Falando de Bola
A coisa não anda muito boa para os lados do técnico Gustavo Morínigo no Alto da Glória. O treinador teve o conceito no clube e entre os torcedores um pouco abalado depois de não conseguir fazer o time se classificar entre os oito primeiros classificados no campeonato paranaense. Dizem por aí inclusive, que uma das funções do Vilson Ribeiro de Andrade é acompanhar de perto e avaliar o trabalho da comissão técnica.
Eu sou um dos que ainda acreditam no trabalho do treinador. Acho que a eliminação precoce no paranaense pode ser até de certo ponto favorável a ele, pois ficou muito visível a necessidade de reforços, principalmente para o setor ofensivo.
Porém, um dos pontos fracos do Coritiba foi seu sistema defensivo. Só no campeonato paranaense foram 13 gols sofridos em 11 jogos disputados. Um número muito alto se considerarmos o baixo nível técnico dos adversários. Somando aos dois jogos disputados pela Copa do Brasil, o time alviverde chega a 15 gols sofridos em 13 jogos.
Nenhum dos três zagueiros que foram mais utilizados tem atuado com a regularidade esperada. Nem mesmo Luciano Castan, que chegou com grande cartaz. A esperança é que o experiente Henrique conserte o sistema defensivo do Coritiba. E é justamente na chegada dele que Morínigo tem a oportunidade de mudar o esquema tático do time e torná-lo muito mais seguro e compacto.
Ontem, ao ver São Paulo e Palmeiras, percebemos que Hernan Crespo e Albel Ferreira, dois técnicos modernos e quem vem fazendo um bom trabalho no futebol brasileiro, armam suas equipes com três zagueiros. Isso fez com que os dois times sejam sólidos em seus sistemas defensivos, povoem a meia-cancha com cinco jogadores, tornando o time bem mais compacto e atuando em marcação alta, pressionando o adversário em seu campo de defesa, e espetem os laterais para atuarem como verdadeiros pontas. Na frente dois jogadores que atuam próximos, facilitando o toque de bola e propiciando a oportunidade de tabelas para desmontar a defesa adversária. Além disso, o esquema com três zagueiros vem sendo muito utilizado por grandes equipes do futebol europeu, em especial o Chelsea, que atuando assim chegou a final da Champions League.
No jogo de ontem, o placar zerado pode indicar uma dificuldade ofensiva neste esquema, mas o que precisa ser valorizado é a solidez do sistema defensivo. No São Paulo, Miranda como líbero, comandando a defesa com muita qualidade, assim como Gustavo Gomez no Palmeiras. Papel que pode muito bem ser executado por Henrique no Coritiba.
Em Portugal, Henrique jogava como líbero no Belenenses, fazendo parte de um sistema defensivo muito sólido e que levou o time a ter a quarta defesa menos vazada do campeonato até o retorno do jogador ao Coritiba.
No time alviverde, Morínigo tem a oportunidade de solidificar o sistema defensivo com este esquema. Ao lado de Henrique, o treinador, com as fracas atuações de Wellington Carvalho e Nathan Ribeiro, pode testar o menino Thalisson pelo lado direito, dando juventude e intensidade ao sistema defensivo, e Luciano Castan pelo lado esquerdo. Caso Castan não aprove, Morínigo tem ainda o menino Marcio Silva, que vem fazendo bons jogos pelo Sub-20.
Além de resolver a fragilidade do sistema defensivo, Morínigo deixa de atuar com três atacantes, esquema que não vem dando bons resultados, principalmente em face das carências ofensivas do elenco. Os alas podem fazer a função de atacantes pelos lados. Igor já vem muito bem pela direita, e Angelo, um lateral mais ofensivo e com mais qualidade na batida da bola que Romário, pode ser testado na esquerda. E Morínigo ainda teria o menino Biro, meia-esquerda de origem, para também testar nesta função, bem como Natanael para ser uma opção para Igor no lado direito.
O único problema na equipe titular neste momento seria um atacante de mais qualidade para atuar ao lado de Gamalho, já que Cerutti, Waguininho, Igor Paixão, Dalberto e Tailson mostraram muito pouco para mostrar ao torcedor que podem ser titulares.
Com os alas espetados, o treinador não precisaria ter atacantes pelos lados para iniciar uma partida, podendo colocar um jogador que atue mais próximo de Leo Gamalho, função que pode ser ocupada por Valdeci ou por Rafinha, desde que o time tenha outro jogador para atuar na armação. Outro jogador que pode ser testado por ali é o recém-contratado William Totô.
Obviamente que essa alternativa ofensiva não exime a diretoria de contratar com urgência jogadores para o ataque, principal carência do time atualmente, mas traria ao treinador opções para que ele possa fazer testes na equipe e buscar um melhor aproveitamento.
Com a sugestão do sistema com três zagueiros e com o elenco que tem nas mãos atualmente, Morínigo poderia escalar o Coritiba com: Wilson, Thalisson, Henrique e Luciano Castan; Igor, William, Val, Rafinha (Robinho) e Angelo (Biro); Léo Gamalho e Rafinha (Valdeci ou William Totô).
É uma sugestão que acredito possa trazer boas alternativas ao time Coxa-Branca, principalmente no sentido de melhorar o rendimento do sistema defensivo. Não custa o técnico Gustavo Morínigo testá-lo.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
A opinião dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião do site.
Cada colunista tem sua liberdade de expressão garantida e assinou um termo de uso desse espaço.
Para que a minha glória a ti cante louvores, e não se cale. Senhor, meu Deus, eu te louvarei para sempre. (Salmos 30:12)