Falando de Bola
Geralmente, em anos anteriores, o Blog Falando de Bola vinha cheio de novidades a respeito do mercado de transações de jogadores.
Assunto não faltava. Eram especulações, contratações bem feitas ou mal sucedidas, formação de elencos. Enfim, notícias “pipocavam” o tempo todo e dificilmente os clubes ficavam sem novidades, bem diferente do que estamos vendo neste começo de 2014.
E hoje, na ânsia de escrever um post, me peguei pensando sobre qual assunto traria a tona.
E é justamente sobre as contratações de jogadores no futebol brasileiro que vieram algumas dúvidas e que pode trazer uma futura reflexão.
Atualmente toda contratação de jogadores, em sua grande maioria medianos, por parte dos clubes brasileiros vira uma novela, que na maioria das vezes tem muitos finais infelizes. E a principal alegação dos dirigentes é sempre a mesma: falta de dinheiro.
Mas como se falar em falta de recursos, quando se recebe valores astronômicos de cota de tv, patrocinador, etc...?
Vejam, e posso falar de clubes que recebem valores milionários, como Corinthians e Flamengo, mas que atualmente tem mostrado a mesma dificuldade para contratar que clubes que recebem valores bem abaixo.
A notícia que li hoje, de que o lateral direito Norberto (América/RN), que não é a oitava maravilha do mundo, tinha renovado com o time potiguar, frustrando equipes como Coritiba, Atlético/PR, Internacional, entre outras, que queriam a sua contratação.
Estranha esta notícia, até porque acho muito difícil uma equipe do poderio econômico do Inter/RS não conseguir contratar um jogador do América/RN, sem desmerecer o time da linda Natal, mas que não tem a mínima chance de competir financeiramente com o time gaúcho.
Chega-se então a conclusão de que a notícia visa exclusivamente a valorização do jogador para que o time detentor dos seus direitos federativos, assim como quem é (são) dono(s) dos seus direitos econômicos consiga o maior lucro com a venda do atleta.
E este é justamente o ponto que está trazendo o estrangulamento ao futebol brasileiro e o marasmo no mercado de contratações.
E quem é o maior prejudicado com isso? O próprio atleta, que perde a oportunidade de aparecer na vitrine do futebol nacional para continuar esperando a melhor proposta, aquela que encha o bolso de seus donos.
Percebe-se que o futebol brasileiro é refém dos leilões promovidos pelos empresários, que oferecem o mesmo atleta para vários clubes, e só fecham a venda após terem a certeza de que irão receber o maior valor, assim como fazer o contrato mais lucrativo.
Para quem não tem noção de como funciona a atuação de grandes empresários, uma pequena amostra é a atenção que eles têm em clubes das Séries A e B do futebol nacional, assim como do futebol internacional, onde ficam atentos às principais carências dos clubes para que possam tentar colocar a sua mercadoria.
Portanto, em alguns casos, os próprios empresários se antecipam aos dirigentes e oferecem jogadores que seriam para suprir as carências que os clubes possuam. O problema é que na maioria das vezes, este jogador é oferecido para vários clubes ao mesmo tempo, o que levar o seu valor a subir expressivamente, tornando o fechamento do negócio um ato completamente estressante e demorado.
Antigamente, uma maneira de se conseguir bons reforços era na base do troca-troca. O próprio Coritiba no começo dos anos 90 tinha no volante Hélcio, formado em casa, a grande figura do time.
O Paraná Clube interessado em Hélcio enviou três jogadores (o lateral-direito Balu, o volante Marquinhos Ferreira e o meia Polaco) para o Coritiba e conseguiu a contratação daquele que na época era um dos principais jogadores do futebol paranaense.
Para resumir a história, Hélcio virou ídolo paranista e os três jogadores que vieram para o Coritiba fizeram bons jogos, com destaque para Marquinhos Ferreira, um volante qualificado e que tinha sido revelado pela Platinense.
Mas atualmente, os troca-trocas estão praticamente em extinção por duas situações:
A primeira é a dificuldade de diálogo de alguns dirigentes pautada pela rivalidade. Como exemplo, alguém imagina que um jogador do Atlético desembarque no Alto da Glória e vice-versa?
Já a segunda é novamente a atuação dos empresários que visam somente o lucro. Por que aceitar a troca de clube de sua mercadoria, se ele não irá lucrar nenhum centavo com isso?
Lendo esta pequena explanação, talvez possamos perceber que a situação tende a piorar, que futuramente a contratação de um atleta, por mais desconhecido que seja, pode se tornar extremamente difícil, um autentico jogo de xadrez, onde somente o dirigente mais experiente e perspicaz saberá a hora exata de dar o “cheque-mate” para finalizar o melhor negócio.
Com isso chega-se a real conclusão de que ainda a melhor solução para um clube de futebol é formar jogadores dentro de casa, vendê-los para clubes do exterior, para que consiga ao menos ter disponibilidade orçamentária para competir neste mercado inflacionado.
Mas além de dinheiro, é preciso jogo de cintura e muita disposição, para poder encarar de frente uma verdadeira novela, daquelas que se arrastam durante um bom tempo, onde os personagens principais mudam constantemente de posições e situações dentro deste roteiro.
Enquanto isso não acontece, o torcedor, ávido por novidades, fica sentado em frente à televisão esperando os próximos capítulos.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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