Falando de Bola
O ano começa turbulento para o Coritiba.
A saída de Deivid, que acionou o clube na justiça, já está repercutindo negativamente em todo o cenário nacional.
O “calote” que levou do Coritiba chega a ser “surreal” em razão do que propagava a diretoria Alviverde quando assumiu o clube.
A plataforma de campanha era salários em dia e quitar as dívidas das gestões anteriores.
Os salários não estão em dia, como agora de mostra publicamente, independente de considerar que direito de imagem é salário ou não. O fato é que o atleta, caro por sinal, só acertou com o clube em razão de parte do seu salário mensal ser pago através do “estranho “ direito de imagem. Não acredito que Deivid viria para o Coritiba apenas para receber o que estava acordado em CTPS.
Com isso, era dever do Coritiba pagar o que foi acordado. Neste ponto o jogador tem razão. Foi procurar os seus direitos na justiça trabalhista. O “estratosférico” valor solicitado em juízo deverá sofrer uma grande redução após as audiências. Mas o fato é que o Coritiba de hoje volta a ser o Coritiba de ontem, quando pipocavam reclamatórias trabalhistas.
Quanto ao pagamento das dividas anteriores, de nada adiantará se o clube contrair novas dívidas.
Como a saída de Deivid refletirá em possíveis novas contratações para o Coritiba?
Talvez elas se tornem mais difíceis e mais escassas.
E ao que parecem se a situação não for resolvida, Leandro Almeida poderá ser o próximo a buscar o mesmo rumo de Deivid.
Deivid fará falta dentro de campo, independente se jogou muito ou pouco em 2013.
A sua inteligência tática era fundamental para o rápido raciocínio de Alex.
Não acredito que neste momento, Julio Cesar, Keirrison, Zé Eduardo e Anderson Aquino consigam suprir esta lacuna com a mesma eficiência.
O Coritiba tinha em seu elenco um jogador que ainda era um dos grandes atacantes do futebol brasileiro. Será difícil achar um com as mesmas características e qualidade e por um valor que o clube possa pagar.
Para o campeonato paranaense, os quatro citados acima deverão dar conta do recado, até porque os rivais são fracos e o Atlético Paranaense dificilmente usará o seu time principal nesta competição.
Mas e para o campeonato brasileiro?
A tendência será mais uma vez o craque Alex carregar o time nas costas.
A prolongada pré-temporada do time Alviverde serviu para dar uma melhor condição física aos principais atletas do elenco.
Não entrando no mérito das famigeradas contusões musculares em profusão, a programação executada em Foz começa a ser prejudicada a partir do momento em que o clube começa a negociar os jogadores que fizeram parte do trabalho iniciado na segunda metade de janeiro.
Junior Urso foi o primeiro a ir embora. William acertou com o Cruzeiro. Deivid pediu em juízo a sua rescisão, e agora Lincoln, acerta a sua saída para o Bahia.
Quatro atletas que estavam na programação da comissão técnica e que deixam o Coritiba teoricamente “super bem preparados fisicamente”, fato que será extremamente útil para os seus novos clubes.
Para um time que tinha vinte jogadores em Foz, perder 20% dos seus atletas trará um sensível prejuízo na programação para a sequência da temporada.
Enquanto isso, o técnico Dado Cavalcanti começa a ver cada vez mais escassas as suas opções para montar o seu time titular, seja por contusões (Roni, Geraldo, Leandro Almeida, Norberto), seja pelas saídas citadas.
O único lado positivo das saídas de Lincoln e Deivid é o “alívio” na folha de pagamento do clube. Alívio este que se torna ilusório, se considerarmos que os dois jogadores não vinham recebendo o seu direito de imagem há muito tempo.
A diretoria precisa agir. Quitar as pendências com os atletas e ainda trazer novos jogadores para suprir as ausências dos volantes e de Deivid.
Como Alex não deverá atuar em todas as partidas do ano, é necessários trazer alguém para suprir a ausência de Lincoln e que tenha características técnicas semelhantes, porém que seja mais participativo e regular.
Talvez seja a hora de dar mais oportunidades para Denner, que tecnicamente já mostrou ter condições de atuar com o grupo principal.
Mas Dado, ao ter Lincoln fora da relação para o jogo contra o Operário, prefere convocar o lateral esquerdo Diogo para fazer parte dos atletas relacionados.
A falta de dinheiro deverá fazer com que o Coritiba recorra em muitos jogos a atletas das categorias de base. O problema, é que como foi observado nas primeiras cinco partidas, são muito poucos os jogadores qualificados para fazer parte do grupo principal.
O tempo irá dizer a falta que a saída de Urso, William, Deivid e Lincoln fará ao Coritiba, mas ele urge, e a diretoria não pode ficar “parada, com a boca escancarada cheia de dentes, esperando a morte (um novo rebaixamento) chegar."
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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