Falando de Bola
O espírito do velho "feiticeiro" Hélio Alves encarnou nos funcionários do Coritiba no dia de ontem.
O time Coxa Branca usou mais de trinta jogadores até a partida de ontem, e mesmo com várias mudanças no time titular, nos dezessete jogos disputados, o time Alviverde tinha conseguido só duas vitórias.
E olha que o Coritiba enfrentou em casa times como Avaí, Ponte Preta, Joinville e Goiás, que lutarão na parte de baixo da tabela, mas não conseguiu ganhar de nenhum deles.
Se os jogadores não estavam resolvendo dentro de campo, o negócio era apelar para a "mandinga".
Sacos e mais sacos de sal grosso foram derramados no Couto Pereira para ver se o time conseguiria chutar para longe o mau olhado, vindo principalmente dos lados da Água Verde.
O espírito de Hélio Alves, com seu charuto e defumação, devia estar acompanhando cada centímetro da "lavagem" feita para cuidar dos mínimos detalhes, de modo que nenhum canto ficasse livre da "feitiçaria".
Na hora do jogo, o clima era tenso no Alto da Glória. A torcida Coxa ressabiada com o time e irritada com a diretoria, estava com o pavio curto e dava mostras que não teria muita paciência. Já a torcida do Palmeiras, formada em sua maioria por paranaenses torcedores de sofá, cantava alto, e tinha plena confiança que seu time sairia com uma vitória do Alto, que um dia já foi de tantas glórias.
Henrique Almeida, em um lindo contra-ataque, tratou de mostrar aos palmeirenses que quem mandava ali era o time do sal grosso, ops, o Coritiba.
O Coritiba seguia bem na partida, marcando firme, com segurança na defesa, e sobrevivendo às jogadas de ataque do adversário. No campo do Palmeiras, tinha espaço para jogar, mas Thiago Galhardo, em noite "adocicada", tratava de matar quase todos os contra-ataques. Digo quase todos, pois no único que acertou, o atacante Henrique quase marcou o segundo gol.
O primeiro tempo acabou 1x0, e o sal deve ter evaporado, pois na volta para o intervalo o Palmeiras chegou ao gol de empate com Rafael Marques.
Silêncio no Alto da Glória, e a sensação de que o Coritiba iria ficar mais uma rodada na lanterna da competição.
Vendo a torcida irritada, xingando o time, o que foi isso, Império?, o espírito de Hélio Alves mais uma vez entrou em ação e jogou sal lá de cima.
A onda de sal grosso enlouqueceu a torcida e fez o Couto Pereira virar um panela de pressão, um legítimo caldeirão de feiticeiro.
E uma porção de sal grosso caiu diretamente na cabeça de Esquerdinha, que com um lindo toque, nunca visto até então, deixou Henrique Almeida na cara do gol para estufar as redes de Fernando Prass, levando ao delírio os Coxas Brancas que estavam no Alto da Glória, e exorcizando todos os fantasmas, zumbis, voodoos, maus olhados que teimavam em continuar assombrando o Couto Pereira.
O estoque de sal grosso do feiticeiro deve ter acabado na noite de ontem, mas é bom que providencie logo outra remessa, pois é preciso agora que ele apareça lá pelas bandas do Maracanã para ver se exorciza de vez os fantasmas que acompanham o Coritiba nas partidas disputadas longe de casa.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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