Falando de Bola
A República Popular da China, mais conhecida simplesmente como China, é o novo "Eldorado" do mundo do futebol. A cada ano que passa, cresce assustadoramente o número de jogadores que se aventuram no país asiático.
A China é atualmente o país que mais cresce no mundo, exercendo grande influência política, militar e econômica no cenário regional e internacional graças a fatores determinantes, como grande extensão de seu território (ocupa o terceiro lugar em dimensão), elevadíssimo número de habitantes (cerca de 1,3 bilhão, o mais populoso do mundo) e dinamismo de sua economia (atualmente é a economia que apresenta maiores índices de crescimento em todo o planeta).
Há alguns anos, a China é o país que mais importa produtos brasileiros. Só em 2015, os negócios movimentaram mais de 35 bilhões. Soja, minério e carne foram alguns dos produtos mais vendidos pelos brasileiros ao país asiático. Porém, outra matéria-prima vem chamando atenção dos chineses: jogadores de futebol.
Se antigamente jogadores desconhecidos eram contratados por times chineses, hoje, os principais destaques dos últimos campeonatos brasileiros são os atletas que chegam para atuar pelos bilionários times da terra de Mao Tsé-Tung.
Nomes como Robinho, Renato Augusto, Jadson, Luiz Fabiano, Ralf, Diego Tardelli, Ricardo Goulart, Gil, Paulinho, e mais recentemente o jovem Geuvânio, entre outros, fazem parte do grande número de brasileiros que atuam no futebol chinês.
E a ânsia dos chineses por brasileiros não se restringe apenas a jogadores, mas também a treinadores ( Felipão e Luxemburgo estão por lá), além de outros profissionais como preparadores físicos, observadores técnicos e fisiologistas.
Além dos brasileiros, "gringos" como Marcelo Moreno, Barcos, Montillo e Conca, que tiveram destaque atuando no futebol brasileiro, também optaram pelo "Eldorado Chinês".
O presidente Xi Jinping é um entusiasta do futebol e criou um projeto de incentivo para o desenvolvimento do esporte no país.
Mas de onde surge o dinheiro que vem bancando salários cada vez mais surreais pagos a jogadores de futebol?
A resposta é clara. Está no investimento de grandes empresas chinesas no esporte, que vem chamando cada vez mais a atenção no mercado do futebol. Os clubes funcionam como vitrine para estas grandes empresas, e o grande gasto com a aquisição de jogadores não pesam no orçamento delas.
A contradição é que enquanto os jogadores recebem salários milionários patrocinados pelas grandes empresas, os trabalhadores chineses comuns, funcionários destas mesmas empresas, continuam a trabalhar praticamente como escravos recebendo míseros salários, para produzir produtos que contribuem para a excessiva política de consumismo de grande parte do mercado europeu e das Américas.
Empresas que fabricam produtos para grandes marcas como Apple, Sony, Dell, Nike, Adidas, entre outras não menos conhecidas, costumam violar continuamente a legislação trabalhista, ou melhor, pouco se importam com ela.
Trabalho infantil, trabalho escravo, extenuantes jornadas de trabalho de dezoito horas , dias e dias de trabalho sem uma folga diária, com salários miseráveis e condições de trabalho deploráveis são a tônica vista no gigante que fornece a matéria que alimenta o mundo consumista.
Mas aos olhos do mundo do futebol, o que aparece são apenas os milionários salários dos jogadores e sua importância para o futebol brasileiro.
Ricardo Honório
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