Falando de Bola
Ao assistir (que perda de tempo!)no domingo, o circo de horrores que é o Congresso Nacional, me veio a cabeça uma melancolia que acredito nunca tinha acontecido.
Antes de mais nada, quero deixar claro aqui que não sou partidário fervoroso de nenhum partido, tampouco serei conivente com o que vem acontecendo neste país.
Mas ao contrário de alguns "fanáticos", e isso existe muito de ambos os lados, procuro sempre achar os prós em todos os lados, e eles existem sim, apesar dos mesmos alienados acharem que tudo está errado e que o impeachment vai trazer a solução para todos os brasileiros.
Mas, me perdoem os leitores deste Blog, não será a política brasileira que pautará este texto.
A melancolia (aliás, esta palavra remete a um grande filme de Lars Von Trier) que trata o texto vem da "involução" que passa o mundo. Parece que estamos emburrecendo a cada dia que passa.
Não precisa ir muito longe para perceber que todos os ramos, segmentos, seja lá qual for o nome que você prefira, passa por um decréscimo monstruoso de qualidade.
É claro que existem as exceções, e para que elas ainda existam, a tecnologia se torna uma companheira cada vez mais essencial para que o mundo não "apodreça" por completo.
Mas quando dependemos somente do cérebro humano, com raras exceções, percebemos cada vez mais a ausência de grandes cabeças pensantes.
E se no atermos somente ao Brasil, perceberemos a grande "involução" ao passar dos anos.
Vamos começar falando de música:
Antigamente tínhamos grandes nomes como Cartola, Nelson Gonçalves, Pixinguinha, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Elis Regina, Tim Maia, Renato Russo, Raul Seixas, entre outros que já morreram e deixaram muitas saudades.
Isso sem contar grandes cantores e compositores que ainda estão vivos como Caetano, Chico Buarque e Gilberto Gil. E hoje o que aparecendo? Wesley Safadão, Mc Guime, Mc Gui, Latino, Anitta, isso sem falar nas centenas de duplas "sertanejas" que parecem todas serem iguais.
Quando o assunto é futebol então, tema principal deste Blog, a situação fica igual ou pior.
Hoje o principal ídolo deste país é Neymar, que se dentro de campo mostra categoria, fora dele mostra um grande descomprometimento. E ao lado dele, jogadores sem carisma como Luiz Gustavo, Ricardo Oliveira, Thiago Silva, Marcelo, Filipe Luis, William, Douglas Costa, Oscar, entre outros que não empolgam nem o mais fanático torcedor.
É de chorar quando lembramos que outrora tivemos Pelé, Garrincha, Tostão, Gerson, Rivelino, Djalma Santos, Bellini, Ademir da Guia, Zico, Sócrates, Falcão, Cerezo, e mais recentemente Romário, Bebeto, Ronaldo, entre outros que tantas alegrias e sorrisos nos trouxeram nas partidas de futebol.
Isso sem falar nos estádios lotados com bandeiras, papel picado, papel higiênico e extintores que não vemos mais. Hoje o que vemos são estádios cada vez mais vazios por conta da pobreza do espetáculo.
O Brasil teve grandes pensadores como Ruy Barbosa, Florestan Fernandes, Otto Maria Carpeaux, Paulo Freire, Sérgio Buarque de Hollanda, Nelson Rodrigues. E hoje temos nomes como Pedro Bial e suas reflexões sobre o Big Brother, um dos maiores lixos televisivos de todos os tempos.
Grandes poetas e escritores já nasceram neste país, como Carlos Drummond de Andrade, Machado de Assis, José de Alencar, Paulo Leminski, Cecília Meirelles, Manuel Bandeira, Castro Alves, Vinícius de Moraes, Machado de Assis e Jorge Amado. Atualmente, a "cultura poética" passa por nomes como Mano Brown, Marcelo D2, além das "inteligentes" letras dos funks e sertanejos que vemos por aí.
São tantos os segmentos que passam cada vez mais por esta "involução" que faltaria tempo para descrever todos aqui.
Por onde andam pessoas capazes de grandes feitos como gente da estirpe de Carlos Chagas, Carlos Gomes, Heitor Villa Lobos, Candido Portinari, Santos Dumont e Oscar Niemayer?
Mas não poderíamos terminar esta coluna sem citar o grande causador desta melancolia que insiste em permanecer na cabeça deste colunista que vos fala: O famigerado mundo político brasileiro.
Onde estarão nomes para substituir grandes políticos brasileiros que já se foram como Getulio Vargas, Juscelino Kubitschek, Leonel Brizola, Tancredo Neves, Ulisses Guimarães?
Os grandes nomes do passado tiveram suas cadeiras ocupadas por gente como Eduardo Cunha, Renan Caleiros, André Vargas, Fernando Collor, Paulo Maluf, Marco Feliciano, Jair Bolsonaro, José Dirceu, Jean Willys, Tiririca, Dilma Rousseff, entre outros tantos que cada vez mais dão a impressão ao povo brasileiro de que a solução para este país está muito longe de acontecer.
Mesmo com a desesperança causada por aqueles que tem nas mãos o poder para decidir o futuro de nosso país, ainda prefiro acreditar que estamos "involuindo" para evoluir futuramente.
Saudações
Ricardo Honório
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