Falando de Bola
Vendo o jogo do Coritiba contra o Inter na noite de ontem, com o empate até não sendo um mal resultado, cheguei a conclusão de que o futebol brasileiro vai de mal a pior, sem perspectiva alguma de mudança dentro de campo.
Se fora dele, a Primeira Liga aparece para tentar revolucionar, dentro de campo a mesmice tática, a fragilidade técnica estão dominando o futebol que outrora já foi considerado o melhor do mundo.
A partida foi corrida, porém de domínio de um time só. O outro só se defendia. Não existiu uma só jogada criativa, um passe em profundidade, um drible em velocidade, um chute de fora da área. Pareciam 22 brucutus em campo.
Atendo-se a analisar o Coritiba, percebeu-se um time ainda em formação, apesar de apenas um novo jogador fazendo parte do time de 2016. Os demais já estavam no grupo que penou o Campeonato Brasileiro inteiro, mas que no fim acabou salvando o time do rebaixamento.
Olhando pelo resultado, o empate pode ser considerado sim como interessante. Mas se olharmos pelo ponto de vista de uma temporada inteiro, o que o time que entrou em campo ontem pode oferecer ao torcedor Alviverde?
Sinceramente, muito pouco.
O Coritiba foi armado para jogar como um time pequeno, atuando praticamente com os onze jogadores atrás da linha da bola. Aliás, sobre isso cabe uma reflexão:
Com a temporada apenas começando e os jogadores ainda longe da condição física ideal, será que atuar os noventa minutos praticamente correndo atrás do adversário é a melhor tática?
Pois foi isso que aconteceu contra o Inter, com o Coritiba praticamente o jogo todo correndo atrás dos jogadores colorados, como Carlinhos, por exemplo, que "levou um baile" do veterano D´Alessandro.
Negueba, é outro exemplo claro. Como atacante de origem, atuou praticamente como lateral, defendendo e acompanhando o jogador adversário. Quando tinha que atacar, não tinha pernas.
Para um time que no segundo tempo tinha três volantes em campo, ver seu atacante ter que acompanhar o lateral adversário, é sinal de que o esquema tático era inexistente, e a única proposta do time era se defender e tentar o contra-ataque para matar o jogo com uma bola.
O problema era que para encaixar o contra-ataque o time precisava ao menos ter velocidade, e a participação ativa na marcação, impedia que alguns jogadores chegassem com qualidade ao ataque.
É ilusório achar que o Coritiba fez um bom jogo.
A defesa bateu cabeça, sofrendo muito nas bolas cruzadas, mas ainda este é o setor mais confiável da equipe. O meio-campo andou em campo, e os armadores Juan e Thiago Lopes não viram a cor da bola. E o ataque inexistiu, principalmente em razão de um dos atacantes ter que atuar praticamente como lateral. E o outro, sozinho, vigiado de perto por no mínimo três defensores colorados, não teve como fazer nada.
Gilson Kleina tentou corrigir a marcação ao colocar Amaral. O time melhorou defensivamente, o problema é que passou a atuar ainda mais recuado.
O Coritiba só melhorou um pouco quando Gilson Kleina teve um espasmo de ousadia e mandou Dudu a campo. A "eterna" promessa Alviverde entrou bem, se movimentou e deu outra cara ao time, mostrando que um pouco de ousadia leva, as vezes, a alcançar resultados inesperados.
O que se viu ontem, apesar do time não ter sido derrotado, é muito pouco. Nem o fato da temporada estar apenas começando serve como desculpa.
Ano passado faltou um camisa 10. Este ano, além do 10, falta também o camisa 9. E estas, com certeza, são as posições que precisam de reforços com urgência.
Mas, analisando friamente, a fragilidade técnica demonstrada pelo Coritiba está se tornando cada vez mais comum no futebol brasileiro. Poucos times conseguem sair deste panorama.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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