Falando de Bola
Há tempos não consigo assistir sentado a um jogo do Coxa. Mas também não sou daqueles que acompanham as jogadas, como se fosse um atleta, se o Coritiba vai para lá, eu vou, se o Coritiba vem para cá, eu também venho.
Nas sociais inferiores eu já vi um torcedor assim, ele acompanha o time em qual parte do campo de jogo ele estiver. Não contente em apenas acompanhar, ele grita, passa instruções aos jogadores, chuta o invisível, cabeceia o ar, acompanha como se estivesse dentro do gramado.
Já eu, vivencio o jogo sim, mas gosto de observar, ficar atento ao posicionamento, fundamentos, funções táticas, marcação do adversário, entre outras coisas que um apaixonado gosta de acompanhar.
No último jogo, na apertada vitória sobre o Corinthians Paranaense, me imaginei no lugar de Marcelo Oliveira naquela partida.
O jogo estava duro, o Coritiba não conseguia superar a boa marcação imposta pelo adversário.
Eu pensando o que Marcelo Oliveira poderia fazer para furar aquele ferrolho armado pelo treinador Luciano Gusso.
Antigamente, a primeira coisa que vinha a cabeça de um torcedor, quando seu time empatava ou perdia o jogo, era a substituição de um volante, por um meia avançado ou um atacante.
Mas como tirar hoje do time os dois volantes Leandro Donizete e Léo Gago?
Leandro é responsável pelas roubadas e bola e início dos contra-ataques. Já Léo é praticamente um armador, o cara que dá o equilíbrio a meia-cancha, consegue os espaços com suas viradas e jogo e lindos lançamentos, com a diferença de que ainda marca muito.
Eu continuava pensando no que fazer para que o Coritiba conseguisse marcar seu primeiro gol.
O time foi para o intervalo e comecei a colocar minha cabeça de “técnico” para funcionar.
O time tem que ir para frente, pensei. Tem que arrumar um jeito de jogar pelos lados.
Na teoria seria simples, eu tiraria um zagueiro, no caso Cleiton, que estava pendurado e também por jogar pela direita, e colocaria o meia-atacante Geraldo. Explicarei isso, na sequência.
Com isso o time passaria a jogar em um 3-5-2. Pausa para uma dúvida, logo eu que sou contrário a este esquema, colocaria o time para jogar assim?
A intenção era abrir o jogo, fazer o time jogar em velocidade pelos lados do gramado, usando a velocidade, técnica e drible de Geraldo e Everton, já que pelo meio dificilmente o time conseguiria algum resultado.
Na zaga, Jonas pela direita (aí está à explicação para a saída de Cleiton), Pereira na sobra (onde é soberano) e Lucas Mendes pela esquerda, como zagueiro.
Geraldo e Everton Ribeiro fariam os alas pelos lados do gramado, pela direita e esquerda respectivamente. Everton poderia render bem mais atuando pelo seu lado.
A meia e o ataque continuariam com Leandro Donizete, Léo Gago, Davi, Anderson Aquino e Bill.
Mas será que isso realmente funcionaria, comecei a me perguntar?
O problema do time estava no meio, onde pela primeira vez no ano, não conseguia controlar o setor, e eu estaria tirando um jogador dali (Everton Ribeiro), para colocá-lo pelos lados do gramado.
Adiantaria colocar o time para jogar pelos lados, se justamente por ali, o Corinthians conseguia fechar bem as saídas, em suas duas linhas de quatro?
Provavelmente com esta alteração, o time ficasse ainda mais frágil em sua meia-cancha, e o resultado final tivesse sido diferente do que realmente aconteceu.
O time volta para o segundo tempo. Abro meu olhos e vejo que a minha sonhada alteração tática não aconteceu.
Acertei na saída de Cleiton, mas Marcelo Oliveira optou pela entrada do lateral-esquerdo Denis.
A opção teria sido pela velocidade do lateral, e para utilizar o seu bom aproveitamento nas bolas paradas.
Depois ainda, Marcelo tentou melhorar a marcação e a saída de bola pela direita com a entrada de Marcos Paulo, que infelizmente entrou mal no jogo.
Após, colocou Leonardo, tirando Davi, o único armador. O meia estava cansado, se arrastando em campo.
O time passou a jogar em um 4-3-3, já que Aquino que deveria ocupar a sua posição de meia, não estava em uma boa noite, deixando o setor a cargo dos três volantes.
As alterações podem não ter dado totalmente o resultado que o treinador Alviverde esperava, mas o fato é que o Coritiba ganhou o jogo, manteve a invencibilidade de 23 jogos, com 18 vitórias consecutivas.
Ao final do jogo cheguei à conclusão de como é difícil a vida de um treinador.
Se o time perdesse, ele seria o culpado pelas substituições equivocadas. Como o time ganhou ninguém vai criticá-lo por isso, pelo menos publicamente.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
twitter.com/rhonorio
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