Falando de Bola
Não é difícil entender o porquê do Coritiba estar nesta situação há anos. Os erros se repetem no Alto da Glória a cada gestão que assume. Cada presidente que assume vem com o discurso de que fará diferente, mas na prática todos caem na mesma vala comum.
Com o Samir Namur não está sendo diferente. Lembro muito bem de quando fizemos duas entrevistas com ele para a TV COXAnautas. O discurso parecia bonito, e enganou a muitos, inclusive a mim, não nego isso.
O que me chamou a atenção foi principalmente sobre o que foi falado sobre o futebol. As intenções eram boas, e, se colocadas em prática, o Coritiba poderia finalmente sair do marasmo que se encontrava.
Mas não demorou para que tudo aquilo que ouvimos tivesse se tornado pura falácia. Hoje, com quase três anos de gestão, que nada daquilo que foi falado colocou-se em prática.
A demissão do Barroca é o maior exemplo de que no futebol, tudo aquilo que se promete, não se cumpre.
Primeiro que o Barroca não deveria nem ter vindo. Ele pode até ser um bom treinador no futuro, mas para implantar seu modelo de jogo precisa ter elenco, coisa que no Coritiba dificilmente teria.
O primeiro desastre não demorou a acontecer. A eliminação para o modesto Manaus na Copa do Brasil trouxe um grande prejuízo não só financeiro ao clube, mas também técnico e moral. Nesta ocasião, percebeu-se que, não só o treinador, mas também os jogadores, não tinham o menor conhecimento do que aquela competição representava para o futuro do clube na temporada.
Sobrou o campeonato paranaense. A goleada sobre os reservas dos reservas do Athletico iludiu alguns, que disseram que finalmente o “barroquismo” estava dando resultados no Alto da Glória. Mas, as duas derrotas nas finais mostraram novamente o erro em trazer o treinador. Isso sem falar no erro de montagem do elenco, que fica visível a olhos nus.
O início desastroso no campeonato brasileiro só comprovou a tese de que foi um erro ter trazido Barroca. Apesar de não ser o único culpado, o treinador insistia em seu modelo de jogo, mesmo sem ter jogadores capacitados para cumprir as missões que lhe eram dadas. O resultado não poderia ser outro do que as quatro derrotas iniciais, que ocasionaram a sua demissão.
E é justamente neste ponto que eu quero mostrar a falta de coerência da diretoria do Coritiba na demissão do treinador.
Barroca já poderia ser demitido após a derrota para o Manaus, ou então, após a perda do campeonato estadual, ou até mesmo quando perdeu em casa para o Flamengo, quando viu sua equipe ser amassada pelo time carioca, que só não venceu por uma diferença maior de gols, porque ainda está longe do ideal técnico e físico.
Mas a diretoria resolveu lhe dar uma última chance, quando todos nós já sabíamos que a essa chance era apenas uma forma de protelar aquilo que se mostrava inevitável.
E a demissão veio na derrota para o Corinthians, justamente na melhor partida realizada pelo time no campeonato, quando mesmo com um jogador a menos desde os quinze minutos da primeira etapa, conseguiu por um espaço de tempo fazer uma partida digna, que nos desse esperança de que pelo menos lutaria para continuar na primeira divisão.
E o que aconteceria se Yan Sasse não fosse expulso de forma irresponsável e o time vencesse jogando mal, ao contrário do que mostrou no primeiro tempo? Barroca e Pastana seria mantidos apenas por uma vitória?
Isso prova que a coerência passa longe dos dirigentes Alviverdes, que com seu amadorismo vão transformando o Coritiba em um clube de bairro, sem credibilidade alguma na elite do futebol nacional.
Barroca, mesmo com seus erros e insistências sem sentido, foi mais uma vítima dos erros de um diretor de futebol e de uma diretoria amadora.
Enquanto os dirigentes acham que entendem de futebol, o Coritiba, em menos de três anos, vai para o seu oitavo treinador e o quarto diretor. Como fazer futebol deste jeito?
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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