento algum mostrou ofensividade para chegar ao gol atleticano.
Ou seja, um domínio ilusório que evidenciou ainda mais a falta de jogadores qualificados no elenco e que tragam alguma esperança de recuperação no campeonato brasileiro, pois com os atletas que entraram em campo na tarde de ontem, a ilusão de que o Coritiba sairá desta situação não existe.
Até o craque Alex foi contaminado pelo marasmo e pela preguiça do time Alviverde e apareceu de forma muito discreta na partida, bem distante do grande futebol que ainda possui e que o faz estar anos luz a frente dos seus colegas de elenco na questão de categoria e técnica.
E quando o craque do time se mostra apático, é sinal de que não é apenas hora de mudança, mas sim de uma reformulação geral no time, enquanto ainda existe tempo.
Engana-se aquele que acredita que a parada da Copa será boa para o Coritiba. O recesso será a oportunidade que todos os times esperam para acertar a sua equipe e crescer no campeonato, portanto de nada adianta este tempo para treinamento se o grupo de jogadores não for qualificado.
E se as contratações futuras fossem baseadas no time titular que entrou ontem em Maringá, o Coritiba precisaria trazer sete jogadores, pois apenas Luccas Claro, Leandro Almeida, Carlinhos e Alex poderiam compor o onze que entra jogando.
Em sete partidas, o técnico Celso Roth conseguiu apresentar um time brigador, com exceção do jogo de ontem, onde todos pareciam estar contagiados pela preguiça, porém a falta de qualidade técnica impediu que a raça que o time apresenta fosse suficiente para conquistar vitórias.
Infelizmente, a paciência com o treinador Alviverde começa a diminuir, principalmente após a desastrada escalação na partida de ontem e a insistência com jogadores que não demonstram ser capazes de tirar o Coritiba desta situação.
A manutenção de Victor Ferraz no time titular, quando o melhor lateral-direito do campeonato paranaense foi contratado, a insistência com dois volantes que não sabem o que fazer com a bola quando ela está em seus pés, são dois equívocos que Roth vem cometendo reiteradamente.
Soma-se a isso a falta de criatividade na meia-cancha, onde Alex, principalmente, tem sido extremamente prejudicado ao ter que retornar para buscar a bola, para tentar dar melhor condições de finalização aos atacantes. Mas com isso, chega sem forças ao ataque e sem condições de chutar em gol, sua principal qualidade.
Além do ataque, que não possui um jogador confiável e que traga efetivo rendimento ao time. Na fase em que o time se encontra, insistir com Julio Cesar, Zé Eduardo, Keirrison, Geraldo, Roni não trará nenhum resultado.
Se o erro na escalação e a insistência com alguns jogadores podem ser atribuídos a Roth, o mesmo não pode se dizer com a falta de peças melhores para o meio-campo e ataque. Aí a culpa é da diretoria, que não consegue encontrar soluções para resolver os problemas do time.
Se a falta de dinheiro é o principal entrave para a contratação de novos jogadores, então que a diretoria venha a público e definitivamente diga que o Coritiba irá com o que tem a disposição até o fim da competição.
O que não pode acontecer é a torcida escutar que todos estão trabalhando, que a diretoria vem observando jogadores, mas de resultado prático nada acontece.
A não utilização dos jogadores da base no time titular do Coritiba é algo digno de estudo dos mais renomados cientistas.
Ontem, o Atlético ganhou a partida com Cleberson, Léo Pereira, Otávio, Deivid, Marcos Guilherme e Douglas Coutinho, todos formados no CT do Caju. Enquanto o Coritiba perdeu com seus experientes jogadores, tendo apenas em Luccas Claro e Keirrison, que entrou na segunda etapa, atletas formados dentro do Couto Pereira.
Se a base Alviverde não apresenta bons valores, então que toda a estrutura do amador seja revista, pois é inadmissível um gasto enorme para se manter as categorias de base, quando uma quantidade ínfima de jogadores é aproveitada. Um clube endividado como o Coritiba e que recebe cotas de tv e patrocínios muito menores do que os grandes clubes do futebol brasileiro não se pode dar ao luxo de manter uma alta despesa com a base apenas para a conquista de títulos amadores que não trazem nenhum benefício concreto ao clube.
Com o que é visto atualmente dentro de campo, é inadmissível que Celso Roth não utilize ao menos o garoto Denner na equipe titular. Este atleta, aliás, poderia ser uma alternativa para a melhora da saída de bola da equipe. Mas enquanto for preterido por jogadores como Chico, Baraka, Norberto é sinal de que alguma coisa está errada na política de revelar jogadores do Coritiba.
É triste admitir, mas a realidade é cada vez mais cruel. Com este grupo de jogadores, dificilmente o Coritiba escapará da segunda divisão!
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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