Falando de Bola
Em uma das noites mais frias do ano na capital paranaense, o Coritiba mostrou um futebol pragmático, previsível e apenas empatou com o Palmeiras, conquistando apenas um ponto em seis disputados nos dois últimos jogos dentro do Couto Pereira.
Errando muitos passes na meia-cancha e mostrando grande insegurança defensiva pelo lado direito, o Coritiba encontrou muitas dificuldades para superar a forte marcação imposta pelo time de Felipão.
Como vem sendo a tônica nos jogos disputados dentro de casa, o Coritiba começou muito forte, atuando praticamente dentro do campo do Palmeiras.
Logo no começo da partida, o lateral-direito Maranhão, mais consistente ofensivamente que Jonas, conseguiu um escanteio pelo lado direito.
Na cobrança uma cabeçada firme defendida pelo goleiro Marcos e no rebote o zagueiro Jeci apareceu de surpresa e abriu o placar em favor do time Coxa-Branca.
O gol logo no início animou a torcida Alviverde, que pulava e cantava tentando espantar o forte frio que pairava sobre o Couto Pereira, que dava uma sensação térmica abaixo de zero.
Mesmo com o placar favorável, o Coritiba continuou em cima do Palmeiras e aos 14 minutos aconteceu o lance que poderia ter definido a partida em favor do time Coxa-Branca, quando Bill recebeu sozinho na frente do goleiro Marcos, e batendo de forma displicente perdeu uma oportunidade incrível de ampliar o placar.
No futebol, existem duas posições que podem levar o jogador a glória, mas por outro lado pode levá-lo a queda em pouco tempo. O goleiro não pode falhar nunca, já que um minuto de bobeira ou desatenção pode levar seu time a derrota. Já o centroavante não pode perder as poucas oportunidades que aparecem, pois além de deixar de levar seu time a vitória, pode ocasionar uma derrota.
Após o incrível gol perdido por Bill, o Palmeiras cresceu na partida, e os “cai-cais” Kleber e Valdivia começaram a cavar faltas próximas a área, sempre pelo lado esquerdo, o que favorecia as cobranças do destro Marcos Assunção.
O juiz apitava todas as “quedas” dos jogadores Palmeirenses, e em uma delas, aos 19 minutos, Marcos Assunção bateu, a bola desviou na cabeça de Léo Gago e acabou no fundo das redes de Edson Bastos.
O empate palmeirense mudou completamente o panorama da partida. O Coritiba se perdeu, assim como na partida contra o São Paulo e começou a apresentar erros infantis de passes, além de insegurança defensiva.
A constante troca de passes em frente à área Coxa-Branca, devido a falta de criatividade na meia-cancha, irritava a torcida Alviverde, que previa pelo pior, principalmente na possibilidade de um erro de passe, que poderia ser fatal.
O panorama não mudou muito na segunda etapa, pelo menos até os 30 minutos, quando na base do abafa, o Coritiba pressionou o Palmeiras.
Mas a tática adotada não foi a mais interessante, pois os jogadores Alviverdes insistiam nos “chuveirinhos” para a área, quase sempre com o lateral Triguinho, que entrou no lugar de Eltinho.
Mas os cruzamentos eram feitos sem nenhuma qualidade, praticamente balões para a área, favorecendo o corte pelos zagueiros adversários.
É inadmissível que um jogador profissional não domine o principal fundamento inerente a sua posição dentro de campo. Receber bolas livres, e tentar o “chuveirinho” em vez de tentar jogadas de linha de fundo, faz com que a maioria de suas jogadas se tornem infrutíferas. Isso mostra a falta de personalidade do jogador, que prefere se “livrar da bola” do que tentar uma melhor jogada, que pode resultar em melhores oportunidades.
A melhor chance do Coritiba foi do meia Rafinha, que pelo lado direito, fez boa jogada, mas acabou concluindo em cima do goleiro Marcos, que fez uma grande defesa.
Final de jogo, Coritiba 1 x 1 Palmeiras, e o décimo ponto perdido dentro do Couto Pereira, em vinte e quatro disputados..
Além dos erros de passes e da insegurança defensiva do lado direito, a má apresentação individual foi um dos grandes problemas apresentados pelo Coritiba na partida de ontem.
Léo Gago, Marcos Aurélio, Rafinha e Anderson Aquino fizeram uma partida muito aquém do que realmente pode apresentar.
Rafinha, que atuou pelo lado esquerdo praticamente toda a partida, provavelmente para segurar as subidas do lateral Cicinho, só mostrou um bom futebol, após a entrada de Anderson Aquino, quando voltou a atuar pelo lado direito.
Já Léo Gago, errando muitos passes, e Marcos Aurélio, sonolento, displicente e sem movimentação, foram peças nulas dentro do esquema de Marcelo Oliveira.
O lado positivo foi, mais uma vez, a boa apresentação do meia Tcheco, que comandou a meia-cancha e foi o responsável pela armação das jogadas de ataque do Coritiba, mostrando muito mais disposição do que jogadores bem mais jovens do que ele.
Se todos os atletas do Coritiba, principalmente homens de frente como Davi, Marcos Aurélio, Leonardo e Anderson Aquino mostrassem a mesma disposição que Rafinha, Bill e Tcheco, a situação do Coritiba poderia ser bem diferente neste campeonato.
Mas a entrada de Tcheco no time talvez tenha sido uma das principais razões para a queda de produção do time, não pela qualidade indiscutível do jogador, mas sim pela mudança de esquema tático.
Sem ele em campo, o Coritiba jogava com 2 volantes e 3 meias que se movimentavam muito e que eram o principal diferencial do time que encantou o Brasil.
Com Tcheco e sem Davi, o Coritiba atua praticamente com três volantes, e a presença de Tcheco em campo, praticamente inibe a saída de bola de Leandro Donizete e os lançamentos de Léo Gago, uma vez que toda a saída de bola tem passado por Tcheco.
Com isso diminuem as opções ofensivas que ficam resumidas a três jogadores, quando eram quatro com a presença de Davi em campo.
Para que o Coritiba volte a apresentar um bom futebol, principalmente dentro de casa, talvez seja necessário que Marcelo Oliveira reveja esta situação e decida por Tcheco ou Léo Gago e não os dois ao mesmo tempo.
A má campanha fora de casa, e a grande perda de pontos dentro do Couto Pereira devem servir para que, temporariamente, a diretoria, comissão técnica e o grupo de jogadores parem de sonhar com a Taça Libertadores, e se preocupem em melhorar a situação da equipe na tabela, visando principalmente afastar o time da perigosa zona do rebaixamento.
Enquanto o Coritiba continuar fazendo uma campanha irregular no campeonato, o fantasma do rebaixamento continuará assombrando o Couto Pereira.
Mais do que isso, é necessário reforçar a equipe, mesmo sabendo que o mercado de jogadores é muito escasso, além de “inflado” financeiramente. É preciso buscar as boas e talvez únicas e bem disputadas opções, mesmo que para isso seja preciso extrapolar um pouco o orçamento do clube.
Com o elenco que tem o Coritiba tem totais condições de ocupar um lugar muito melhor na tabela, mas para isso os jogadores precisam estar totalmente focados e conscientes do que devem fazer, o que não é visto com regularidade em alguns jogadores.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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