Falando de Bola
O ano era 2011, mais precisamente dia 05 de maio. Era uma quinta-feira à noite. Quem foi ao Couto Pereira naquele dia saiu de lá quase não acreditando no que tinha visto.
Me lembro como se fosse ontem. A expectativa era grande, afinal o Coritiba vinha jogando um futebol bonito sob o comando de Marcelo Oliveira. Dias antes o time tinha sido campeão paranaense aplicando uma goleada de 3x0 sob o Atlhetico dentro da Baixada, com o terceiro gol, marcado por Leonardo, sendo fruto de uma troca de passes ao som de Olé que durou mais de um minuto sem que nenhum atleticano tocasse na bola até que o atacante Alviverde a colocasse para o fundo das redes.
O jogo contra o Palmeiras no Couto Pereira era o primeiro confronto entre os dois times e valia passagem para semifinal. O Couto Pereira estava lotado, Coxas e Porcos se faziam presentes de força maciça.
Se do lado Alviverde o time de Marcelo Oliveira vinha jogando um belo futebol ofensivo, do outro lado tínhamos o jogo pragmático e copeiro de Felipão, que era feio, mas trazia resultados.
Sob o olhar incrédulo do técnico palmeirense o Coritiba amassou seu time e fez uma blitz inacreditável nos primeiros vinte minutos de jogo. Antes de Emerson abrir o placar aos 11 minutos, o time Coxa já tinha perdido duas boas oportunidades de gol.
Sem deixar o time palmeirense respirar, o Coxa foi cada vez mais para cima e ainda no primeiro tempo marcou mais dois gols com Davi e Léo Gago, isso sem contar em vários outros perdidos.
O final do primeiro tempo mostrou um Couto Pereira em êxtase, insandecido, vibrando como se estivesse comemorando um título. Mas sabiam os mais de 30 mil Coxas que lá estavam que o segundo tempo reservaria um roteiro tão lindo quanto o que foi visto na primeira etapa.
A blitz continuou no segundo tempo, e logos aos 10, o atacante Bill, de pênalti, marcou o quarto gol. O coro Bill Bill Bill Bill, tão cantado pelo torcedor em 2011, ecoava fortemente no Couto Pereira naquele momento.
Com o Palmeiras abatido e com Felipão sem acreditar no que via dentro de campo, o Coritiba parecia brincar em campo, passeando com a bola e trocando passes de forma categórica, mostrando ao treinador rival quem era o grande time no Brasil naquele momento.
Os quatro gols de superioridade já estavam de bom tamanho, e já dariam uma grande vantagem para o time Coxa no jogo da volta, mas os Deuses da Bola não estavam satisfeitos. Queriam premiar aquele time que encantava a todos e dar um grande presente aos Coxas que compareceram no Alto da Glória naquela noite.
Quando o jogo se encaminhava para o final, Geraldo e Anderson Aquino em jogadas individuais, humilharam ainda mais o time palmeirense, deixando o goleiro Marcos e sua defesa completamente batidos nas jogadas.
A torcida Coxa explodia em festa no Couto Pereira erguendo as mãos para os céus e olhando de forma incrédula para o que tinha acontecido dentro de campo. O Coritiba, de Marcelo Oliveira, goleava o tão poderoso Palmeiras, de Felipão, para surpresa da crônica nacional, que ainda não dava os devidos créditos para aquele time.
Os 6x0 daquela noite representaram muito mais do que apenas os seis gols marcados contra um poderoso time do futebol brasileiro. Representaram a essência do futebol brasileiro, um futebol ofensivo, jogado com alegria e motivação. Trouxeram ao tão sofrido torcedor Alviverde um sorriso em seu rosto que não se continha, um sentimento de muito orgulho da camisa Coxa-Branca.
A goleada de 6x0 marcou a 24º quarta vitória seguida do Coritiba naquela temporada, recorde nacional que até hoje não foi batido, ficando em nível mundial atrás apenas do Ajax, de Johan Cruyff, que conquistou 26 vitórias consecutivas na temporada 1971/1972.
Uma noite que ficará marcada definitivamente na memória de todos os Coxas-Brancas.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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