Falando de Bola
A linha de contratações do Coritiba para 2022 até o momento dão indícios de que a diretoria procura corrigir um visível defeito no elenco de 2021: a falta de opções para que o técnico Gustavo Morínigo pudesse variar a forma do time jogar.
Não foram raras as vezes, principalmente quando o time apresentou dificuldades dentro de campo, engatando uma sequência de quatro resultados sem vitória entre a 27ª e a 30ª, que a torcida criticou a maneira do time jogar, quando a equipe parecia não variar a maneira de atuar.
Muito foi falado também sobre o fato de Morínigo demorar a mexer na equipe, mas ao olhar as opções no banco de reservas, era fácil perceber o porquê de o treinador insistir nas peças consideradas titulares. Pois com exceção de Rafinha ou Robinho, que se revezavam entre o time titular e o banco de reservas, pouco se poderia extrair para uma mudança tática dos outros suplentes.
Uma das possibilidades comentadas em 2021 foi uma variação tática para um esquema com três zagueiros, uma vez que Henrique vinha jogando muito bem em Portugal atuando mais centralizado. O problema é que para um esquema como esse ter sucesso você precisa ter zagueiros que tenham boa saída de bola, e o Coritiba tinha apenas dois: o próprio Henrique e Luciano Castan.
A chegada de Guillermo de Los Santos pode dar essa opção ao treinador. Além de atuar como zagueiro pela direita, o uruguaio já atuou também como lateral, o que lhe possibilita uma boa leitura de jogo para atuar como terceiro zagueiro pelo lado direito, centralizando Henrique e deixando Luciano Castan pela esquerda. Essa formação pode dar mais campo aos laterais Natanael e Egídio, transformando-os em alas, com maior liberdade para chegar ao ataque, além de trazer maior segurança defensiva ao time, principalmente na cobertura aos laterais quando eles forem ao ataque.
A opção por três zagueiros, pode dar duas possibilidades ao treinador alviverde, como jogar em um 3-5-2, com dois volantes na meia-cancha, ou em um 3-4-3, com apenas um volante ou mesmo sem um meia, e com três homens no ataque:
3-5-2
Wilson, Guillermo, Henrique e Luciano Castan; Natanael, William Farias, Val, Régis e Egídio; Alef Manga (Igor Paixão) e Léo Gamalho.
Essa é uma opção que pode ser utilizada principalmente nos jogos que o Coritiba necessitar de um maior esforço defensivo, pois garante a segurança defensiva com três zagueiros e dois volantes, tendo a possibilidade de ter ainda os laterais ajudando atrás.
Com essa formação, o Coritiba pode ganhar em profundidade com os laterais, principalmente pela possibilidade de inversões de bola com Val e Regis, que possuem qualidade com ela nos pés. Com a liberdade para atacar e a amplitude, Natanael e Egídio podem bagunçar a defesa adversária jogando espetados ao mesmo tempo.
Na Série A os adversários são mais difíceis e possuem jogadores mais qualificados, porém, os times costumam dar mais espaço. Val e Regis são jogadores que possuem ótimo aproveitamento em chutes de média e longa distância e isso pode ser uma arma para o time alviverde, pois com os laterais em profundidade, as atenções do time adversário podem seguir mais pelos lados do gramado, abrindo-se assim mais espaço no meio e possibilitando os arremates de fora da área.
Por outro lado, sem três atacantes, fica prejudicada a dobra por um dos lados, o que exigirá muito ofensivamente dos laterais, que terão função dupla e um maior desgaste com a necessidade de recompor o sistema defensivo.
3-4-3
Wilson, Guillermo, Henrique e Luciano Castan; Natanael, William Farias, Régis e Egídio; Alef Manga, Léo Gamalho e Igor Paixão.
Essa opção tende a ser altamente ofensiva e com grande possibilidade de êxito se os jogadores forem fiéis às suas funções táticas dentro de campo, porém, de alto risco defensivo se a recomposição e a dedicação na marcação não forem feitas de maneira correta.
A atenção na meia-cancha precisa ser redobrada. Com apenas um volante, a necessidade de Regis ajudar na marcação será fundamental, bem como o sistema defensivo estar muito compactado para que não surjam vazios na frente da área alviverde.
Os laterais continuam com a possibilidade de amplitude e de atuarem espetados no campo adversário, ganhando a companhia de atacante abertos pelos lados para poderem fazer a dobra e trazer problemas à defesa adversária. Isso pode facilitar muito a vida de Léo Gamalho e Régis que, dentro da área, receberiam bolas em excelentes condições de concluir ao gol. Além disso, tem ainda a possibilidade da entrada na área do atacante que está no lado inverso da jogada, podendo aparecer como um elemento surpresa.
Outro ponto interessante, não só desta formação, como também do sistema anterior, é que o Coritiba ficará muito forte nas bolas aéreas, tendo dois atacantes altos (Léo Gamalho e Alef Manga) em disputa contra os zagueiros adversários.
Teoria
É óbvio que tudo isso é teoria e apenas a impressão de um torcedor, mas a simples chegada de um jogador com características diferentes, pode dar ao treinador várias opções para armar sua equipe, valendo-se principalmente da qualidade do time adversário para escolher o esquema e os jogadores que melhor cabem para aquela situação.
Para uma temporada difícil, quando o Coritiba precisa se consolidar na primeira divisão, evitando um novo rebaixamento, a formação de um elenco qualificado e que permita variações táticas ao treinador é fundamental. A diretoria começou bem a temporada com os nomes que chegaram, mas é preciso não parar por aí. Se a linha de captação de atletas for seguida como vem sendo até o momento, a possibilidade de êxito em 2022 será muito grande.
Que venha a temporada de 2022!
Saudações Alviverdes
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