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Falando de Bola
A relação entre a torcida do Coritiba e o time nesta Série B tem sido marcada por uma curiosa mistura de amor e ódio. Nem mesmo a liderança isolada, com cinco pontos de vantagem sobre o segundo colocado, tem sido suficiente para acalmar os mais críticos. Alguns, saudosistas do futebol de antigamente, seguem lamentando porque o time de Mozart não atropela os adversários como uma colheitadeira em plena safra, esquecendo que o futebol de hoje é completamente diferente daquele do passado.
O jogo moderno é nivelado por baixo, e o preparo físico acabou se sobrepondo à técnica. Um bom jogador, se não estiver em plenas condições físicas, sucumbe diante da marcação intensa do adversário. Neymar que o diga: limitado fisicamente, ele já não é nem sombra do craque que encantou o mundo há poucos anos.
Aos que ainda se irritam com o futebol do Coritiba de Mozart, vale uma reflexão. Este é um time tecnicamente limitado, sim, mas que compensa a falta de talento com muita entrega, disciplina e espírito coletivo. Não por acaso, o Coxa tem uma das melhores defesas da competição, fruto de um grupo que se doa do início ao fim, com a marcação começando lá na frente, pelos atacantes.
É o futebol que eu queria ver no meu time? Provavelmente não.
Mas é o que temos, e é o que está nos levando de forma tranquila e consistente de volta à Série A. Tenho certeza de que os torcedores dos outros 19 clubes da competição gostariam de estar no nosso lugar neste momento.
Não estou plenamente satisfeito com o desempenho, mas estou muito satisfeito com a campanha, ainda que saibamos que alguns pontos deixaram de ser conquistados, principalmente no Couto Pereira.
Se não fomos brilhantes em casa, apenas a sexta melhor campanha como mandante, fora de casa fizemos um baita campeonato. Hoje, somos o melhor visitante da Série B, algo que há tempos não se via. Se antes o Coritiba jogava de pijama longe do Couto Pereira, agora joga de smoking, impondo respeito e fazendo a festa na casa dos outros.
Gostem ou não, esse é o Coritiba que nos deram para torcer, como diz meu amigo Sérgio Brandão. Um time consciente das próprias limitações, mas que sabe exatamente o que faz em campo. E os números comprovam isso.
Muitos dizem que com esse elenco passaremos vergonha na Série A. Calma lá. 2025 ainda nem terminou. O acesso ainda precisa ser confirmado (ainda que as chances sejam de 99,9%), e a Série A só começa em 2026. Até lá, o elenco será reforçado.
Vamos viver o presente, que é bom, e deixar de sofrer por antecipação. Afinal, isso faz mal até pra saúde.
Alguns falam em “sofrimento” para definir o torcer por este Coritiba. Eu discordo.
Sofrimento é torcer para o time de maior orçamento da Série B e ver ele ter que lutar até a última rodada pra subir.
Torcer para o líder isolado, para o provável campeão, é motivo de orgulho, não de sofrimento.
No sábado, teremos a chance de não só confirmar o acesso, mas também conquistar o título em casa.
Eu estarei no Couto. E você?
Saudações Alviverdes!
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