Falando de Bola
Pensei muito antes de escrever este texto. A ausência de um notório conhecimento jurídico em minha pessoa poderia fazer com que eu, na base da emoção, falasse bobagem na elaboração textual.
Quero deixar claro que em nenhum momento questiono o direito do ex-jogador em receber aquilo que pelo que trabalhou, ou então, pelo que julga ter direito. O objeto ou a motivação deste texto não é esse. Errado está quem assinou um contrato e não pagou por aquilo que acordou.
Claramente o que me incomoda é a forma com que Rafinha e seus advogados se utilizaram de uma fragilidade do Coritiba Foot Ball Club para darem o “check mate” em busca dos seus direitos.
Me incomoda também o fato de Rafinha, que dois dias antes foi ovacionado em seu retorno ao Couto Pereira e chegou até a ganhar uma bandeira da torcida organizada, agora na qualidade de ex-jogador, ter contratado um escritório que tem como um dos sócios um colunista de um grande portal paranaense, reconhecido publicamente como torcedor do maior rival do Coritiba e que constantemente se utiliza de suas colunas para expor as deficiências alviverdes, sejam elas dentro ou fora de campo. Só isso já mostra que o “tão declarado” amor de Rafinha pelo Coritiba vai até onde seus interesses imperam. Ele poderia ter contratado qualquer escritório de advocacia, mas dá um tapa na cara de cada torcedor Coxa-Branca, principalmente daqueles que o reverenciam como ídolo, ao contratar o escritório do colunista atleticano.
Mas, cada um com sua consciência, e voltando ao tema do texto, ao tentar impedir o pagamento prioritário do transfer ban, Rafinha mostra claramente que os seus interesses pessoais estão muito acima do dito amor que tem pelo clube, pois sabe claramente que ao ser impedido de registrar novos jogadores o Coritiba pode ser extremamente prejudicado ainda neste Brasileirão, uma vez que é notória a necessidade do clube se reforçar para que ao menos possa brigar para se manter na primeira divisão, fato fundamental para a sua saúde financeira, que consequentemente afetará futuramente os pagamentos acordados na justiça, seja para a quitação do mesmos ou levando até uma inadimplência e quebra de acordos.
Inclusive, entendo que o fato do não pagamento do transfer ban implicará claramente na qualidade desportiva da equipe, que afetará sua saúde financeira futura, podendo levar a juíza responsável pela análise da petição a deferir em favor do Coritiba, uma vez que o clube com uma situação financeira estável poderá quitar seus compromissos conforme acordado, e não o contrário.
Isso mostra também que na ânsia de se aproveitar de uma fragilidade do Coritiba, os advogados do ex-jogador podem ter sido precipitados e pouco inteligentes, pois além de colocarem grande parte da torcida Coxa-Branca contra Rafinha, ainda podem prejudicar o clube financeiramente, pois o impedimento de registro de novos jogadores pode enfraquecer sensivelmente o time e atrapalhar na permanência na primeira divisão.
Não sei onde essa história irá levar, aliás, pode até piorar, pois segundo Rafinha outros jogadores também entraram com uma petição com a mesma finalidade e a curiosidade me aperta em saber se os outros atletas se utilizaram dos serviços do mesmo escritório de advocacia, denotando uma ação orquestrada, mas o fato é que idolatria de alguns torcedores pelo ex-jogador pode se transformar em pó, com Rafinha sendo marcado na história do clube não pela sua passagem dentro de campo, mas sim por ser responsável por uma ação que pode prejudicar sensivelmente o futuro do clube.
Com todo respeito a história de Rafinha com a camisa do Coritiba, no máximo é isso que tenho, mas nunca foi meu ídolo. Sempre achei que se agigantava em jogos pequenos e simplesmente desaparecia em jogos grandes.
E finalizo este texto, que sinceramente não gostaria de ter escrito, pensando no prejuízo que péssimas e contínuas administrações causaram ao Coritiba. Isso sim ficará marcado na história e o prejuízo não será pequeno.
Foto: Igor Barrankievicz
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