Falando de Bola
Pouco se tem para comentar sobre a partida de ontem, a não ser o fato de que o Coritiba sentiu muito a ausência de cinco titulares.
Meio time ausente de um jogo importante, e o Coritiba não conseguiu jogar um bom futebol contra os "hermanos".
Ícaro, a surpresa de Carpegiani, não funcionou, nem como líbero (primeiro tempo), muito menos atuando mais avançado (segundo tempo). A desatenção do jogador, aliás, deu o primeiro gol dos argentinos.
Falar depois do jogo é fácil, mas depois da boa atuação contra o Sport, não entendi Edinho no banco se a intenção era escalar mais um volante. Um jogador "cascudo" como o experiente volante, com várias partidas internacionais, poderia ser mais interessante do que a escalação de um jovem que vem atuando muito pouco.
Quem esperava um time argentino dando pancada, jogando na base do chuveirinho, se enganou completamente. A única coisa esperada e que acabou acontecendo foi a catimba. E nisso "los piratas" foram eficientes. A demora na cobrança de tiros de meta, laterais e faltas era evidente.
Mas com a bola no chão, os caras surpreenderam e deram um "banho de bola" no Coritiba.
O experiente volante Farré dominou a meia-cancha e mostrou ao torcedor Alviverde como um jogador de contenção na meia-cancha deve atuar. Marcação forte e saída com qualidade. O "enganche" Matias Suárez jogou demais. Driblou, passou, comandou, deu duas assistências, chutou em gol e passeou pela defesa Alviverde. E o atacante Claudio Bieler confirmou o temor que eu tinha em seu futebol. Na primeira oportunidade, um chute indefensável logo no início da partida.
Acredito que o grande equívoco de Carpegiani foi dar o meio de campo para o Belgrano jogar. Com Ícaro atuando como líbero, a intenção era forçar o jogo pelas laterais. Mas o treinador Alviverde não contava com a boa atuação da meia-cancha argentina, que dominou completamente o setor.
Não entendi também a saída de Leandro, após o gol, para a entrada de Evandro. O garoto, aliás, não vem entrando bem faz tempo. Talvez o fato de estar jogando longe da área esteja atrapalhando suas atuações, mas vendo o que ele está apresentando ultimamente, não dá para entender o fato do paraguaio Ortega não ter uma chance decente de jogar uma partida. Ontem era um jogo para ele.
Enquanto os argentinos se preocupavam em jogar bola, os Coxas caíam e pediam faltas, ignoradas acertadamente pelo juiz. O jogo de ontem mostrou claramente a diferença entre o futebol argentino e o brasileiro. Os dois possuem qualidade técnica, mas o "gringo" não cai o tempo inteiro e luta pela bola a todo momento. Já o Brasileiro, prefere na base da malandragem, tentar cavar faltas que não existem. Enquanto os jogadores Alviverdes ficavam no chão esperando a marcação do juíz, o Belgrano saía tocando a bola e chegando com perigo.
E o que falar dos "Hinchas" argentinos, que viajaram mais de dois mil quilômetros para ver a primeira partida internacional de seu time?
Festa linda nas arquibancadas, com seus "trapos", "canciones", a bateria hipnotizante e a clara intenção de torcer e vibrar pelo seu time o tempo todo, independente do que está acontecendo dentro de campo.
Em 34 anos que frequento o Couto Pereira, vi "Los Piratas de Belgrano" fazerem a festa mais bonita proporcionada por uma torcida adversária no Alto da Glória e mostrar ao torcedor brasileiro a verdadeira "essência do futebol".
Ficou muito difícil para o Coritiba reverter o resultado, mas não impossível. Porém, uma coisa é certa: A festa que acontecerá nas arquibancadas do estádio Mario Kempes, em Córdoba, será inesquecível.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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