Falando de Bola
Ontem nas proximidades do Couto Pereira, voltei no tempo em que ir a um jogo de futebol era um programa familiar.
Ao me aproximar da Mauá, percebia famílias inteiras indo para o jogo. Crianças vestidas de Coritiba, empolgadas por ver seu time jogar. A situação na tabela não era nenhum um pouco motivo de preocupação para aquela meninada.
Eles queriam ver gol, como diz a letra do "Rappa":
"...eu quero ver gol, eu quero ver gol, não precisa ser de placa, eu quero ver gol ô ô ô...
Há quanto tempo não se via tantas famílias indo juntas para o Couto Pereira.
Ontem tinha tudo para ser um dia de redenção para o time Alviverde.
Estádio lotado, torcida motivada apesar da má fase, adversário em situação ruim, enfim vários fatores que juntados, traziam a esperança que o Coritiba venceria o Goiás e subiria na tabela de classificação, dando o primeiro passo para sair da zona de rebaixamento.
O time até iniciou bem a partida e teve uma boa chance logo no início, para delírio da molecada, mas logo as falhas individuais e coletivas apareceram, e o Goiás passou a dominar o jogo e perder um gol atrás do outro.
O Coritiba até que equilibrou a partida no fim da primeira etapa, mas era muito pouco para aqueles que acordaram cedo e vieram empolgados para o Couto Pereira.
Na segunda etapa nada mudou, e o time, que time?, de Ney Franco continuou um amontoado dentro de campo.
Em uma bonita troca de passes ofensiva, coisa que não vemos há muito tempo no time Alviverde, o Goiás chegou ao gol com o meia Lineker, que com a classe do seu xará inglês, estufou as redes do goleiro Wilson e trouxe ares de velório ao lotado Alto da Glória.
Engana-se quem pensou que após sofrer o gol, o Coritiba pressionou o time goiano. O time é tão limitado, tão apático, que continuou com aquele "ar blasé", de quem pouco estava se importando com a história do clube ou com as quase trinta mil pessoas que estavam torcendo por eles.
O empate veio nos acréscimos, mais uma vez, com o "iluminado" Evandro para ao menos alegrar as crianças que estavam no estádio, pois a situação do time nada mudou com aquele gol, já que a lanterna da competição chegaria mais tarde sem dó, com a vitória do Joinville.
Lanterna aliás, merecida, para coroar as trapalhadas daqueles que se apossaram do clube e que novamente prometeram implantar projetos nababescos, mas que no final não passam de moleques inexperientes e vaidosos usando o Coritiba para suas projeções pessoais.
Saí do estádio com uma péssima sensação de que tudo já foi pro ralo, e resta esperar uma nova ascensão para voltar a disputar a Série A em 2017.
Mas será que ainda existe algo a fazer para impedir esta iminente queda?
Matematicamente sim, apesar de que os números conquistados até agora provam que só um milagre salva o Coritiba da segunda divisão.
Porém, como ainda existe a possibilidade de ao menos se garantir na Série A, urge a necessidade de mudanças.
Ney Franco não é o culpado sozinho, longe disso, mas não faz o time ganhar nem em casa, questão básica para manter o time na primeira divisão.
Teve semanas cheias para trabalhar, mas seu time é um amontoado, sem padrão de jogo. Acredito que o próprio treinador perdeu a convicção de seu trabalho, pois faz mudanças durantes os jogos, mas depois desfaz o que fez, tornando confuso até para os próprios atletas as suas orientações.
Pela sua coletiva, após o empate de ontem, deu a impressão que perdeu a motivação para trabalhar no Coxa, o que é perfeitamente compreensível perante a inércia e incompetência daqueles que o dirigem.
E quando um treinador está perdido e desmotivado, e não dá nenhuma mostra de que fará o time reagir, o passo é a sua demissão.
O mesmo deve ser feito com jogadores que não vem rendendo nada e estão passeando dentro de campo.
Norberto, Luccas Claro, Henrique, João Paulo, Helder, Esquerdinha, Lúcio Flávio, dos titulares que jogaram ontem, são atletas que precisam ser substituídos com urgência, pois não estão agregando nada ao time. E tem muito mais para serem "escanteados", provando que o elenco foi muito mal montado.
E a vassoura tinha que fazer uma limpa também fora de campo.
Se culpa muito o Pedroso pela montagem da equipe, aliás quem o vice de futebol atualmente?, porém uma das plataformas de campanha da chapa vencedora era de que tudo no futebol seria decidido por um colegiado.
Sendo assim, é preciso analisar o trabalho executado e responsabilizar os demais funcionários do Departamento de Futebol pelas péssimas contratações. Em uma empresa séria todos eles já teriam sido demitidos pelo prejuízo causado aos cofres.
Mas pela passividade demonstrada pela diretoria, é esperar demais que medidas sejam tomadas enquanto ainda há tempo.
O Coritiba tem um turno inteiro para tentar uma reação, mas se nada for feito, o time jogará a segunda etapa do campeonato brasileiro aguardando apenas a confirmação do rebaixamento.
Saudações Alviverdes
Ricardo Honório
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