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Ricardo Honório19/09/16, 11h12
Falando de Bola

Quando não complicam, o futebol é simples

"A experiência de vida na grande maioria das vezes traz mais resultado do que anos de estudos e teorias."

Isso já dizia o meu falecido avô, no alto de seu primeiro grau incompleto.

Acho que esta máxima se aplica perfeitamente ao futebol, principalmente ao brasileiro.

Temos visto muitos estudiosos por aí, muita gente se capacitando, fazendo cursos, procurando saber mais sobre o futebol.

É óbvio que isso é importante, afinal quem não se capacita, vai ficando para trás, principalmente no mundo globalizado que vivemos atualmente.

Mas, a experiência nunca pode ser refutada. Existem pessoas que por mais estudiosas e teóricas que sejam não chegarão a um patamar de sucesso, pois lhe falta alguma coisa.

Temos vivenciado isso no Coritiba nos últimos anos. Quantos estudiosos tem passado por aqui, sem obter nenhum sucesso. Gilson Kleina foi o último deles. Um amigo que trabalha no clube me disse que ele passava horas e horas estudando o adversário, procurava sempre estar se capacitando, mas o problema é que na hora do jogo tudo aquilo que tinha sido estudado era praticamente jogado fora, talvez pela incapacidade do treinador em fazer uma leitura correta do adversário e da partida.

E ele não é o único no futebol brasileiro. Temos vários exemplos por aí, alguns empregados, outros tantos desempregados, que encontram dificuldades em se recolocar no cenário nacional.

Carpegiani é o exemplo do outro lado da moeda. Sua vinda para cá foi criticada por muitos ligados ao clube por se tratar de um treinador ultrapassado, na visão destes.

Para eles, os três anos que Carpegiani estava afastado do futebol seria um grande entrave na recuperação do Coritiba.

Esqueceram eles que o treinador Alviverde tem uma grande história no futebol. Foi um grande jogador, fez parte de grandes times de Internacional e Flamengo, e atuou ao lado de verdadeiros craques, onde pode aprender muito.

Levou o Flamengo aos títulos da Libertadores e do Mundial Interclube, dando prosseguimento ao belo trabalho iniciado por Claudio Coutinho.

Comandou a seleção paraguaia na Copa do Mundo da França, levando o time a disputar as oitavas de final, quando transformou o seu sistema defensivo em uma barreira quase intransponível. sendo eliminada pela campeã França em um jogo extremamente disputado.

E Carpegiani está conseguindo fazer no Coritiba o que os poucos que acreditavam em seu trabalho esperavam.

Transformou um time que vinha desacreditado em uma equipe muito difícil de ser batida, apesar dos contínuos desfalques que tem sido obrigado a conviver.

Em dez jogos a frente do Coritiba, está conseguindo afastar o time da zona do rebaixamento, e motivou a torcida classificando o time para as oitavas de final da Copa Sul-Americana.

Colocou garotos da base para jogar e deu confiança a eles. Se quando Ruy e Cesar Gonzales se machucaram o Coritiba ficou sem nenhum meia, hoje o time tem Raphael Veiga e Yan Sasse, duas promessas cada dia mais próximas de se tornar realidade.

Recuperou jogadores desgastados com a torcida como Leandro, hoje titular da equipe e um dos jogadores mais importantes taticamente para o esquema do treinador.

Se repararem, o Coritiba tem usado o mesmo esquema que a grande maioria dos grandes clubes europeus, por exemplo, vem utilizando. A escalação de Juninho ou Wallison Maia na lateral traz a segurança defensiva necessária para que o time possa atacar o adversário, seja pelo meio, ou seja pelas laterais.

Carpegiani não usou apenas o lado teórico como muitos fazem, mas juntou a sua experiência com o tempo que passou estudando, para fazer o Coritiba jogar um bom futebol.

Talvez ainda seja cedo para dizer onde o Coritiba de Carpegiani possa chegar, mas é inegável que a experiência do treinador tem trazido muito mais resultado do que os estudiosos que passaram por aqui.

Saudações Alviverdes
Ricardo Honório

Ricardo Honório

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