Falando de Bola
Boemia, aqui me tens de regresso
e suplicante te peço
a minha nova inscrição
O empate contra o Fluminense, fora de casa não foi suficiente para manter o Coritiba fora da zona do rebaixamento.
Tal qual o Boêmio retratado pelo saudoso Nelson Gonçalves, que vivia as suas noites em bares, o Coritiba parece estar criando um sólido caso de amor com a parte de baixo da tabela.
O ponto conquistado em Volta Redonda não seria ruim desde que o Coritiba não estivesse perdendo tantos pontos dentro de casa. Mas dos vinte e um pontos disputados, o time Alviverde conquistou doze, desperdiçando nove, na derrota pata a Chapecoense, e nos empates com Palmeiras, São Paulo e Internacional.
O empate contra o Fluminense tornou-se simbólico e perfeitamente se consegue chegar a conclusão do porque do Coritiba estar brigando na parte de baixo da tabela nos últimos quatro anos, no mínimo.
O time Alviverde teve uma ótima oportunidade para conquistar os três pontos. Pegou um time com desfalques, fraco tecnicamente, em má fase, e em um estádio praticamente neutro, onde o que mais se ouvia na transmissão eram torcedores apoiando o Coritiba.
Mas, a ambição é uma palavra que não existe neste Coritiba. Dirigentes, técnicos e treinadores parecem estar criando uma filosofia de acomodação, em que o time jogava totalmente atrás, tentando não levar um gol. Fazer um gol então, é uma palavra que não existe no vocabulário Alviverde quando atua fora de casa.
No jogo de sábado, a criatividade e ofensividade passaram longe dos comandados de Pachequinho.
O Coritiba teve uma chance com Leandro no final do primeiro tempo e outra apenas no final da partida, mas Kleber, que ultimamente tem jogado mais deitado do que em pé, desperdiçou livre na área a melhor chance criada.
Aliás, esta chance simboliza também a fase que vive o Coritiba. Com a nulidade da meia-cancha e do setor ofensivo, a jogada desperdiçada pelo artilheiro Alviverde foi criada pelo zagueiro Luccas Claro.
O Coritiba de hoje, vai se tornando um time chato de assistir quando a partida é longe do Couto Pereira. Um time burocrático, sem alma, sem ambição, sem gana de vencer.
Desde o começo do campeonato que Kleber tem atuado isolado no ataque, mas parece que ninguém no clube enxerga isso. Aliás, o que esperar do clube se alguém lá de dentro indicou e avalizou o inoperante Felipe Amorim, uma das contratações mais sem sentido da história do Coritiba.
O Coritiba vem se tornando uma "mãe" para diversos atletas. Mesmo jogando mal, alguns são insubstituíveis.
Carlinhos, João Paulo, Juan, Leandro e Kleber são alguns exemplos. Por outro lado, Emerson Conceição e Ortega não recebem chances para tentar mostrar algo diferente da inércia que os titulares vem apresentando.
Se Emerson Conceição, recém contratado e que ainda não jogou, e Ortega, que não teve muitas chances, não servem, é sinal de quem avalizou estas contratações está fazendo de maneira errada.
Por outro lado, o Coritiba parece ter evoluído no sistema defensivo. Já são três partidas sem levar gols, mas é importante lembrar que apenas um gol foi marcado. E não é demais lembrar que só não levou gols em razão de Wilson ter operado verdadeiros milagres nas três partidas.
Portanto, esta evolução se torna ilusória quando o time não oferece perigo algum para o adversário.
Chegou a hora da diretoria contratar um novo treinador. Pachequinho é ídolo da torcida, tem identificação com o clube, mas não consegue fazer este time jogar.
O time não tem uma jogada ensaiada, sobrevivendo de chutões dos zagueiros. A meia-cancha não tem criado absolutamente nada, e assim o ataque também não existe.
Existem coisas que só quem trabalha o dia a dia do clube percebe, mas como torcedor não consigo entender como que o meia Raphael Veiga não é mais relacionado sem ao menos receber uma chance de entrar em campo, enquanto um Felipe Amorim da vida, mesmo sem mostrar absolutamente nada tem várias oportunidades.
Existem treinadores que fazem um time "meia-boca" fazer uma grande campanha. E é disso que o Coritiba precisa neste momento, de um técnico que faça algo diferente com esta equipe.
Mas se continuar neste marasmo e sem mudanças e novas contratações, ao que tudo indica, a vida do Coritiba neste campeonato brasileiro vai ser isso aí que estamos vendo.
Dentro de casa, uma vitória de vez em quando, e longe do Couto Pereira, onze atrás e seja o que Deus quiser.
O pior de tudo é a torcida sendo contaminada pela mesma doença que assolou dirigentes, comissão técnica e jogares, e comemora um empate, quando deveria estar se lamentando por perder dois pontos.
E assim, o boêmio regressa para a zona, onde se sente cada vez mais em casa.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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