Falando de Bola
A conquista
Após, trinta e nove anos, o Coritiba Foot Ball Club volta a recuperar a hegemonia do futebol paranaense e conquista o tri-campeonato estadual, o segundo em sua história.
Quis o destino que o título viesse sob a batuta de Marcelo Oliveira, um treinador inteligente, honesto e trabalhador, mas que para parte da torcida Coxa, ficará marcado pela perda da Copa do Brasil.
Nada mais justa e merecida do que esta conquista para o treinador Alviverde, que teve que remontar o seu time após a saída de peças importantes, e mais difícil ainda ter que provar que no futebol brasileiro, um treinador pode sim, ter vida longa no clube que está trabalhando.
Parabéns a todos os envolvidos, mas principalmente ao presidente Vilson Ribeiro de Andrade, que mesmo com sua saúde debilitada vem provando que com um trabalho sério, competente e profissional, a chance de conquistar o sucesso é muito grande.
O jogo
Pela postura de Ramon Carrasco durante este começo de temporada, esperava-se um clássico aberto, com muitas jogadas ofensivas, onde a bola praticamente não pararia na meia-cancha.
Porém, para a surpresa de muitos, o treinador atleticano optou por povoar a meia-cancha, abdicando do esquema com três atacantes.
Esta surpresa na escalação atleticana complicou a vida do Coritiba na primeira etapa, pois com apenas Junior Urso marcando no meio, já que Tcheco não estava em boas condições físicas, o time Alviverde perdia a meia-cancha e tinha que correr atrás da bola, praticamente não criando nenhuma chance de gol.
O time atleticano apesar de chegar mais vezes, também não criava chances de gol, e o jogo mostrava uma pobreza técnica impressionante, dando a impressão que o jogo seria vencido por quem tivesse mais vontade.
A entrada de Djair no lugar do machucado Tcheco equilibrou um pouco as ações na meia-cancha, porém foi à entrada de Everton Costa, no intervalo, que mudou o panorama da partida.
Com Anderson Aquino em campo, o Coritiba não conseguia segurar a bola no ataque, já que Roberto também não fazia uma boa partida.
Quando Everton Costa entrou, o time Alviverde cresceu em campo, passando a ter mais posse de bola e segurar a bola no ataque, porém as chances de gols continuavam escassas, para ambos os times.
O tempo regular terminou empatado em 0x0, mostrando um dos Atletibas mais fracos tecnicamente da história deste clássico.
Os pênaltis
As cobranças de penalidades máximas, por si só, já são um teste para qualquer cardíaco, porém quando são disputadas em um Atletiba decidindo um campeonato que poderia levar o Coritiba a ser tri-campeão, a adrenalina aumenta ainda mais.
Após boas cobranças de Lincoln e Roberto, a adrenalina foi ao pico máximo no Alto da Glória quando Junior Urso foi para a cobrança.
Mas com um chute forte e rasteiro no canto direito de Rodolfo, que chegou a ir na bola, a confiança pairou em todos os torcedores Alviverdes, que sabiam ali que o destino traria a conquista ao Alto da Glória.
E quis o destino que o “craque” Guerrón, o mais badalado jogador atleticano, o queridinho da imprensa paranaense, perdesse a penalidade, com Vanderlei defendendo com as pernas a cobrança em seu canto esquerdo, fazendo explodir de alegria o Couto Pereira.
Everton Costa batendo bem colocou o Coritiba em vantagem. Liguera ainda empatou, mas Everton Ribeiro com categoria e frieza deslocou o goleiro atleticano, marcando o quinto gol que deu o tri-campeonato ao Coritiba.
Os destaques
Grande parte dos destaques Alviverdes no clássico esteve na parte defensiva.
Vanderlei, sempre seguro durante o tempo regulamentar e um “monstro” nas cobranças de pênaltis.
Emerson e Lucas Mendes mostraram uma incrível regularidade, colocando no “bolso” os atacantes Guerrón e Edgar Junior.
Gil, mesmo improvisado na lateral, mostrou uma raça impressionante, tendo fôlego para defender e atacar. Mostrou ainda uma qualidade importante para um lateral, a procura pelas jogadas de linha de fundo.
Junior Urso foi um leão na meia-cancha. Desarmou várias bolas importantes, uma delas em uma impressionante recuperação contra Guerrón. Falhou em alguns passes, mas sua atuação como “ladrão de bolas” compensou sua fragilidade técnica.
O único destaque ofensivo do time foi o atacante Everton Costa, que fez sua primeira partida no ano.
Pela primeira vez desde que chegou ao Coritiba, Everton mostrou muita força ofensiva, fazendo bem a função de pivô e fazendo boas jogadas individuais, lembrando as suas excelentes atuações no tempo do Caxias e que o levaram a ser contratado.
Já o grande destaque do Coritiba no campeonato paranaense, além do zagueiro Emerson, que marcou oito gols, foi o meia esquerda Everton Ribeiro.
Everton, finalmente mostrou o grande futebol que o levou a ser contratado pelo Coritiba, com um investimento alto pelo seu passe. Com um futebol de toques rápidos, e muita qualidade técnica, o jogador tornou-se o principal articulador das jogadas ofensivas do time, se tornando uma excelente opção para a seqüência da temporada.
O esquema tático
De um lado o Coritiba com apenas um volante em campo, do outro um Atlético surpreendendo com cinco volantes.
Um na lateral direita, um no miolo de zaga e três na meia-cancha. E foram justamente os três volantes da meia-cancha que surpreenderam a equipe do Coritiba e que deram uma superioridade campal ao time atleticano na primeira etapa.
Com roubadas de bola no meio, e força na saída de bola, o Atlético conseguia boas saídas pelo lado do gramado, com Zezinho pela esquerda e Deivid pela direita.
O Coritiba apenas conseguiu igualar as forças com a entrada do volante Djair no lugar de Tcheco.
Essa superioridade atleticana mostra que no futebol atual um time para ser ofensivo e ter posse de bola não passa, necessariamente, pela escalação de três atacantes, dois armadores e somente um volante.
Talvez um time bem equilibrado, com dois volantes pelos lados e que saibam jogar, formando a meia-cancha em losango, possam levar o Coritiba a fazer bons jogos no Campeonato Brasileiro, principalmente nos jogos fora de casa, quando a marcação poderá ser prioridade.
Atualmente no Brasil, apenas um time pode se dar ao luxo de ser escalado totalmente ofensivo, o Santos.
O vexame
Vexatória, infantil e irresponsável a postura de Mario Celso Petraglia nas redes sociais antes e durante o Atletiba.
Desrespeitando instituições, jogadores e árbitros, Petraglia mostra uma postura totalmente amadorística, bem diferente do que se espera de um dirigente de um clube que já foi campeão brasileiro, mas que atualmente vive mais da ilusão do que propriamente da realidade.
As atitudes do “mandatário” atleticano vêm de acordo com as atitudes de muitos dos políticos brasileiros, onde em um “mando e desmando” fazem o que querem, dizem o que querem, sem se importar com a conseqüência dos seus atos.
Gostaria realmente de saber quais serão as atitudes que a FPF e CBF tomarão para punir Petraglia e seus atos irresponsáveis.
Mas infelizmente, acredito que terminará em pizza, como tudo neste Brasil, de tantas riquezas naturais, de um povo trabalhador, mas de imensa corrupção, injustiças, irresponsabilidades e impunidades.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
twitter.com/rhonorio
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