Falando de Bola
Que esta Série B é uma das mais fracas dos últimos tempos todos já sabem. Que o Coritiba, mesmo com um elenco extremamente fraco, pelo menos em minha visão, tem totais condições de subir, também todo mundo já sabe.
Mas o que acontece então, para que o Coritiba não consiga sair deste marasmo de resultados irregulares, mesmo enfrentando adversários inferiores?
Em conversa com uma pessoa ligada ao clube cheguei à conclusão de que está faltando cobrança entre os atletas. Nenhum está cobrando do outro dentro de campo. Cada jogador “desfila” à sua maneira.
Vamos citar dois exemplos claros no time do Coritiba de hoje, os jovens Yan Sasse e Vitor Carvalho.
Vitor Carvalho, não é um primor de técnica, mas se doa muito em campo. Marca, corre, tentar dar uma boa saída de bola a equipe, e muitas vezes acaba cometendo vários erros de passe, mas isso acontece muito porque o jogador é extremamente participativo. Aliás, geralmente os jogadores mais participativos são os mais cobrados pelos torcedores, pois seus erros aparecem mais.
Yan Sasse, já é o contrário. É fácil notar sua qualidade técnica diferenciada, mas não é participativo como seu companheiro. Se desliga fácil, passa vários minutos da partida sem tocar na bola, sem aparecer para recebê-la e sem abrir espaços, vivendo de lampejos.
O problema é que ninguém cobra dele dentro de campo. O volante, que devia dar uma bronca no meia desligado, fazer o cara se doar em campo, não faz. E aí, o jogador que já é desligado, entra no marasmo do time inteiro.
O time do Coritiba não possui esta característica de cobrar um do outro dentro de campo, e aí o jogador que não tem o perfil de luta dentro de campo, acaba atuando de forma meio “blazè”, vivendo de lampejos.
Outro ponto interessante sob o ponto de vista coletivo é a forma que o time vem treinando.
Dizem existir uma determinação para que não existam “chegadas” mais duras nos treinamentos. O problema é que quando o jogador atua de forma mais "aliviada” nos treinamentos, ele com certeza sentirá muito mais dificuldades ao atuar em partidas, onde a marcação é extremamente dura.
Isso explica até a insistência na escalação de alguns atletas na equipe do Coritiba, mesmo rendendo muito pouco durante as partidas. O jogador, mais precisamente meias e atacantes, atuando com liberdade, sem marcação rígida, durante os treinamentos, obviamente conseguirá render mais. Mas o problema é que no jogo a situação é totalmente diferente, onde, com o espaço cada vez mais reduzido e o tempo para racionar cada vez menor, as chances de sucesso não jogadas são mais remotas.
O fato de ter liberdade de marcação nos treinamentos, inibe principalmente a capacidade de raciocínio rápido do atleta para fazer as jogadas, pois ele terá mais tempo para isso, diferentemente da partida.
Assim, o Coritiba vai treinando em seu dia a dia de uma maneira bem diferente do que acontece durante os jogos, fator que pode prejudicar extremamente o rendimento, principalmente individual, da equipe.
Um jogador que pode ser facilmente notado pela queda brusca individual é Alisson Farias. Chegou, fez três bons jogos, depois caiu assustadoramente de produção e hoje é titular de maneira injusta. Será que não está faltando uma maior cobrança a ele para que saia do marasmo que se encontra?
Tudo o que foi falado acima não exime a diretoria dos diversos erros cometidos na contratação de jogadores, mas pode explicar um pouco sobre o fraco rendimento do time perante adversários bem inferiores.
Talvez se a cobrança entre atletas passar a existir e o treinador começar a fazer a equipe treinar de forma mais “real”, o Coritiba possa melhorar sua produção neste segundo turno e quem sabe garantir a volta para a Série A em 2019.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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