Falando de Bola
Não acompanhei aos dois últimos jogos do Coritiba no Couto Pereira.
Na vitória sofrida contra o Operário, uma viagem a trabalho me impediu de estar no estádio.
Já na partida contra o Prudentópolis, a falta de vontade de ir ao jogo, isso mesmo amigo leitor, você não leu errado, me fez optar por ir ao cinema com a minha filha em vez de ir “sofrer” no Alto da Glória.
Portanto, não ter visto “in loco” os dois últimos jogos me impede de fazer uma análise mais aprofundada sobre o time Coxa-Branca.
Mas algumas coisas ficam extremamente visíveis, e não foi preciso estar no estádio para chegar a esta conclusão.
Uma delas é que o Coritiba precisará ser reforçado se quiser ter uma temporada melhor e menos sofrida do que 2013.
Hoje, o time não tem nenhum primeiro volante. Germano e Gil estão sendo escalados para dar proteção a zaga, mas nenhum deles tem a característica de ser o “cão de guarda”. Pelo contrário, costumam se mandar ao ataque, deixando a defesa desguarnecida e sendo alvo fácil dos atacantes adversários.
Se times fracos como Operário e Prudentópolis estão fazendo gols no time Alviverde, o que será então do Coritiba quando enfrentar adversários mais qualificados na seqüência da temporada?
É hora do técnico Dado Cavalcanti ser corajoso e colocar o garoto Ícaro, que é da função, como primeiro volante. Se não confia neste atleta, então que puxe algum garoto da base. O que não pode continuar acontecendo é optar por Gil ou Germano, apenas por serem jogadores mais experientes.
Experiência não significa qualidade. A qualidade pode vir de um jovem inexperiente.
E outro fato que prejudica o time com a ausência de um jogador específico para esta função, é que um primeiro volante tem também como característica o fato de comandar o time, fazer a transição da defesa para o ataque, além de garantir a segurança para os defensores. Ou seja, uma função extremamente importante no futebol atual.
A lateral direita continua sendo um problema para o time. Moacir veio, mas ainda não convenceu como lateral, e talvez mereça uma oportunidade como primeiro volante com a escassez de jogadores na posição. Victor Ferraz, continua com a sua irregularidade e está longe de ser a solução para a posição. E Norberto, que veio contratado como lateral, tem atuado como meia. Talvez seja a hora de ser escalado como lateral-direito.
Com Roni e Geraldo fora, o Coritiba continua sofrendo com a ausência de jogadores de velocidade,problema já enfrentado em 2013. Como esta é uma posição suscetível a choques e conseqüentemente contusões, o Coritiba poderá reiterar na ausência de jogadores com esta característica, se não for ao mercado e trazer alternativas.
Torço muito pelo sucesso do técnico Dado Cavalcanti, mas vejo o treinador tendo muitas dificuldades neste início de temporada.
Com a falta de um primeiro volante de ofício, Dado tem se perdido, não só na escalação da equipe, como nas alterações que efetua durante a partida.
Na ânsia de virar um resultado, como na partida de ontem, acaba fazendo alterações que deixam a equipe ainda mais exposta e suscetível aos contra-ataques do adversário.
A saída de Germano para a entrada de Norberto mostra isso. Gil, dificilmente guarda posição, caindo com freqüência pelo lado direito, fazendo com que a função de volante central ficasse praticamente sem ninguém. Robinho, que deveria auxiliar Alex na armação das jogadas, se vê praticamente obrigado a recuar para fazer esta função, que deveria ser feita por Gil.
Isto deixa o Coritiba totalmente desguarnecido a frente de sua área, além de prejudicar sensivelmente a cobertura aos laterais.
Um fato que vem sendo observado nos jogos do Coritiba é a constância que os atacantes adversários aparecem no costado dos laterais Alviverdes, fazendo com que os zagueiros precisem sair para o primeiro combate, aparecendo sempre um atacante livre na área para concluir em gol.
Mesmo sem acompanhar a partida de ontem, penso que a entrada de Victor Ferraz no lugar de Germano, com Moacir passando a fazer a função de primeiro volante, poderia dar mais sustentação defensiva ao time, sem perder o poder ofensivo, já que Gil poderia fazer a dobradinha com Victor pelo lado direito.
As vezes é preciso que o treinador faça o simples. O simples também ganha jogo. E não adianta o treinador reclamar da postura defensiva da equipe, se ele mesmo colaborou para que a defesa fosse prejudicada pela ausência de uma proteção maior no setor da meia-cancha.
Mesmo enfrentando adversários “teoricamente” frágeis, o Coritiba ainda não conseguiu convencer neste início de temporada, mesmo sendo o líder da competição, e talvez torne-se necessário que Dado Cavalcanti reveja seus conceitos na formação da equipe.
Sem muitas opções no elenco, o Coritiba tem até o início do Campeonato Brasileiro para testar jogadores, principalmente os jovens que foram incorporados ao grupo principal, e tentar iniciar a montagem de um time capaz de fazer boas campanhas nas competições que for disputar até o final do ano.
Mas a vinda de reforços qualificados para as posições carentes é fundamental para a trajetória da equipe na temporada.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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