Falando de Bola
Sabe, Miranda, o desfecho da história de sua possível volta ao Coritiba me deixou decepcionado. Não culpo você por ter escolhido se tornar ainda mais milionário com o salário que o São Paulo irá lhe pagar. É um direito seu, afinal talvez você ainda não tenha ficado rico o suficiente para sustentar 15 gerações com o dinheiro que você ganhou em sua carreira, jogando na Espanha, Itália e China.
Culpo a minha ingenuidade por achar que ainda existe amor à camisa ou ao clube do coração na cabeça de um jogador de futebol. O último que vi fazer isso, e talvez tenha sido o primeiro, foi o Alex, quando deixou de lado propostas maiores para ter a oportunidade de dar a volta olímpica, mesmo que em um simples campeonato regional, pelo seu clube do coração.
Fui ingênuo em acreditar realmente que você poderia abrir mão do que o São Paulo iria lhe pagar para voltar ao clube que lhe abriu as portas e que um dia tornou possível que um simples jovem de Paranavaí realizasse todos os seus sonhos.
Me perdoe, mas não acredito que você escolheu o São Paulo por um projeto esportivo maior. Um cara de 36 anos vitorioso, que vestiu a camisa da seleção brasileira em Copa do Mundo, disputou final de Champions League, Libertadores da América, marcou Messi e Cristiano Ronaldo, não precisava de mais um campeonato paulista, uma primeira divisão de campeonato brasileiro ou até mesmo mais uma Libertadores da América para se realizar profissionalmente.
Você não precisava mais disso nesta fase de sua carreira. No São Paulo você será apenas mais um, e receberá fortes críticas da imprensa paulista e até nacional na primeira falha dentro de campo. Onde já se viu um veterano de 36 anos com um milionário salário perder na corrida para um atacante da Ferroviária ou do Cuiabá.
Não sei o que se passa na sua cabeça, mas na minha eu sei, e tudo o que eu queria ter se tivesse em seu lugar seria paz em minha vida. Jogar no clube que abriu as portas para a grandiosa carreira que você teve, se divertir dentro de campo, ver a esposa e os filhos muito felizes por terem a oportunidade de ver o pai carregar o time para o retorno à primeira divisão, fazer a torcida Coxa feliz por ter um ídolo de volta ao clube.
Mas você abriu mão de tudo isso por um projeto esportivo maior, ou melhor, por mais dinheiro. Me perdoe mais uma vez mas não acredito que jogar no São Paulo neste momento fará alguma diferença em sua vida, como faria na vida dos torcedores Coxas e até mesmo na sua, caso você optasse por retornar a sua casa.
Você perdeu uma grande oportunidade de fazer história e de terminar a sua carreira com um imenso sentimento de gratidão por tudo aquilo que o Coritiba proporcionou a você ao lhe abrir as portas. Você pode até ser feliz no São Paulo, mas pode ter certeza que não se divertirá dentro de campo da mesma forma que se estivesse vestindo a camisa 3 do Coritiba.
A partir de hoje, 05/03/2021, a torcida Coxa não lhe esperará mais. Queríamos muito o seu retorno ao clube, mas o Coritiba é muito maior que você, Miranda. Você fez sua escolha, o Coritiba segue a sua vida, deixando você no passado e pensando no futuro, afinal o clube precisa se reestruturar para que no futuro não sejamos a segunda opção daqueles que um dia vestiram a nossa camisa.
Temos gratidão pelo que fez no time alviverde em 2004 e parte de 2005, mas agora cada um segue a sua vida. Você no São Paulo, e o Coritiba no Couto Pereira.
Você talvez não tenha ideia do que uma volta sua ao Alto da Glória faria com o sentimento do torcedor Coxa. Não terá mais, infelizmente. A sua vida agora é em São Paulo.
Aqui ficamos, com a certeza que nunca abandonaremos o clube que amamos e que nunca viraremos as costas para ele, afinal somos apenas torcedores, bem diferente do sentimento de um jogador profissional.
E se você um dia tiver a curiosidade de querer saber o que significa voltar a vestir a camisa do Coritiba, pergunte ao Alex, ninguém melhor do que ele para lhe explicar sobre o sentimento de honrar a palavra e poder voltar para levantar uma taça pelo seu clube do coração.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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