Falando de Bola
Acompanhando as notícias do provável retorno do lateral-direito Rafinha ao futebol brasileiro, fico me perguntando a quem o jogador, seja lá quem ele for, acha que engana com suas “declarações de amor” ou demonstrações teóricas de gratidão.
Vamos citar dois exemplos recentes, do próprio Rafinha e do zagueiro Miranda, que já deram algumas declarações por aí de que são muito gratos ao Coritiba e que querem voltar a vestir a camisa do clube.
O torcedor Coxa, que em grande parte tem um fetiche imenso por jogadores que já passaram pelo clube, já ficou todo esperançoso achando que muito em breve teria o prazer de ver os dois veteranos vestindo a camisa alviverde, seja em qual divisão for.
Ledo engano, tudo não passa de promessa vazia, daquelas conversas para boi dormir, ou no caso, para torcedor dormir.
Rafinha, vive falando do Coxa por aí, mas quando estava no Flamengo deixou o time carioca para ganhar mais dinheiro na Grécia. A promessa veio. Quando voltasse o seu destino seria o Coritiba. Está voltando, mas o seu destino mais uma vez deverá ser o Flamengo. Aliás, até hoje não entendi como ele pode deixar o clube mais popular do país, onde ele era um dos ídolos da torcida. Neste caso, talvez somente dinheiro explique. Não vejo outra explicação para Rafinha voltar para a Europa para jogar em um país que não está entre os grandes centros do continente.
Do Rafinha eu sempre tive dúvidas de seu retorno, mas eu pensava diferente de Miranda. Parecia claro que, quando voltasse da China no meio do ano, o seu destino seria o Coritiba. Pelo menos nas palavras deles. Se fosse oferecido um projeto, ele voltaria. O projeto foi oferecido, mas ao que parece a maneira elegante em dizer não é falar que ele não quer jogar a Série B. Ou seja, promessas vazias, daquelas que só podem ser cumpridas com várias condições.
O amor pelo clube fica em segundo plano, seja ele por dinheiro, seja ele por status. A gratidão pelo Coritiba ficará relegada ao segundo plano, seja pelo dinheiro do Flamengo, ou pela divisão que o São Paulo se encontra.
Isso me faz pensar muito sobre a verdadeira gratidão que os atletas têm pelos clubes que os revelaram. Será que isso realmente existe? No Coritiba até hoje, eu só vi um caso. E falo dele no final deste texto.
Miranda e Rafinha já ganharam muito dinheiro com o futebol, já ficaram milionários, já disputaram os principais campeonatos de futebol do mundo, já ganharam vários títulos, já estão próximos do final de suas carreiras, não precisam provar mais nada a ninguém, mas mesmo assim são incapazes de cumprirem suas promessas.
Ninguém tem obrigação nenhuma de voltar para o Coritiba, até porque qual motivação esses caras teriam em voltar para um clube que se encontra em uma fase muito ruim. Mas não fiquem por aí fazendo promessas que não podem cumprir.
Esqueçam estes jogadores. Não precisamos deles. Não queremos eles com quase 40 anos aqui, quando poderiam ter voltado um pouco antes, ainda com condições de jogar em alto nível.
Gratidão mesmo, com disse acima, só vi uma vez no Coritiba quando se trata do retorno de um ídolo. E até hoje vejo muito torcedor criticando o Alex por ter assumido uma posição nas eleições de 2014, como se ele fosse o responsável por todo o mal que o clube teve depois disso. O torcedor, em vez de criticar as pessoas que fizeram parte da tal "Coxa Maior" e não cumpriram o que prometeram, prefere apontar o dedo para um cara que tinha como grande sonho voltar a vestir a camisa do seu clube do coração e assim o fez.
Acompanhei de perto a história de seu retorno ao Coxa no final de 2012. O que o Coritiba oferecia não chegava nem perto do que Palmeiras, Cruzeiros e outros grandes clubes do futebol brasileiro gastariam para ter Alex em seus times. Mas ele, provando seu amor ao Coxa, não pensou duas vezes e voltou. Isso sim é gratidão. E com certeza a torcida Coxa comemorou muita à sua volta e se divertiu muito vendo ele em campo.
Mas isso é utopia hoje em dia. A gratidão só existe se ela vier acompanhada de várias condições. Gratidão por amor é coisa para deixar guardada no passado, apenas como uma doce lembrança.
Vamos focar no que interessa, que é esperar que a diretoria alviverde monte um time digno, capaz de retomar os melhores momentos do Coritiba. Não precisamos de Rafinha e Miranda para que isso aconteça. Precisamos apenas de jogadores que queiram vestir a camisa alviverde.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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