Falando de Bola
O ano era 2018. O Coritiba havia caído para a Série B e precisava retornar imediatamente à elite do futebol nacional.
Um mês antes, em dezembro de 2017, Samir Namur havia sido eleito presidente do clube, superando João Carlos Vialle e Pedro de Castro na disputa.
Ao assumir o cargo, Samir começou a implementar uma de suas principais promessas de campanha: a valorização das categorias de base. Para isso, promoveu o técnico do Sub-20, Sandro Forner, ao comando da equipe principal. Sua única experiência como treinador profissional havia sido no J. Malucelli, entre 2013 e 2014.
Com Forner no comando, a equipe principal passou a mesclar jogadores experientes, como o goleiro Wilson, o zagueiro Werley, o volante João Paulo e o atacante Kleber Gladiador, com os jovens da base, vice-campeões brasileiros Sub-20.
Atletas como Marcos Moser, Thalisson Kelven, Romércio, Léo Andrade, Vitor Carvalho, Julio Rusch, Matheus Bueno e Pablo Thomaz ganharam espaço e atuaram com frequência.
A aposta nos jovens levou o Coritiba a escalar, em diversas partidas, uma defesa composta inteiramente pelos Piás do Couto. No entanto, a estratégia não funcionou. Inexperientes e sob enorme pressão, os garotos sucumbiram junto com os jogadores mais velhos. O resultado foi um ano decepcionante, com o Coritiba terminando apenas na 10ª colocação da Série B, frustrando seu principal objetivo.
Além da campanha ruim, a condução desse processo prejudicou uma geração inteira de jogadores que poderia ter rendido retorno técnico e financeiro ao clube. Dos jovens revelados em 2018, apenas Thalisson Kelven, Vitor Carvalho, Léo Andrade e Matheus Bueno atuam fora do Brasil, mas nenhuma das negociações foi vantajosa para o Coritiba. Os demais seguem sem grande destaque no futebol nacional.
Em 2025, a história parece se repetir. O Coritiba conta com talentos promissores na base, mas a forma como está promovendo esses atletas preocupa. Colocá-los todos juntos em partidas profissionais pode resultar, mais uma vez, na queima de uma geração. O ideal seria mesclá-los com jogadores experientes, que possam dar suporte e orientação dentro de campo.
Outro ponto questionável é o fato de os jovens do Sub-20 terem enfrentado adversários mais fortes do que os do time principal — com exceção do Atletiba. Enquanto os garotos jogaram contra Londrina, Maringá e Cianorte, a equipe profissional teve pela frente São Joseense, FC Cascavel, Andraus e Athletico Paranaense.
É compreensível que o Campeonato Paranaense seja utilizado para testes. No entanto, isso não significa que o Coritiba deva entrar em campo com duas equipes completamente distintas — uma formada pelo elenco profissional e outra pelo Sub-20. O ideal seria promover uma integração gradual, equilibrando juventude e experiência.
O resultado desse planejamento já se reflete em campo: o Coritiba perdeu na estreia para o Londrina e sofreu uma goleada para o Cianorte, algo que não acontecia desde 2007, quando foi derrotado pelo ADAP por 4x2.
Testar é fundamental, mas precisa ser feito com responsabilidade. Caso contrário, o Coritiba corre o risco de desperdiçar mais uma geração de bons jogadores.
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